Atraídas . Блейк Пирс
Чтение книги онлайн.
Читать онлайн книгу Atraídas - Блейк Пирс страница 13
Ouviram-se sussurros e murmúrios na sala. O sorriso de Mullins transformou-se num olhar fixo.
“Peço desculpa,” Disse Riley. “Tenho consciência que Mullins nunca admitiu que os homicídios foram premeditados e a acusação nunca foi por esse caminho. Mas de qualquer das formas, declarou-se culpado. Matou duas crianças. Não há forma de o ter feito com boas intenções.”
Parou por um momento, escolhendo as palavras que proferiria de seguida cuidadosamente. Riley queria provocar Mullins, obrigá-lo a mostrar a sua raiva, a mostrar o seu verdadeiro Eu. Mas é claro que ele sabia que se o fizesse, arruinaria o seu registo de bom comportamento e nunca saíria da prisão. A melhor estratégia de Riley era obrigar os membros do conselho a encarar a realidade do que ele tinha perpetrado.
“Eu vi o corpo sem vida de Ian Harter, quatro anos, no dia seguinte a ser assassinado. Parecia estar a dormir com os olhos abertos. A morte tinha-lhe roubado toda a expressão e o seu rosto estava pacífico. Ainda assim, consegui discernir o terror nos seus olhos mortos. Os seus últimos momentos nesta terra foram momentos de um absoluto terror. Vi o mesmo no pequeno Nathan Betts.”
Riley ouviu as mães de ambas as crianças começarem a chorar. Ela odiava ter que trazer à tona aquelas memórias horríveis, mas não tinha outra hipótese.
“Não nos podemos esquecer do seu terror,” Disse Riley. “E não nos podemos esquecer que Mullins demonstrou pouca emoção durante o julgamento e nenhum sinal de arrependimento. O seu arrependimento veio muito, muito mais tarde – se é que é sincero.”
Riley respirou fundo.
“Quantos anos de vida foram retirados àqueles dois meninos se os juntarmos? Muitos, muito mais do que cem, parece-me. Ele foi sentenciado a trinta anos. Só cumpriu quinze. Não é suficiente. Nunca viverá o suficiente para compensar todos aqueles anos perdidos.”
Agora a voz de Riley tremia. Sabia que tinha que se controlar. Não podia desatar a chorar ou gritar de raiva.
“Será que chegou o momento de perdoar a Larry Mullins? Deixo isso ao critério das famílias das crianças. Esta audiência não tem nada a ver com perdão. Não é essa a questão essencial. A questão mais importante é o perigo que ele ainda constitui. Não podemos arriscar a probabilidade de mais crianças morrerem às suas mãos.”
Riley reparou que alguns membros do conselho olhavam para os seus relógios. Sentiu um ligeiro pânico. O conselho já tinha revisto dois outros casos naquela manhã e ainda tinham mais quatro até ao meio-dia. Estavam a ficar impacientes. Riley tinha que concluir imediatamente. Olhou-os diretamente nos olhos.
“Senhoras e senhores, imploro-vos que não concedam esta liberdade condicional.”
E ainda acrescentou, “Talvez mais alguém queira falar em nome do recluso.”
E sentou-se. As suas últimas palavras tinham uma dupla intenção. Ela sabia perfeitamente que ninguém falaria em defesa de Mullins. Apesar do seu “bom comportamento”, não tinha um único amigo ou pessoa que o defendesse no mundo. E Riley tinha a certeza de que não o merecia.
“Alguém deseja pronunciar-se?” Perguntou a Oficial.
“Só gostaria de acrescentar algumas palavras,” Disse uma voz vinda do fundo da sala.
Riley conhecia bem aquela voz.
Virou-se para trás e viu um homem baixo e entroncado em pé. Era Jake Crivaro – a última pessoa que esperava encontrar naquele dia. Riley estava simultaneamente surpreendida e deliciada.
Jake aproximou-se, disse o seu nome e dirigindo-se aos membros do conselho, disse, “Posso dizer-vos que este tipo é um grande manipulador. Não acreditem nele. Está a mentir. Não mostrou qualquer remorso quando o apanhámos. O que estão a ver é uma farsa.”
Jake dirigiu-se à mesa em que se encontrava Mullins.
“Aposto que não estavas à espera de me ver aqui hoje,” Disse com um tom de voz repleto de desprezo. “Não o perderia por nada deste mundo – seu grandessíssimo filho da puta assassino de crianças.”
A Oficial bateu com o martelo.
“Ordem!” Advertiu.
“Oh, peço desculpa,” Disse Jake de forma falsamente apologética. “Não era minha intenção insultar o nosso recluso modelo. Afinal de contas, ele agora está reabilitado. Ele é um filho da puta assassino de crianças arrependido.”
Jake limitou-se a ficar ali a olhar para Mullins. Riley estudou a expressão do homicida. Ela sabia perfeitamente que Jake estava a dar o seu máximo para provocar uma explosão da parte de Mullins. Mas o rosto do recluso permanecia impassível e calmo.
“Sr. Crivaro, sente-se, por favor,” Disse a Oficial. “O conselho já pode tomar uma decisão.”
Os membros do conselho, reuniram-se para partilhar as suas notas e pensamentos. Os seus sussurros eram animados e tensos. Entretanto, Riley nada mais podia fazer a não ser esperar.
Donald e Melanie Betts soluçavam. Darla Harter chorava e o marido Ross segurava-lhe a mão. Olhava de forma penetrante para Riley. O seu olhar era afiado como o gume de uma faca. O que pensaria ele do testemunho que ela acabara de dar? Consideraria ele que compensava o seu falhanço de há tantos anos atrás?
A sala estava quente e ela sentia a transpiração a escorrer-lhe no rosto. O seu coração batia ansiosamente.
Demorou apenas alguns minutos para os membros do conselho tomarem uma decisão. Um deles sussurrou qualquer coisa à Oficial. Ela voltou-se para todos os presentes.
“A liberdade condicional não é concedida,” Disse. “Vamos passar ao próximo caso.”
Riley ficou perplexa com a brusquidão da mulher, como se o caso não fosse mais do que uma multa de estacionamento. Mas de repente lembrou-se que o conselho estava com pressa de passar aos próximos casos que ainda tinham que analisar naquela manhã.
Riley levantou-se e ambos os casais se precipitaram na sua direção. Melanie Betts abraçou-se a Riley.
“Obrigada, obrigada, obrigada…” Não parava de dizer.
Os outros três juntaram-se à sua volta, sorrindo por entre as lágrimas e dizendo “obrigado” vezes sem conta.
Riley viu que Jake estava à parte no corredor. Logo que pode foi ao encontro dele.
“Jake!” Disse, dando-lhe um abraço. “Há quanto tempo!”
“Demasiado tempo,” Disse Jake com aquele sorriso de lado típico dele. “Vocês jovens nunca escrevem ou telefonam.”
Riley suspirou. Jake sempre a tratara como uma filha. E era bem verdade que ela não devia ter perdido o contacto com ele.
“Então, como tens passado?” Perguntou Riley.
“Tenho setenta e cinco anos,” Disse ele. “Tive que ser operado aos joelhos e à anca. Os meus olhos são fracos. Tenho um aparelho nos ouvidos e um pacemaker. E todos os meus amigos tirando tu já bateram a bota. Como achas que tenho passado?”
Riley