O Duque Sem Coração. Barbara Cartland

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O Duque Sem Coração - Barbara Cartland A Eterna Colecao de Barbara Cartland

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neve, elas eram muito bonitas.

      Um bando de perdizes alçou voo, à passagem do Duque, dirigindo-se para um lugar mais seguro no vale.

      Os três continuaram subindo por algum tempo ainda, até que finalmente, no topo da charneca, Dunblane fez parar seu cavalo para que os visitantes apreciassem a magnífica vista.

      O estuário descrevia um desenho azul brilhante à luz do sol, as Torres e tetos de Perth espalhavam-se às margens do rio e as urzes silvestres davam uma sensação de liberdade.

      Ao contemplá-las, o Duque sentiu-se como se tivesse fugido de um cativeiro e essa era uma sensação para a qual não achava explicação.

      Começou a lembrar-se da expressão dos rostos dos criados que estavam à espera deles, quando desembarcaram do navio.

      Dunblane apresentara a Taran o homem encarregado de cuidar deles, um escocês enorme e rude, cujos olhos fitaram o Duque com inegável devoção.

      «Depois de todos estes anos, será que ainda represento algo para essa gente que usa o mesmo nome que eu?» perguntou-se o Duque.

      Gostaria de ter perguntado a Dunblane, mas concluiu que ficaria embaraçado, porque Lord Hinchley sem dúvida riria de sua curiosidade.

      Lembrou-se do quanto havia reclamado de fazer aquela viagem e de quantas vezes repetira que detestava a Escócia,

      –Se você a detesta tanto assim, por que vai voltar?

      –Por questões de família– retrucara o Duque sucintamente.

      Sabendo que seria invadir a privacidade dele, Lord Hinchley não perguntara mais nada ao amigo.

      Contudo não pudera deixar de pensar que Taran era uma criatura estranhamente imprevisível.

      Tinha grande afeição por ele e era impossível não admirá-lo como desportista, mas ao mesmo tempo, sentia no escocês certa reserva que não encontrara em nenhum outro homem que conhecia.

      Ele achava que, como eram amigos íntimos, não haveria nada sobre o que não pudessem conversar; nada seria assunto tabu.

      Mas logo descobriu que o Duque não gostava de falar sobre qualquer coisa referente aos McNarn.

      Dunblane, afastara-se deles e agora, cavalgando no topo da montanha, podiam locomover-se bem mas rápido.

      Tanto o Duque quanto Lord Hinchley estavam acostumados a passar longas horas sobre uma sela. Iam às corridas de Newmarket sem achar fatigante e já haviam disputado páreos entre si, tentando quebrar o recorde do Rei, varias vezes em Brighton.

      Entretanto, Lord Hinchley sentiu alívio quando, duas horas mais tarde. Dunblane disse:

      –Agora estamos a pouca distância, dentro de cinco minutos avistaremos o Castelo .

      O Duque conhecia-o bem desde a infância, contudo, quando, depois de contornarem um penhasco, viu o Castelo adiante, foi impossível não achá-lo maior, mais impressionante e imponente do que ele se lembrava.

      Uma enorme construção em pedras cinzentas, com Torres, janelas e portas alongadas, no estilo do século XVII, o Castelo Narn, era um dos mais importantes e certamente o mais suntuoso das Highlands.

      Lord Hinchley ficou boquiaberto, fitando-o com indisfarçada admiração.

      –Meu Deus do céu, Taran!– disse ele–, você nunca me disse que possuía algo tão maravilhoso quanto o Castelo Windsor!

      –Alegra-me que tenha gostado– disse o Duque secamente.

      Entretanto, não pôde evitar uma sensação de orgulho.

      Ele tinha chegado a odiar o Castelo , que fora uma sombra em sua infância, tão ameaçador e opressivo, que quando fugira dele, no meio da noite, pensara que nunca fosse voltar.

      Contudo, ao vê-lo assim, com o sol batendo nas janelas, a bandeira tremulando ao vento na Torre mais alta, a posição de domínio sobre as terras que o circundavam, o Duque sentiu que o Castelo realmente era digno do chefe dos McNarn.

      Olhou para trás, para ver se os criados da estrebaria que os acompanhavam ainda estavam à vista.

      A bagagem estava seguindo pela estrada e eles tinham sido escoltados por seis homens a cavalo, que agora estavam se aproximando bastante deles, não mais mantendo a distância que haviam respeitado durante o percurso todo.

      O Duque virou-se para a frente de novo e Robert Dunblane disse calmamente:

      –Eles estarão esperando do lado de fora do Castelo, para cumprimentar Sua Alteza.

      –Eles?– perguntou o Duque–. Quem?

      –Os homens do Clã. Somente, é claro, aqueles que moram nas vizinhanças do Castelo. Os outros virão das montanhas amanhã ou depois.

      O Duque ficou em silêncio por instantes e depois perguntou:

      –Para quê?

      Foi uma pergunta sem rodeios, na qual ele mesmo sentia haver um certo toque de apreensão.

      Dunblane franziu as sobrancelhas e olhou para ele imediatamente.

      –Há uma cerimônia tradicional para dar as boas-vindas a um novo chefe de Clã e eles estão esperando ansiosos por sua volta.

      O Duque não respondeu.

      Era impossível dizer a Dunblane que, ate receber a segunda carta, ele não tinha tido a menor intenção de voltar.

      Lembrava-se vagamente do pai, presidindo reuniões do Clã, das quais Taran não participava, e conduzindo festas de Natal, das quais participava.

      Agora estava percebendo quão importante um chefe era para seu povo e, embora tivesse tentado se convencer, ainda em Londres, de que essas coisas estavam fora de moda, sabia agora que se enganara.

      Desejou ter dito claramente em sua carta a Dunblane, quando anunciara sua chegada, que ele não queria alarde, nada de cumprimentos especiais, nada de membros do Clã prestando homenagens.

      Depois, achou que, mesmo que tivesse feito isso, ninguém faria caso de seu pedido.

      Um chefe era o pai de seu Clã e, se antigamente detivera o poder de vida ou morte sobre seu povo, era também responsável por seu bem-estar.

      Como era mesmo aquilo que tinha lido num livro, quando estava em Oxford? Era um texto que visava explicar a posição dos chefes de Clã , e dizia:

      “Como senhorio, patriarca, símbolo, juiz e general, seu poder era total e absoluto, mas de vez em quando discutia questões de grande importância com os membros de sua família e os membros líderes de seu Clã ”.

      «Uma coisa é certa», pensou o Duque, «eu não tenho parentes próximos com quem discutir, nem planos imediatos. Meu pai morreu, graças a Deus e, infelizmente, minha irmã Janet também».

      Só restava Torquil, e fora justamente aquele jovem desmiolado, seu herdeiro presuntivo, quem

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