A mentira mora ao lado . Блейк Пирс
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Chloe não disse nada. Ela tentou entender como alguém poderia tomar uma decisão assim, mas não conseguiu. Ela queria aquele trabalho desde sempre—desde que aprendera a diferença entre o certo e o errado.
- Vou precisar fazer algum treinamento adicional?
- Eu recomendaria mais treinamentos de arma de fogo – Johnson disse. – Vou deixar tudo preparado para você. Suas notas na Equipe de Evidências no que diz respeito a armas de fogo são muito boas, mas você vai querer ter mais habilidade nessa área quando entrar de vez no PaCV—se você decidir ficar.
- Entendo.
- Bom, se você não tiver mais perguntas, acho que você pode seguir para a orientação, lá embaixo. Temos três minutos até começar.
- Sem mais perguntas por enquanto. E obrigado pela oportunidade. E pela confiança.
- Claro. Vou tomar conta da papelada e alguém vai te ligar para falar sobre as assinaturas até o fim do dia. E, Agente Fine... estou com um bom pressentimento nisso. Acho que você vai ser um reforço e tanto para o PaCV.
Foi então, quando levantou-se e saiu da sala, que Chloe percebeu que nunca fora boa em escutar elogios. Talvez fosse porque ela nunca recebera muitos durante sua juventude. Naquele momento, ela simplesmente sorriu de um jeito estranho e saiu. O nó de nervosismo que estivera em seu estômago havia ido embora, sendo substituído por uma sensação de como se seus pés não tivessem tocando o chão no caminho até o elevador.
***
A orientação foi praticamente como ela esperava. Tratava-se de uma lista do que se poderia e não poderia fazer, sendo dita por vários agentes. Havia exemplos de casos que haviam dado errado, casos tão ruins que os agentes haviam se demitido ou até cometido suicídio. Os instrutores contaram histórias horríveis de crianças assassinadas e de estupradores em série que, até aquele dia, ainda não havia sido presos.
Enquanto as histórias eram contadas, Chloe pode escutar alguns murmúrios entre os novos agentes. Dois lugares à sua esquerda, ela ouviu uma mulher murmurando para o homem a seu lado.
- Aparentemente, meu parceiro ouviu essas histórias antes de nós. Talvez por isso ele pediu para ir embora – Ela disse que um jeito sacana, em um tom malvado que irritou Chloe instantaneamente.
Com a sorte que tenho, essa é a parceira-sem-um-parceiro que Johnson vai colocar comigo, Chloe pensou.
A orientação parou para o almoço. Nesse momento, os instrutores separaram os novos agentes em departamentos específicos. Quando Chloe escutou a Equipe de Evidências sendo chamada, sentiu uma pequena pontada de tristeza. Ela viu cerca de vinte recrutados juntarem-se no canto direito da sala. Saber que ela poderia estar entre eles até menos de três horas antes a fez sentir-se um pouco isolada, especialmente quando viu que alguns dos agentes pareciam já ter começado algumas amizades.
Quando os agentes do Programa de Apreensão de Crimes Violentos foram chamados, Chloe levantou-se. O grupo com o qual ela caminhou era menor do que a Equipe de Evidências. Incluindo a si mesma, ela contou nove pessoas. E uma delas era, de fato, a mulher que havia feito o comentário maldoso sobre a demissão do parceiro.
Chloe estava tão focada naquela mulher que não percebeu o homem que aproximou-se dela enquanto eles caminhavam.
- Eu não sei você - ele disse, - mas eu sinto como se precisasse esconder meu rosto. Fazer parte de um programa com a palavra “Violento” nele... me faz pensar que as pessoas estão me julgando.
- Acho que eu nunca pensei desse jeito – Chloe disse.
- Bom, você tem tendência a ser violenta?
Ele perguntou com um sorriso sacana, e foi esse sorriso que a fez perceber que o homem era extremamente bonito. Claro, o comentário sobre a tendência a violência estragou um pouco sua aparência.
- Não que eu saiba – ela respondeu de um jeito estranho, quando eles chegaram ao andar onde o grupo se reuniu.
- Ok – o instrutor, um senhor mais velho vestido de jeans e camiseta preta, disse. – Primeiro vamos almoçar, depois vamos nos encontrar na Sala de Conferências Três para analisar alguns detalhes e fazer uma sessão de perguntas e respostas. Mas antes de tudo... – Ele pausou e olhou um pedaço de papel, analisando-o com um de seus dedos. – Chloe Fine está aqui?
- Sou eu – Chloe disse, quase suando por ter sido escolhida em meio a um grupo de pessoas que não conhecia.
- Preciso falar com você por um momento, por favor.
Chloe caminhou até o instrutor e viu que o senhor também estava chamando outra agente à frente.
- Agente Fine, estou vendo aqui que você é um reforço para o PaCV, recomendada diretamente pelo Diretor Johnson.
- Está certo.
- Bom ter você. Agora, gostaria que você conhecesse sua parceira, a Agente Nikki Rhodes.
Ele apontou para a outra agente que vinha em sua direção. De fato, era a mulher maldosa de antes. Nikki Rhodes sorriu para Chloe de um jeito que deixava claro que ela sabia que era bonita. E até Chloe tinha que admitir. Alta, pele perfeitamente bronzeada, olhos azuis brilhantes, cabelo loiro impecável.
- Prazer em conhecê-la – Rhodes disse.
- Igualmente – Chloe respondeu.
- Agora, você duas, aproveitem o almoço – o instrutor disse. – Pelo que sei, vocês terão um caso amanhã cedo. Vocês duas estão no topo da lista desse grupo, então espero ouvir muitas coisas boas de vocês.
Rhodes sorriu e Chloe pode sentir a falsidade naquele sorriso. Ela odiava achar automaticamente que alguém não era uma pessoa autêntica, mas sua intuição sempre percebia coisas assim. O instrutor havia se virado para se juntar ao resto do grupo, deixando as duas mulheres sozinhas. Percebendo que os olhos do superior já não estava nelas, Rhodes virou-se e se afastou, sem dizer uma só palavra.
Chloe seguiu distante do restante do grupo por um momento, tentando focar na situação. Ela havia acordado naquela manhã animada para começar sua carreira como membro da Equipe de Evidências. No entanto, tudo o que ela havia planejado havia mudado. E agora ela estava ali, em um departamento com o qual não era muito familiar, com uma parceira que prometia ser um pé no saco.
- Ela não parece exatamente uma pessoa, parece? – Alguém disse por trás dela.
Chloe virou-se e viu o homem que havia caminhado com ela até aquele andar—o cara bonito que havia perguntado sobre as tendências violentas.
- Não, não parece.
- Imagine passar a maioria dos cursos da academia com ela – ele disse. – Foi horrível. Falando nisso... eu não lembro de você em nenhum curso ou módulo.
- É... eu sou meio que nova. Fui colocada no departamento hoje de manhã.
Uma expressão um tanto quanto em choque tomou conta do rosto dele.