Quem Dera, Para Sempre . Sophie Love
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“Tenho uma ideia”, Amy interrompeu, dando uma de diplomata. “Por que não vamos aí comemorar com você? Fazer uma visita? Ajudá-la a planejar algumas coisas?”
Apesar de estar irritada com Jayne, Emily gostou da ideia de suas amigas virem por um tempo e se envolverem nos preparativos do casamento. Quando chegassem, no seu domínio, elas poderiam ver o amor que ela e Daniel sentiam com os próprios olhos. Veriam o quanto ela estava feliz e começariam a demonstrar mais apoio.
“Isso seria ótimo”, Emily disse.
Elas encontraram uma boa data para todas e Emily terminou a ligação. Mas, graças a Jayne, sua cabeça estava girando e a chama de animação dentro dela diminuiu um pouquinho. Além disso, ainda precisava fazer a temida ligação para sua mãe, que certamente seria pior. Havia tentado convidar a mãe para o Dia de Ação de Graças, mas a mulher agiu como se fosse um insulto. Nada que Emily fazia era bom o bastante para Patricia Mitchell. Se havia se sentido acuada por Amy e Jayne, sua mãe a deixaria completamente para baixo.
E aquela era simplesmente a família dela! Quando acrescentou Daniel à mistura, seus medos se intensificaram. Por que o resto do mundo tinham que existir? Tudo em Sunset Harbor era tão perfeito para Emily. Mas lá fora estavam amigas que a desaprovavam e mães problemáticas. Havia pais ausentes.
Pela primeira vez desde o pedido, Emily pensou no pai, desaparecido há vinte anos. Recentemente, havia descoberto uma pilha de cartas na casa que provava que ele ainda estava vivo. Então, Trevor Mann, seu vizinho, havia confirmado que vira Roy na casa, alguns anos antes. Seu pai estava vivo, ainda que, até mesmo com essa informação, nada houvesse mudado. Emily ainda não tinha como entrar em contato com ele. As chances dele estar lá para entrar com ela na igreja eram praticamente nulas.
Emily sentiu as emoções se intensificando, ameaçando extinguir a alegria com que começara o dia. Olhou para a tela do celular, onde tinha selecionado o número da mãe, mas ainda sem a coragem de ligar.
Antes que tivesse a chance de mergulhar de cabeça e ligar para a mãe, ouviu o som de passos atrás dela. Virou-se e viu Daniel e Chantelle descendo as escadas trotando até ela. Daniel havia vestido a menina com uma de suas lindas roupas vintage – uma jardineira de veludo caramelo com um cardigã de estampa floral preto-e-branco, com meias combinando. Ela estava adorável. Ele usava seu jeans e camiseta usuais, cabelo preto despenteado, com a barba por fazer emoldurando o queixo forte.
“Queríamos tomar café da manhã fora de casa”, Daniel disse. “Fazer algo especial. Um café da manhã para celebrar”.
Emily colocou o celular novamente no bolso. “Ótima ideia”.
Salva pelo gongo. O telefonema para sua mãe teria que esperar. Mas Emily sabia que não poderia adiar isso para sempre. Cedo ou tarde, teria que enfrentar a língua afiada de Patricia Mitchell.
*
O aroma de xarope de bordo permeava o ar na lanchonete de Joe. A família sentou-se em uma das mesas de plástico vermelho, notando os olhares e sussurros ao redor.
“Todo mundo já sabe”, Emily sussurrou para Daniel.
Ele revirou os olhos. “É claro que sabem”. Então, acrescentou, sarcástico, “na verdade, estou surpreso por levar tanto tempo. Afinal, já faz metade de um dia que contamos a novidade, e Cynthia Jones só precisa de uma ou duas horas para rodar a cidade toda de bicicleta contando sua mais recente fofoca”.
Chantelle riu.
Pelo menos os sussurros e olhares eram animadores, Emily pensou. Todo mundo parecia feliz por eles. Mas Emily se sentiu um pouco envergonhada por ser o centro das atenções. Não era todo dia que se entrava numa lanchonete e todos se viravam para ver. Sua mente ainda estava girando, cheia de dúvidas, depois da ligação para Amy e Jayne, e ela se perguntava se agora seria uma hora apropriada para compartilhar algumas delas com Daniel.
Com seus cabelos grisalhos, Joe veio até a mesa, segurando sua caderneta nas mãos enrugadas.
“Ouvi dizer que hoje é dia de dar os parabéns”, ele disse sorrindo, dando batidinhas nas costas de Daniel. “Quando é o grande dia?”
Emily viu Daniel vacilar. Parecia tão perplexo quanto ela. Todos queriam respostas a perguntas que eles ainda não tinham feito nem a si mesmos.
“Ainda não temos certeza”, Daniel balbuciou. “Ainda não definimos os detalhes”.
Pediram seus waffles e panquecas e assim que Joe saiu para preparar os pratos, Emily tomou coragem para fazer algumas perguntas para Daniel.
“Quando você acha que podemos definir uma data?”, Emily perguntou.
Daniel arregalou os olhos. “Ah. Eu não sei. Você já quer fazer isso?”
O alerta de Jayne ecoou na mente de Emily. “Não precisamos fixar a data específica, mas estamos falando de meses ou do ano que vem? Quer casar no verão? Ou no outono, já que estamos no Maine?”
Ela sorriu, mas parecia forçado. Pela expressão no rosto de Daniel, podia notar que ele não tinha pensado tão para a frente.
“Preciso pensar sobre isso”, falou, de maneira despreocupada.
“Quero um casamento no verão”, Chantelle disse. “No porto. Com o barco do papai”.
“Pensar no quê?” Emily disse, ignorando Chantelle e focando em Daniel. “Só há quatro opções. Sol brilhando, vento forte, neve ou árvores em flor. Qual delas você prefere?”
Daniel pareceu um pouco surpreso pelo tom um tanto ríspido de Emily. Chantelle também parecia confusa.
“Eu não sei”, Daniel balbuciou. “Há prós e contras para cada um”.
Emily se sentia cada vez mais nervosa. Jayne estava certa? Daniel havia feito o pedido sem nem pensar no fato de que deveria haver um casamento no final?
“Você já contou a alguém?” Emily continuou a testar.
Vincos de frustração apareceram na testa de Daniel. “Faz menos de vinte e quatro horas”, ele disse simplesmente, escondendo a irritação que Emily sabia que havia provocado nele. Entredentes, ele acrescentou, “Não podemos simplesmente desfrutar deste momento?”
Chantelle olhava de Emily para Daniel com um ar de preocupação. Não os via se bicando frequentemente, e aquilo a alarmou.
Ver a menininha preocupada mexeu com Emily. Apesar de suas preocupações, não era justo envolver Chantelle. Aquilo era só entre ela e Daniel.
“Tem razão”, Emily disse, com um suspiro.
Pegou na mão de Chantelle para tranquilizá-la. Nesse momento, Joe chegou com pilhas de panquecas. Começaram a comer em silêncio.
Emily se sentia frustrada consigo mesma por deixar as palavras de Amy e de Jayne arruinarem sua alegria. Não era justo. Ontem mesmo ela estava nas nuvens.
“Bailey pode levar as flores?” Chantelle perguntou. “E eu posso ser a daminha?”
“Ainda