Para além da verdade. Robyn Donald

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Para além da verdade - Robyn Donald Sabrina

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que a tensão aumentasse.

      Quando o empregado se afastou, Wolfe levantou a taça.

      – Ao futuro.

      – Ao futuro – sorriu Rowan, tomando um gole. Era delicioso. Sabia a felicidade, a sonhos, a sorrisos e a luz do Sol. – Lamento ter-me rido do seu nome. É que achei graça.

      – E de onde saiu o seu?

      – Rowan? É o nome de uma planta, como rosa e violeta.

      Wolfe concordou, pensativo.

      – Eu sei. Também se chama sorveira. Uma árvore que dá bagas e flores em todas as estações.

      Olhava-lhe para os seios, marcando-os com o calor dos seus olhos. Não era um olhar lascivo, mas sim impessoal. A sua indiferença confortava-a e decepcionava-a em partes iguais, confundindo-a ainda mais.

      – A minha mãe apaixonou-se por essa árvore durante a lua-de-mel.

      – Em Inglaterra plantam-nas para se protegerem das bruxas – Wolfe sorriu.

      – Deve lá haver muitas bruxas. Aqui faz tanto calor, que não podem crescer.

      – Que fazem às bruxas no norte?

      Rowan julgou ter detectado qualquer coisa nas suas palavras, algo tão perturbador como o calor dos seus olhos.

      Então assustou-se. Mas o senso comum disse-lhe que Wolfe Talamantes não era o tipo de homem que ficasse obcecado fosse pelo que fosse. A autoridade natural que emanava dele era aquilo que Tony não tinha e tentava imitar com um comportamento alucinado.

      – Bruxas? Ah, no norte aprendemos a viver com elas. Qual é a origem do seu nome?

      – Já tem várias gerações na minha família. A minha mãe esperava que acrescentando-lhe um «e» aparentasse ser mais nobre…

      – De facto, imprime-lhe mais personalidade – Rowan sorriu.

      Lobo era sinónimo de ferocidade e violência. E Wolfe Talamantes, apesar do seu elegantíssimo fato e maneiras requintadas, era mais parecido com um lobo.

      Ninguém consegue ter êxito no mundo dos negócios sem usar métodos pouco civilizados. Para o conseguir não podia ter escrúpulos, havia que ser implacável. A sua experiência, ainda que limitada, com homens ricos tinha-a ensinado que usavam sempre o dinheiro como uma arma.

      Sentiu novamente um arrepio. Mas ignorou-o porque, que podia fazer Wolfe Talamantes?

      Nada.

      Depois de terminado o jantar, despedir-se-ia e voltaria para o apartamento de Bobo. No dia seguinte regressaria à baía de Kura e nunca mais o veria. Rowan bebeu um pouco mais de champanhe e fez um brinde silencioso à sua liberdade.

      – Gosta do champanhe?

      – É muito bom.

      Por que não aproveitar aquela noite? Quem a impediria? Não era culpa de Wolfe que lhe recordasse Tony.

      Ele sorriu também. Um sorriso enigmático.

      Por fim chegaram os pratos. Tinham um aspecto delicioso e um sabor divinal também. Enquanto comiam, falaram sobre teatro, cinema, literatura e até acerca das suas vivências no Japão.

      Wolfe tinha viajado muito. Tibete, Europa, México, onde ia visitar a avó. Falava com carinho e respeito acerca do país e de como era interessante conhecer outras culturas. Por baixo do seu sarcástico sentido de humor e do seu jeito para contar histórias, Rowan apercebeu-se de que ele possuía uma formidável formação intelectual. Não era um homem a quem se pudesse desafiar. Se bem que ela não pensasse desafiá-lo. Só queria afastar-se do seu caminho.

      – Eu também gosto de viajar. Mas mal saí da Nova Zelândia.

      – Teve a rara experiência de viver vários anos noutro país. Nem toda a gente tem essa sorte.

      – Bom, é verdade. Foi um privilégio.

      – Quando tempo demorou a aprender japonês?

      – O meu mestre não sabia uma palavrinha em inglês e, por isso tive de aprender rapidamente. Passado um ano já conseguíamos comunicar. Fala espanhol?

      – O meu pai falava espanhol connosco, cresci numa família bilingue.

      – Mas a sua mãe era americana, não?

      – Sim. Ela aprendeu espanhol para agradar ao meu pai – explicou ele, com um olhar estranhamente frio. – Quando volta para casa?

      – Amanhã.

      Wolfe assentiu com a cabeça.

      Rowan tentou sorrir, mas sentiu-se estúpida por ter ficado tragicamente decepcionada pelo desinteresse do homem.

      – Agora percebo porque é que este restaurante está na moda. A comida é deliciosa.

      – Formidável – respondeu ele, em tom irónico. A orquestra de jazz começou a tocar uma melodia suave, muito sensual. – Quer dançar?

      – Não, obrigada – recusou ela.

      Sem contar com o aperto de mão, não lhe tinha tocado… e pretendia continuar assim, ou talvez não quisesse, mas teria de ser assim. Aquele estranho canto de sereia estava a transformá-la numa mulher tão consciente do seu corpo, que quase vibrava de desejo.

      Dançar com Wolfe Talamantes seria demasiado perigoso.

      Munindo-se de toda a sua força de vontade, Rowan conseguiu manter a compostura. Além disso, era agradável, ocasionalmente cáustico, mas sempre muito educado. E se notava a química feroz que havia entre eles os dois, ignorava-a. Como ela tentava fazer.

      Mas não foi por acaso que declinou uma segunda taça de champanhe. Precisava que todos os seus neurónios estivessem a funcionar para continuar com aquela fantochada.

      Terminado o jantar, levantaram-se. Wolfe tomou-lhe o braço e esse toque teve o efeito de uma queimadura. Mas tentou dissimular.

      Quando saíram do vestíbulo, fixou-se numa mulher alta que falava com um grupo de pessoas. Era magra, tinha cabelo branco e perfil aristocrático…

      Rowan ficou paralisada.

      E quando a mulher começou a voltar-se para eles, desatou a correr, aterrorizada.

      Era a mãe de Tony.

      – Onde vai? – perguntou Wolfe, surpreendido.

      – Tenho de ir à casa de banho – explicou, procurando controlar os nervos. Mas a mãe de Tony poderia segui-la até ali…

      – O elevador – disse por fim.

      Levou-a pelo braço até outro vestíbulo e tirou do bolso um cartão magnético que abria as portas de um elevador privado.

      Rowan entrou apressadamente, esperando que a senhora Simpson

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