O Homem Que Seduziu A Mona Lisa. Dionigi Cristian Lentini

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O Homem Que Seduziu A Mona Lisa - Dionigi Cristian Lentini

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terminou e, um após o outro, os comensais abandonaram o exitoso banquete.

      Tristano já estava no pátio quando um pajem se aproximou com um bilhete  dobrado…

      "As obras de meu Melozzo estão no salão do piso nobre".

      E assim como não pôde recusar o convite do filho do papa, não podia de forma alguma recusar o de sua estimada nora. Voltou para dentro e seguiu o empregado até o piso superior, onde esperou impaciente o momento em que poderia finalmente desatar aqueles longos cabelos louros, sob os quais descobriu a intensidade dos lábios, escarlates como as feridas das inúmeras misérias humanas.

      Catarina tinha uma psique complexa… e a complexidade da psique de uma mulher um bom sedutor sabe observar melhor em duas circunstâncias: no jogo e entre os lençóis.

      Até a aurora do novo dia, não se poupou, nem mesmo quando confidenciou a Tristano, entre lágrimas, as violências sofridas desde criança.

      – Às vezes os segredos só podem ser confiados a um estranho – disse.

      Logo depois, começou sua comovente narrativa:

      – Não era eu a esposa prometida a Girolamo Riario: estava tudo acertado para que fosse minha prima Costanza, à época com onze anos de idade, quem se uniria diante de Deus àquele animal raivoso. Na véspera do casamento, porém, minha tia Gabriela Gonzaga exigiu que a consumação da legítima união apenas acontecesse após três anos, ao chegar a idade legal da pequena Costanza. Diante de tais condições, Girolamo, furioso, anulou o matrimônio e ameaçou terríveis repercussões contra toda a família pela grave humilhação sofrida. Foi assim que, como se faz com um anel danificado, meus pais substituíram-me pela prima recusada, consentindo a todas as exigências do despótico esposo. Eu tinha apenas dez anos.

      Tristano, chocado, apenas a abraçou com força e enxugou as lágrimas que escorriam pelo rosto.

      VI

       O cerco de Otranto

Ahmed Paxá e a liga contra os turcos

      Depois de alguns dias, arranjados os últimos detalhes, o incansável mandatário pontifício partiu para Nápoles.

      Acompanhando-o na secreta missão estava o valente Pietro, plenamente recuperado e ansioso para ver a cidade partenopeia de que seu pai lhe havia tanto falado quando era jovem.

      Para Tristano, não era a primeira vez e, após as insistências um tanto impertinentes de seu servente, começou a contar dos ocorridos de quase três anos antes:

      – Eu estava tão animado e curioso quanto você agora. Pense, eu só conhecia Nápoles por um velho mapa beneditino desenhado para mim pelo meu falecido avô, para mostrar onde minha mãe havia prestado serviço à corte quando jovem.  Acompanhei o Frade Roberto, meu mestre e guia, que à época era conhecido como Frade Roberto Caracciolo da Lecce, até a maravilhosa capela real de Nápoles, e juntos advertimos o rei Fernando de Aragão do iminente perigo turco nas costas orientais.

      Uma enfática carta do Grão-Mestre dos Cavaleiros Hospitalários havia informado o pontífice sobre a tentativa da República de Veneza de pressionar os otomanos a realizar uma expedição contra a península italiana, mais especificamente no Reino de Nápoles. Obviamente, isso, causava indizíveis preocupações não apenas aos aragoneses, mas a todo o cristianismo.

      No entanto, Ferrante (nome que os súditos davam ao rei Fernando), não apenas se manteve alheio aos avisos sobre os turcos, mas logo ordenou, irresponsavelmente, a remoção de 200 cavaleiros de infantaria de Otranto para lançá-los contra Florença.

      Assim, o grão-vizir Ahmed Paxá, depois de uma tentativa frustrada de tomar a Ordem dos Cavaleiros de São João de Jerusalém, aportou sem problemas com sua frota na costa de Brindisi, voltando sua atenção para a cidade de Otranto. Logo enviou seu mandatário àqueles brancos muros, garantindo a vida do povo de Otranto em troca da imediata rendição incondicional. O povo, no entanto, não apenas recusou as condições do mensageiro turco, mas desastrosamente o mataram, provocando a previsível ira do feroz Ahmed Paxá.

      No verão, os turcos irromperam na cidade como feras sedentas de sangue e em poucos minutos destruíram tudo que se opunha a eles.

      A catedral foi o único refúgio para mulheres, crianças, velhos, homens com deficiências, moradores aterrorizados, o último bastião onde se proteger quando todas as outras defesas haviam caído: os homens reforçaram os portões, as mulheres, com os filhos nos braços, em fila ao longo da cosmogônica árvore da vida, pediam aos religiosos a última comunhão… e, como os primeiros cristãos, exaltavam a Deus com um triste canto litúrgico à espera do martírio; a cavalaria arrombou o portão, os demônios lançaram-se, viraram-se contra a multidão sem fazer qualquer distinção; o arcebispo ordenou em vão que os infiéis parassem, mas foi ignorado, ferozmente golpeado e decapitado junto com os seus; nem mulheres ou crianças foram poupadas daquela cega fúria homicida. Mulheres nobres saqueadas e desnudadas, as mais jovens estupradas repetidamente na presença dos próprios pais e maridos amarrados pelo pescoço, mortas antes na honra e na alma que no corpo. Da catedral, a mais cruel e hedionda violência espalhou-se por toda a cidade. Num primeiro momento, oitocentos homens conseguiram fugir para uma colina, mas mesmo eles foram presos pelo exército do bárbaro chefe e passados um a um pelo fio da cimitarra. A população foi abominavelmente exterminada: dos cinco mil habitantes, ao fim do dia contavam-se apenas algumas dezenas, poupados sob a condição de converter-se ao Corão e pagar a incrível quantia de trezentos ducados de ouro.

      Apenas quando essas execráveis notícias chegaram à corte, Ferrante compreendeu o enorme erro que cometeu e decidiu confiar a reconquista daquelas terras a seu filho Afonso.

      Paternalmente, o Santo Padre escreveu a todas as senhorias da Itália, pedindo-lhes que botassem as rivalidades internas de lado para formar uma frente única contra a ameaça otomana e, em troca, concedeu aos aderentes da liga cristã a indulgência plenária. Dada a gravidade da situação, a Cúria disponibilizou 100.000 ducados para a construção de uma frota de 25 galés e o equipamento de 4.000 soldados de infantaria.

      Ao apelo de Sisto IV responderam, além do rei de Nápoles, o rei da Hungria, os duques de Milão e Ferrara, as Repúblicas de Gênova e Florença. Como era previsto, nenhum apoio chegou de Veneza, que no ano anterior havia firmado um tratado de paz com os turcos e não podia permitir-se parar mais uma vez as rotas comerciais com o oriente.

      Apesar da tardia, mas imponente mobilização cristã, os otomanos não apenas conseguiram manter sob seu controle a Terra de Otranto e parte da Terra de Bari e Basilicata, mas estavam prestes a voltar seu exército para o norte sobre a Capitanata, e para o oeste sobre Nápoles.

      Foi graças a nossa diplomacia que se conseguiu interceptar uma mensagem de Maomé II na Anatólia; oportunamente modificada e acondicionada, entregamos a Ahmed Paxá por um espião nosso. O capitão turco mordeu a isca: com dois terços de seu exército, deixou Otranto temporariamente e embarcou para Valona; durante a travessia, foi cercado pelas naves da liga cristã e finalmente, depois de meses de conquistas e vitórias, sofreu uma derrota devastadora, pesadíssima, tão grande que foi obrigado a fugir em uma pequena embarcação na Albânia.

      A notícia da vitória naval e, ainda mais, da terrível fuga do chefe bárbaro, reergueu a moral dos napolitanos e seus aliados… o duque Afonso conseguiu reorganizar um discreto exército de mercenários apoiados também pelos outros senhores católicos, que agora viam a reconquista de Otranto e da Apúlia como uma possibilidade. A Espanha enviou 20 naves, e a Hungria, 500 soldados escolhidos.

      Foi um dos mais imponentes cercos

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