Duelo De Corações. Barbara Cartland

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Duelo De Corações - Barbara Cartland A Eterna Colecao de Barbara Cartland

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tenho segredos para você, Justin, mas Caroline vai me prometer guardar segredo. Conheço o perigo da tagarelice feminina.

      —Prometo, tio Francis— Caroline disse depressa.

      —Pois bem. Vocês sabem que é meu dever ouvir muitas pessoas. No ano passado cansei-me de ouvir queixas sobre um rapaz de nome Gervase Warlingham. Ele parecia estar sempre atrás de irregularidades e trapaças que aconteciam no setor de esportes. Warlingham dopou um cavalo no qual havia apostado, subornou um pugilista para deixar o oponente vencer a luta e andou apostando alto nas mesas de jogo. Suspeito desse rapaz justamente por saber que, além de grande velhaco, é primo de Brecon. No caso da morte deste último, Warlingham herdará o título de Conde e a grande fortuna da família Brecon.

      —E como é esse rapaz… Gervase Warlingham?— indagou Caroline.

      —Não o conheço pessoalmente. Lembro-me do pai, homem violento e de péssimo gênio.

      —Então o senhor acredita mesmo… que Gervase Warlingham, tenha assassinado o Sr. Rosenberg só para conseguir que o primo fosse preso e condenado à forca?— perguntou Caroline cheia de ansiedade.

      —Veja bem, Caroline, não ponha palavras em minha boca— lorde Milbome protestou—, eu só disse que suspeitava de Warlingham.

      —Ora, minha filha, deixe lá de aborrecer Sua Senhoria— o Marquês interveio—, agora, por favor, vá depressa ver o que aconteceu com sua mãe que ainda não desceu.

      Obediente, Caroline deixou a sala. Como encontrou a mãe já descendo a escada, foi para seu quarto. A Marquesa se atrasara por estar supervisionando a arrumação da bagagem. De pé, junto à janela Caroline ficou olhando distraidamente para o mar, pensando no perigo que lorde Brecon estava correndo.

      Ela o salvara uma vez e sentia-se na obrigação de adverti-lo, sobre o perigo que ainda corria. Mas como fazer isso?

      Pensou em escrever-lhe uma carta. No mesmo instante refletiu que não era tão simples assim. Como explicar que estava a par de tantos detalhes sem trair a confiança que lorde Milbome depositara nela?

      Deu um profundo suspiro. Não conseguia esquecer lorde Brecon. Ele era tão diferente dos outros homens. Como era lindo e forte! Porém, de que adiantava sua força contra atos traiçoeiros? Mesmo os homens mais fortes sucumbiram, vítimas de traições.

      «Preciso fazer alguma coisa», pensou, determinada.

      Nessa noite Caroline ficou acordada durante horas, inquieta, desejando poder falar sobre seus problemas e aconselhar-se com alguém. Reconhecia que cometera uma loucura quando aceitara sair de carruagem sozinha com sir Montagu. Ao mesmo tempo, não se arrependia inteiramente do que fizera.

      Se não tivesse ido à estalagem The Dog and Ducky não teria conhecido lorde Brecon nem teria sido beijada por ele. Ao lembrar que ele também beijara com entusiasmo a exótica domadora de tigres, Caroline sentiu uma pontada no peito.

      Com sua bela aparência, tendo tanta importância e possuindo valiosas propriedades, lorde Brecon devia ter dezenas, senão centenas de admiradoras.

      Pela primeira vez na vida a alegre e despreocupada Caroline Faye, conheceu o ciúme e a amargura, responsáveis pelas olheiras que lhe marcavam o rosto na manhã seguinte. O Marquês e a Marquesa notaram aquele abatimento e atribuíram-no à tristeza que a filha sentia por separar-se deles.

      Lady Serena, ao contrário, estava radiante. Aos trinta e seis anos era tão jovem que nem parecia ter uma filha de dezessete anos.

      —Façam boa viagem e divirtam-se— Caroline desejou aos pais—, esqueçam tudo o que deixaram para trás e não pensem em mim. Nada me acontecerá.

      —Gostaria de ter certeza disso— disse lady Vulcan—, você é uma doçura, filha, mas é também como seu pai.

      —E isso não é bom?— indagou a filha com ar brincalhão.

      —Há qualidades que ficam bem em um homem, mas não numa mulher. Você herdou a determinação, a coragem e a ousadia de seu pai, quando devia ser dócil e mansa. Devo acrescentar que também é impetuosa e impulsiva. Se quer me ver partir tranqüila, filhinha, prometa-me ser, na minha ausência, inteiramente feminina e suave.

      Caroline riu.

      —Prometo esforçar-me para ser assim.

      O coche partiu e depois de desaparecer de vista, lady Edgmont comentou:

      —Espero que nada aconteça aos primos. Eu não me arriscaria a viajar num desses vapores fumegantes nem por cem guinéus.

      —Eu adoraria viajar num navio a vapor. Você precisa aceitar o progresso, Debby. Estamos em 1821, não na Idade Média!— achando que poderia ter magoado a prima, Caroline acrescentou em outro tom—, venha comigo. Vou pedir que nos sirvam chocolate e conversaremos sobre o que fazer nos próximos dias.

      As duas foram para a sala de desjejum. Logo depois de terem sido servidas, Caroline perguntou distraidamente:

      —Você já ouviu falar no Conde de Brecon, Debby?

      Foi tão grande a surpresa de lady Edgmont que ela colocou a xícara sobre a mesa com barulho.

      —Que pergunta mais estranha! Sabe que ontem pela manhã, juntamente com a carta de sua madrinha, recebi também uma carta vinda do Castelo de Brecon?

      —Do Castelo de Brecon?!— Caroline endireitou-se na cadeira—, você conhece alguém desse Castelo?

      —Um momento. Tenho a carta comigo— Debby abriu a bolsa de veludo azul e encontrou o envelope que procurava—, deixe-me ver. Sim, é esta a carta. Castelo de Brecon, Cuckhurst, Kent.

      —Cuckhurst! E esse o nome da aldeia onde fica o Castelo?

      —Creio que sim.

      —O que diz a carta e quem a enviou?

      —Fanny Hall, uma velha amiga. Na verdade, meu marido era seu parente distante. Fanny é uma pessoa adorável e de família aristocrática. Ela nunca se casou e depois da morte do pai, achando-se em má situação financeira, precisou arranjar um emprego. Faz um ano que ela trabalha no Castelo de Brecon como dama de companhia da viúva Condessa.

      —Sim, mas o que sua amiga diz nessa carta?— Caroline perguntou, impaciente.

      —Fanny vai deixar o emprego para morar com o irmão que voltou recentemente da Índia, muito rico.

      —Ela não fala sobre as pessoas que moram no Castelo ?

      —Sim, elogia lady Brecon a quem é muito devotada e sente deixar. A respeito de certos empregados que estão felizes em vê-la pelas costas Fanny diz na carta: "... são pessoas que conseguem um emprego de confiança e responsabilidade mas têm um comportamento repreensível e abusam daqueles que nelas confiam".

      —Mas não fala de quem?

      Minha amiga é muito discreta e não cita nomes, naturalmente.

      Lady Edgmont pegou outra folha da carta.

      —Aqui

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