Um Quarto De Lua. Massimo Longo
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- nao.
- contudo deverias, é muito fortificante e coloca muitas coisas na justa prespectiva.
Elio espantou-se de tanta profundidade do primo e ficou em silencio com ele durante um pouco a fixá-lo.
do branco cegante até as tonalidades do fumo, as nuvens estavam suspensas entre as duas faixas do céu, céu plumbeo em baixo deles, céu turqui em cima, misto aos reverberos ocre de um sol ja quase a pôr-se que as iluminava tornando o seu cume dourado e dando a sensaçao de ser a luz de um outro mundo, ali a iluminar uma vida que sobre eles se desenvolvia. densas, como albumen montado em forma de neve, aquelas brancas, emporcalhadas, como no choro pictorico de uma criança de três anos, aquelas cinzentas.
entre todas distinguiam-se uma, com a forma de unicornio, que se perfilava no fundo branco como se o cinzento animal corresse nas brancas pradarias celestes. precisamente como num afresco do Tiepolo, este sotao desfundado natural tendia ao infinito que existe além do visivel, ao misterio que faz sentir as nossas pequenas almas e ao mesmo tempo eternas.
libero de repente saltou para baixo a partir do tractor.
- Agora tenho fome - disse rindo em voz alta.
- Tu nao tens Elio?
- Sim.
- entao salta para baixo e vamos comer, talves a proxima vez far-te-ei dar uma volta com o tractor.
e dirigiu-se para casa.
elio nao perdeu tempo e o seguiu, a fome voltava a fazer-se sentir.
Quarto Capítulo
como um mau pressagio, mormurava palavras numa lingua desconhecida
Elio levantou-se muito cedo, era inevitavel ceder à tia que continuava a chamá-lo com insistencia. fora era apenas a aurora, reparou para o céu que alvorecia e imaginaou novamente por um instante ao pôr do sol da noite anterior, à sensaçao de paz sentida naqueles instantes, mas durou pouco, as suas orelhas começaram a zumbir, um zumbido surdo, pungente, que rasgava a alma e o deixava atirar-se de novo na sua fria realidade.
Elio, arrastou-se ainda de pijama até à cozinha, esperando de despertar um pouco com o pequeno-almoço.
A tia, o primo e a sua irmã ja estavam vestidos e penteados como se fosse oito horas da manhã e nao apenas cinco e trinta! havia ar de festa, o seu primo Ercole teria voltado do campo de escutismo. Ida estava excitada pelo regresso do filho, tinha estado fora precisamente durante cinco dias, ficava sempre preocupada quando os seus filhos ficassem fora de casa por causa do incidente sucedido a Libero quando menino e nao quisera por acaso perdê-los de vista.
O sargento Ida, mal avistado o insubordinado Elio, expulsou-o imediatamente da cozinha para que fosse lavar-se e arrumar-se.
Ida era uma mulher forte, temperada pelas vicissitudes da vida. Depois da morte do marido e o problema com o filho, tivera que se adaptar a um estilo de vida completamente diferente daquele citadino, que tinha marcado a sua vida nos primeiros anos do matrimonio.
Dura e arrojada, tinha tomado a peito aquele novo desafio. mais que uma vez tinha-se encontrada sozinha a chorar pelo desespero, mas nao baixou a cabeça.
O seu ar de general nao devia enganar, dentro era mole como o coraçao de um suflê.
pouco depois Elio voltou vestido e quase arrumado, embora o humor era negro e a fome lhe acometia.
sentia o cheiro do leite e chocolate, mas sobretudo dos biscoitos gigantes feitos pela tia no dia anterior, que permanecera pelo ar.
Eram uns enormes pedaços de pão com leite em forma de tranças misturados com varios aromas: de canela, de anis e, para nao deixar faltar nada, as suas preferidas de sésamo.
A sua irmã e Libero já estavam a molhá-los no leite.
Libero perguntou-lhe:
- sabes quem volta hoje?
Elio espantou-se pela pergunta:
- quem? - respondeu.
- Ercole, o meu irmaozinho!
Elio nao disse nada mas tinha-se esquecido completamente do primo da mesma idade.
- Donde? - perguntou como se no dia anterior nao tivessem falado dele.
- Como donde? - respondeu Gaia - nos disse ontem a tia.
- Volta do campo de escuteiros - disse sorrindo Libero.
- Hoje o sotao vos espera - sugeriu a tia com um tom que nao admitia replicas - Mexa-se Elio, vê se acaba já o teu pequeno-almoço e põe-te ao trabalho. Gaia chegará para dar-te uma mao dentro de pouco tempo, agora preciso dela para uma incumbencia.
elio terminou de tomar o leite num gole imaginando com alivio ao facto de que por um instante ficaria sozinho no sotao numa total tranquilidade. desfrutava da ideia de poder enfiar nas orelhas auriculares do seu amado leitor mp3.
reparou por aí sem achá-lo, depois voltou para a cozinha e perguntou:
- Alguem viu o meu leitor por aí?
- Infelizmente, ontem ficou vitima de um incidente. tinha-o deixado no sofá e quando o abri para preparar a cama ficou embutido no meio do mecanismo de extracçao da rede… nao sobrou muita coisa, mas conservei para ti o cartao de memoria - contou a tia e, buscando-o num pratinho decorativo colocado em cima da credencia, entregou-lhe.
A jornada tinha precisamente começado mal, pensou o rapaz, subiu a escada que levava até ao sotao com a lentidao que o distinguia e acendeu a luz.
por toda a parte tinha amontoado coisas, deveria limpar e criar um espaço onde preparar as camas, muito trabalho para ele só de pensar. assim resolveu abrir a grande da janela central, para deixar entrar ar e luz, e depois sentar-se numa esquina qualquer a mandriar à espera da Gaia.
Os seus olhos viram algo que o afectaram, um livro em cima de uma velha caixa de madeira, como aquele que o estranho senhor entrado no compartimento lia.
Realmente uma estranha coincidencia, nao era um best-seller na moda, isto o apoquentou. de repente apagou-se a luz e elio começou a ouvir a estranha voz que, como um mau pressagio, murmurava palavras desconhecidas ao seu ouvido.
Mesmo sabendo de como nao rea possivel, teve o pavor de que aquele homem poderia encontrar-se ali, na escuridao. procurou o interruptor da luz mas nao conseguiu acendê-la de novo, devia ter-se fundido a lampada. um temor profundo apoderou-se dele, a voz era cada vez mais forte, a ouvia ecoar dentro da sua cabeça. às apalpadelas tentou chegar à janela, arrastando consigo os objectos que encontrava à sua passagem.
Chegado à manilha, nao logrou abril-lo, entao, fora de si, começou a dar murros na esperança de desbloqueá-lo.
Tremia e suava frio.