Para além da verdade. Robyn Donald

Чтение книги онлайн.

Читать онлайн книгу Para além da verdade - Robyn Donald страница 3

Автор:
Серия:
Издательство:
Para além da verdade - Robyn Donald Sabrina

Скачать книгу

      Bobo Link, a sua marchant, deixou escapar um suspiro.

      – Não podes ficar toda a vida escondida.

      – Não estou a esconder-me – replicou Rowan.

      – Viver como uma eremita em Kura, trabalhando como uma escrava num café deprimente, recusando-te a sair ou a ver alguém… Não se chama a isso esconder?

      – Tenho muito trabalho. Queres vender os meus trabalhos de cerâmica e…

      – Então sai e vende – interrompeu-a Bobo, a sua sincera e brutalmente honesta representante artística. – Estás linda… os olhos e a boca ficaram estupendos. Se bem que ainda há bom material para trabalhar, é verdade.

      – A verdade é que não me reconheço… A mim não me fica bem vendê-lo, tu é que deves fazer isso.

      – Parvoíces. Toda a gente quer conhecer o autor das obras que compra e tu és um presente do céu, Rowan. Além de uma grande artista, és linda e ficas genial nas fotografias.

      – Não sou uma top model – protestou ela.

      Bobo suspirou de novo.

      – Não te preocupes, o teu trabalho destaca-se por si mesmo. Mas Frank fez uma crítica fantástica no jornal, que seria um verdadeiro desperdício não explorar… não a usar. És um génio, mas os jarrões não se comem. E se não queres continuar a ser criada toda a vida, será melhor que apareças esta noite na exposição.

      Rowan olhou-se no espelho, pensativa. Vestia uma blusa de seda preta e uma saia comprida de cabedal que lhe tinha emprestado a sua agente. Tinha de reconhecer que estava muito bonita, mas…

      – Está bem, vou. Mas não posso vestir esta blusa tão transparente… o meu peito não está à venda!

      Bobo ergueu os olhos ao céu.

      – O teu pai tem de responder a muitas coisas. Não se vê nada…

      – Claro que vê! Aliás, está tudo à mostra!

      – Bem, só se alguém olhar muito de perto… Mas agora usa-se assim. Eu visto essa blusa muitas noites.

      – Tu irias para a rua nu, se te deixassem – riu-se Rowan. – E se vestisse um sutiã?

      – Ridículo. Parecerias uma sopeira.

      – Pois assim vestida não vou.

      Lamentando-se, Bobo tirou uma camisola de seda preta do guarda-roupa.

      – Os sacrifícos que tenho de fazer… Veste isto por baixo.

      – O que é?

      – Uma camisola, parva. Assim não se verá nada.

      – Não te mereço – sorriu Rowan, vestindo a camisola. Depois voltou a olhar-se ao espelho. – Ah, agora sim.

      – É verdade, não me mereces. Mas ficarás linda assim que deixares de te lamuriar.

      – Não me estou a lamuriar.

      – Claro que estás! O teu pai devia ser uma pessoa maravilhosa, mas educou-te como uma freira. Era demasiado conservador… não te aborreças, mas tenho de te dizer isto. Tens um aspecto tão sexy, tão perverso… e mais pareces o capuchinho vermelho.

      – O capuchinho vermelho?

      – Sim, isso mesmo. E como vais reconhecer o lobo se não espevitares? – suspirou Bobo, abraçando-a.

      – Como? – questionou-se Rowan.

      Tony tinha sido o único homem da sua vida e depois, traumatizada pelo caos que aquela relação tinha gerado, decidiu concentrar-se no seu trabalho, para o qual canalizava toda a sua energia criadora.

      – Esta noite não és Rowan Corbett, artista eremita. És Rowan, uma mulher misteriosa e sofisticada cujos trabalhos dentro de pouco tempo serão comprados a peso de ouro… e eu levarei dez por cento! Por isso vamos, temos muito para vender!

      Meia hora mais tarde, com uma taça de champanhe na mão, Rowan olhava à sua volta procurando ver todos os convidados em roupa interior.

      Mas não a ajudou nada. Continuava assustada. Não deveria ter deixado que Bobo a convencesse. Todas aquelas pessoas vestidas com roupa desenhada por estilistas da moda, tão sofisticadas, tão risonhas… punham-na nervosa.

      Quando olhou para a taça de champanhe vazia, apercebeu-se de que tinha bebido mais que o suficiente para se poder comportar como deveria. Além disso, tinha vinte e sete anos e deveria ter uma atitude de mulher adulta. E, se não sabia fazê-lo, já estava na hora de aprender.

      – Querida, quero apresentar-te a alguém – ouviu a voz de Bobo atrás dela.

      Pelo tom, percebeu que esse «alguém» deveria ser um comprador e voltou-se com um sorriso nos lábios.

      – Sim…

      – Rowan, apresento-te Wolfe Talamantes.

      Como se estivesse suspenso por qualquer coisa, Rowan deparou-se com um homem altissímo… perigoso. Era muito bonito, com feições de pirata, mas o seu potente magnetismo vinha de dentro, não era causado por uma herança genética fortuita.

      O pânico aumentou então, mas sorriu nervosamente ao recordar a sua conversa com Bobo. Wolfe. Lobo em inglês… sem o «e», obviamente.

      Ele franziu o rosto ao vê-la sorrir. Tinha o nariz em forma de linha recta… ou devia tê-lo tido antes de lho partirem. Mas em vez de o desfear, aquilo tornavo-o mais atractivo.

      – Sim, eu sei. É um nome raro.

      Tinha uma voz rouca, muito masculinizada. Uma voz que a fazia sentir um calafrio. À partida, era a voz do lobo.

      – Não, não, desculpe. É que tenho um cão que se chama Lobo.

      – Um caniche?

      – Não, um pastor-alemão.

      – Rowan, o senhor Talamantes está interessado no número quarenta e sete. O jarrão verde.

      – Ah, fico muito contente.

      – Tem muito talento, Rowan – disse ele, apertando-lhe a mão.

      Era absurdo, mas tinha a sensação de que estava a fazer amor… contra a sua vontade, forçada por um desejo maior que a formidável vontade do homem.

      – Obrigada – murmurou, engolindo a saliva.

      Aquele homem tinha um enigma masculino, uma força que a envolvia como se quisesse engoli-la. A arrogância, o tamanho, a força dos seus músculos, faziam-na sentir receio e curiosidade ao mesmo tempo.

      – Desculpem-me! Tenho de ir falar com outra pessoa – disse Bobo, retirando-se.

      Wolfe sorriu.

      –

Скачать книгу