A meio da noite - Segura nos seus braços. Margaret Way

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A meio da noite - Segura nos seus braços - Margaret Way Omnibus Bianca

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e suspirou sem se aperceber.

      A dormir, parecia um ser angélico. Tinha o cabelo um pouco comprido e havia sempre uma madeixa que lhe caía sobre a testa. Muitas vezes, acordara de manhã, sorrira e afastara-a da sua cara. Custou-lhe enormemente conter-se para não repetir o gesto.

      Tinha de sair dali. Já. Antes que esquecesse todas as razões pelas quais Nick Hughes não devia permanecer a um raio de dez quilómetros do seu coração.

      Pegou na sua mala e fechou a porta. Momentos mais tarde, vestiu o casaco, o cachecol e as luvas e partia rua abaixo. Fevereiro em Londres era invariavelmente um mês húmido e frio, e nessa noite não queria afastar-se da tendência dominante.

      Deu por si à frente da casa de Mona. A sua vida, que se mantinha num equilíbrio precário, acabava de cair por um precipício e precisava da sua melhor amiga. Mona abriu a porta com um bebé apoiado na anca.

      – Meu Deus, Adele! O que aconteceu?

      – É Nick.

      Mona pôs uma mão na boca.

      – Ele…? Houve um acidente?

      – Não. Pior.

      – Pior do que cair por uma montanha?

      – Não sei se esteve a fazer alpinismo ou não, mas sei onde está neste preciso momento. O meu marido, amante de desportos de risco, está bem vivinho e a dormir na nossa cozinha… na minha cozinha.

      Mona franziu o sobrolho e abraçou Adele num gesto súbito e inesperado.

      – É melhor entrares e contares-me tudo do início.

      Quando Adele se afastou, tinha baba do bebé na lapela do seu casaco. Acariciou a cabeça da sua afilhada e deu-lhe um beijo. Depois, deixou que Mona a conduzisse para a sala.

      – Apareceu de repente.

      – Sem aviso prévio?

      – O quê? Nick? O homem que é tão mau a fazer planos de futuro que nem sequer é capaz de decidir o que comer para o jantar, mesmo quando tem fome?

      Mona deixou Bethany no chão e deu-lhe um chocalho para que se entretivesse.

      – O que quer?

      Adele encolheu os ombros.

      – Quem sabe? Tentei perguntar-lhe mas ficou como… costuma ser comigo. Diz que quer conversar.

      – Sobre quê?

      Adele suspirou.

      – Suponho que pode ter voltado para pedir, tu sabes… o divórcio – murmurou. – Isso explicaria porque não o explicou logo. Nem sequer Nick apareceria nove meses depois e…

      – De facto, nove meses e meio.

      Adele fechou os olhos fugazmente e abanou a cabeça.

      – Bom, sejam quantos forem. Nem sequer Nick apareceria e diria: «Olá, querida, estou em casa… e, a propósito, já passaste à história».

      Mona assentiu.

      – É claro, primeiro quereria entrar – Mona dedicou-lhe um olhar de curiosidade. – Por favor, não me digas que o queres de volta!

      Deveria ter saído uma resposta automática da sua boca. Um firme «não, claro que não. Nem num milhão de anos». Em vez disso, fechou os olhos e esfregou os lados da cara.

      – Adele?

      – Pensei que queria que se fosse embora para sempre. Era uma decisão fácil quando estava a milhares de quilómetros de distância, mas agora voltou e… não sei… O divórcio parece tão… definitivo.

      – Não te atrevas a deixar que te convença com aquele encanto juvenil, Adele!

      – Claro que não!

      – Ora! Estás a fraquejar. Vejo-o daqui. Já te esqueceste de como te tratou quando partiu?

      Não, não o esquecera. Recordava até ao último detalhe do dia em que largara a bomba.

      O seu trabalho como técnico de efeitos especiais para filmes para a televisão e para o cinema começara a dar lucros depois de anos de instabilidade.

      Depois de alguns anúncios de sucesso para a televisão, tinham-lhe pedido que fizesse os efeitos especiais para um filme independente de baixo orçamento. Contra o esperado, o filme fora um sucesso de bilheteira e o nome de Nick fora inscrito com firmeza no mapa. Ambos tinham ficado mais do que satisfeitos naquele momento. Ela até conseguira suportar o estranho horário e o facto de ele poder desaparecer durante dias seguidos para regressar de madrugada sem dizer nada. Se soubesse o que toda aquela situação provocaria, talvez não se tivesse mostrado tão encantada.

      Um dia, ele entrara no seu escritório e, com um sorriso enorme, dera-lhe a grande notícia: tinham-lhe oferecido um trabalho num grande projecto de Hollywood, um filme de ficção científica, e dispunha de cinco dias para fazer a mala e partir para a Califórnia para conhecer os produtores. Se gostassem das suas ideias, começaria quase imediatamente.

      Nesse momento, as coisas tinham começado a correr realmente mal. Nick estivera tão ocupado nos meses seguintes, que Adele se sentira como se voltasse a ser solteira. Muitas vezes, a única prova de que ele voltara para casa quando acordava de manhã eram os planos para o dispositivo seguinte que construiria rabiscados nas margens de um dos seus cadernos.

      E depois quisera que deixasse o seu negócio para trás e se mudasse para meio mundo de distância com um telefonema improvisado. Como se mais nada importasse, quando pela primeira vez na vida ela tinha raízes. Um lar. Um objectivo. Sob nenhuma possibilidade pensara em atirar tudo o que alcançara pela janela por um capricho. Fora o momento de pôr o travão.

      Tiveram uma grande discussão. De facto, a pior que alguma vez tinham tido… Mesmo assim, quando ela gritara: «Vai-te embora e leva esse trabalho estúpido contigo se o consideras tão importante!», não esperara que a ouvisse e entrasse naquele avião.

      A voz de Mona devolveu-a ao presente.

      – Vá lá, tens de ser forte.

      – Eu sou forte – baixou a cara. Pelo menos queria sê-lo. Mês após mês a fingir que estava bem sem Nick fora muito cansativo.

      O marido de Mona fora-se embora quando o segundo bebé chegara, apenas dez meses antes. Ambas tinham superado os primeiros meses das suas crises individuais canalizando a sua fúria em sessões semanais de discursos empolados na sala de Mona.

      O período posterior à partida de Nick fora o pior da sua vida e não ia dar-lhe a oportunidade de voltar a enviá-la para aquele lugar solitário e escuro.

      Levantou-se.

      – Não, tens razão. Quem precisa de homens?

      – Assim está melhor. E agora, como vais enfrentar esse aventureiro que está a dormir na tua cozinha?

      O que tinha vontade

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