O Homem Que Seduziu A Mona Lisa. Dionigi Cristian Lentini

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O Homem Que Seduziu A Mona Lisa - Dionigi Cristian Lentini

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de Roma nos confrontos de Ferrara e Mântua. Ao mesmo tempo, gozando da hospitalidade dos patrões da casa e com livre acesso aos refinados ambientes do palácio, o vigoroso rapaz não podia permanecer insensível aos chamados das jovens cortesãs que desfilavam sugestivas para ele.

      III

       Alessandra Lippi

O encontro com Pietro Di Giovanni e a paragem de Prato

      Nos primeiros sinais da aurora mantovana, Tristano, sua jovem amante nos braços de Morfeu, voltara ao quarto há pouco; ele tentava conceder-se um merecido descanso quando uma voz insistente sob a janela o trouxe para a realidade:

      – Excelência… excelência… Meu Mestre…

      Um soldado com um pequeno pergaminho em mãos exigia sua atenção urgentemente.

      A missiva estava claramente em sigilo papal e ordenava que Tristano voltasse a Roma o quanto antes.

      Assim, sem sequer esperar notícias do campo de batalha, o oficial pontifício devia deixar a cidade de Virgílio com sua escolta, mas não sem antes redigir duas rápidas mensagens: uma para o marquês Frederico, pedindo desculpas pela partida improvisada e confirmando o apoio do Santo Padre nos confrontos dele e do duque de Ferrara; a outra para sua Beatriz, agradecendo por compartilhar tão generosamente aquela noite e desejando que encontrasse aquele sonhado amor que seu prometido nunca pôde dar.

      Cavalgou sem parar todo o dia, parando apenas em Bolonha para alimentar os cavalos, antes de atravessar o Apenino Emiliano ao redor de Florença.

      No dia seguinte, atravessando um compacto e silencioso faial, o disparar de uma balestra cruzou o caminho do jovem, fazendo um bando de tordos e toutinegras alçar voo. Enquanto Tristano e seu grupo instintivamente puxavam as rédeas dos cavalos e pegavam nas armas, um cavalo marrom, exausto e sangrando pelo garrote, cortou a frente enlouquecido. Um homem e uma jovem cambaleavam em cima dele. Logo depois, outros quatro cavaleiros, e depois mais dois, claramente seguindo o primeiro.

      Por impulso, o audaz embaixador decidiu unir-se à caça no denso bosque, forçando sua escolta a fazer o mesmo.

      Assim que o bosque se abriu em uma clareira em declive, os três desaceleraram e, escondendo-se, tentaram compreender à distância o que acontecia.

      O cavalo marrom havia caído; os dois jovens, no chão, tentavam em vão proteger-se em uma pequena cabana abandonada, mas já haviam sido alcançados e capturados; dois dos captores estavam desmontados e com espada em riste, enquanto os outros quatro cercavam a barraca.

      Enquanto sua protegida usava toda a força para tentar abrir aquela porta velha, o homem, unus sed leo, preparava-se para enfrentar os dois capangas com uma forquilha. Apesar da evidente desvantagem numérica, conseguiu parar um deles com um chute na barriga, voltou-se de chofre para o outro, esquivando-se da espada, agarrou-a e enfiou-a no flanco. Obtida uma arma, olhou rapidamente para a mulher, no meio-tempo cercada pelo resto do bando, e retomou a luta com o primeiro brutamontes, conseguindo desarmá-lo e rendê-lo, apesar de seu tamanho. Enquanto isso, o desesperado grito de ajuda de sua companheira exigiu sua atenção; ao virar-se para a mulher, lançou a espada contra o peito do bruto que os atacava, mas recebeu uma flecha de balestra nas costas do último cavaleiro ainda montado; não pôde fazer mais nada depois que outras duas acertaram suas costas, e os vilões prenderam-no em uma malha metálica similar à usada na caça, atirando-o no chão e imobilizando-lhe subitamente os membros com uma cinta.

      – Não, Pietro… – gritou a jovem desesperada – deixem-no! Sou eu quem vocês querem – rebentando em lágrimas.

      – Parem – mandou aquele que parecia ser o chefe – não terminem logo. – E, apontando para a pobrezinha, continuou – primeiro nos divertimos um pouco.

      – Malditos – gritou o homem rendido, que se contorcia inutilmente – canalhas, covardes, filhos da mãe!

      A besta pegou a menina aterrorizada pelo cabelo e, arrancando o vestido, prendeu-a contra a parede da cabana, imobilizando-lhe os braços e, enquanto os outros dois amarravam-lhe as pernas com uma corda, baixou as calças, enfiando-lhe um pano na boca para abafar os gritos.

      Naquele ponto, Tristano, não podendo manter-se indiferente a tão execrável violência, decidiu finalmente intervir: saiu com os seus do esconderijo e, irrompendo, atirou-se heroicamente contra aquela hedionda matilha de hienas lascivas. Os estupradores, mesmo com baixas, continuavam em número superior e não foram surpreendidos: a tensão aumentou novamente. No entanto, enquanto um dos agressores colocava as calças, Tristano reconheceu na barra da capa o emblema dos Médici e, antes que os atiradores preparassem suas balestras, alçando a mão ao céu, intimou-os:

      – Parem, ordeno-lhes em nome do senhor Lourenço de Médici. – E regiamente estendeu o braço à frente, depois à direita e à esquerda, contra cada um dos quatro homens – Tenho 25 homens em minha companhia prontos para prendê-los e entregá-los às galés de meu amigo Lourenço – respondeu.

      O maior de todos, então, reconhecendo no anel o emblema de seu senhor e temendo as sérias repercussões, ordenou que baixassem as armas; tentou também esboçar justificativas para o ocorrido, mas Tristano interrompeu-o imediatamente:

      – Vá embora, delinquente.

      Os quatro, sem mais ordens, montaram no cavalo e desapareceram no faial.

      Os soldados pontífices, ainda incrédulos de como o jovem oficial resolveu a questão, soltaram rápido os jovens e, enfaixando as feridas como puderam, carregaram-nos até o dorso de um cavalo.

      Retomou-se então o caminho enquanto o sol começava a baixar à direita.

      De noite, chegaram em Prato, onde Tristano conhecia alguém que talvez pudesse cuidar dos dois feridos, permitindo-lhes continuar o quanto antes o trajeto para Roma.

      Nos arredores da praça do Duomo, duas meninas acabavam de dar um pedaço de pão a um pobre pedinte com frio e se preparavam para voltar para casa. Tristano saltou de súbito do cavalo e, apontando para as duas jovens, exclamou:

      – Alessandra!

      A mais magra das duas voltou-se de chofre, observou um momento quem ousava chamar seu nome àquela hora e, confirmando com a vista a sensação que aquele som provocou em suas recordações, respondeu:

      – Tristano.

      Correu rápido a seu encontro e, livre de qualquer convenção ou inibição, como se estivesse entre jovens que já viveram de tudo juntos, envolveu os braços no ombro dele, estreitando de leve os olhos e apertando a cabeça no peito do inesperado forasteiro.

      Alessandra era a graciosíssima filha da senhora Lucrécia Buti e do falecido pintor florentino Filippo Lippi. Sua mãe, um dia irmã Lucrécia, tornou-se freira no monastério de Santa Catarina, obrigada pela família a uma clausura forçada. Seu pai, capelão do convento no mesmo monastério, havia sido reconhecido em vida como um dos melhores pintores de seu tempo e, portanto, frequentemente, incumbido, pelas hierarquias eclesiásticas e pelas famílias mais abastadas, de retratar obras importantíssimas, sobretudo de temas bíblicos e hagiográficos. Foi durante um desses trabalhos que os dois se conheceram. A atração foi inevitável e irreprimível… ela muito bela e sensual, ele muito carismático e sensível: os dois religiosos apaixonaram-se perdidamente. A relação pecaminosa entre os sacros muros do convento durou algum tempo, durante o qual irmã Lucrécia se oferecia de modelo para alguns retratos de frei Filippo, até que este, durante a procissão do Cinto de

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