Para Sempre Natal. Софи Лав
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Читать онлайн книгу Para Sempre Natal - Софи Лав страница 11
“Podemos ligar para o Vovô Roy agora?” perguntou Chantelle depois de um momento. “Sabe que já faz três dias que não falamos com ele.”
Então Chantelle havia notado, percebeu Emily. Claro que sim. A criança era extremamente observadora, e o fato de as ligações diárias entre ela e de seu pai terem cessado não passou despercebido.
“Você acha que ele está bem?” perguntou Chantelle. Emily sentiu um peso sobre seus ombros.
“Eu acho que sim,” respondeu ela. “Apenas acho que ele retomou um velho hábito.”
Embora Roy tivesse prometido manter contato, Emily sabia que os velhos hábitos custavam a morrer, e ainda havia momentos em que seus esforços esbarrariam no total silêncio dele. Machucava tanto agora quanto na época em que ela era mais nova, quando seu longo e lento desligamento da família começou após a morte de Charlotte. Ele afastou-se dela pouco a pouco e, então, como uma criança assustada e confusa, ela deixara isso acontecer. Não mais. Ela tinha um direito sobre seu pai, exigir que ele estivesse em sua vida, compartilhar com ele sua vida e esperar ouvir o mesmo dele.
Ela pegou o celular e digitou o número. Ouviu chamar e chamar. Não houve resposta. Tentou novamente, ciente de Chantelle assistindo pensativamente do canto do olho. Cada nova tentativa feita para entrar em contato com ele fazia seu estômago revirar de angústia. Na quinta tentativa, ela colocou o telefone no colo.
“Por que ele não responde?” perguntou Chantelle, com uma voz triste e assustada.
Emily sabia que ela tinha que mostrar um rosto corajoso para a criança, mas era uma verdadeira luta. “Ele está dormindo muito,” disse ela, fracamente.
“Não por três dias seguidos,” respondeu Chantelle. “Ele deveria checar seu telefone quando acordar e ver que perdeu suas ligações.”
“Ele pode não ter pensado em verificar,” disse Emily, tentando um sorriso tranquilizador. “Você sabe como ele é com tecnologia.”
Mas Chantelle era esperta demais para as desculpas de Emily e não se alegrou à sua fraca tentativa de humor. Sua expressão permaneceu séria e sombria.
“Você acha que ele morreu?” perguntou ela.
“Não!” exclamou Emily, sentindo a raiva amenizar sua preocupação. “Por que você diria uma coisa tão horrível?”
Chantelle pareceu surpresa com a explosão de Emily. Seus olhos estavam arregalados de susto.
“Porque ele está muito doente,” ela disse humildemente. “Eu só quis dizer...” Sua voz desapareceu.
Emily respirou fundo para se acalmar. “Eu sinto muito, Chantelle. Eu não quis me exaltar assim. Eu fico muito preocupada quando não tenho notícias do Vovô Roy por um tempo e o que você disse seria o meu pior pesadelo.”
Roy. Sozinho. Morto na cama sem ninguém ao seu lado. Ela se encolheu com o pensamento, seu coração apertando.
Chantelle olhou timidamente para Emily. Ela parecia insegura, como se estivesse pisando em cascas de ovo, preocupada com a possibilidade de Emily explodir novamente.
“Mas não há como sabermos, não é? Se ele ainda está vivo?”
Emily forçou-se a ser a adulta que Chantelle precisava que ela fosse, apesar de cada pergunta doer como uma nova ferida. “Nós sabemos que ele está vivo porque Vladi está cuidando dele. E se Vladi não ligou, não há nada de errado. Esse foi o acordo, lembra?”
Em sua mente, ela evocou o rosto bronzeado e castigado pelo tempo de Vladi, o pescador grego com quem o pai estabelecera amizade. Vladi prometeu mantê-la informada sobre a condição de Roy, mesmo que o próprio Roy quisesse que sua deterioração fosse ocultada dela.
Mas se Vladi manteve sua promessa, era outra coisa. A quem ele seria mais leal, afinal; a ela, uma jovem que ele conhecera por alguns dias; ou ao amigo de toda uma vida, Roy?
“Mamãe,” disse Chantelle suavemente. “Você está chorando.”
Emily tocou seu rosto e descobriu que estava molhado de lágrimas. Ela limpou-as com a manga.
“Estou com medo,” disse ela à Chantelle. “É por isso. Eu sinto muita falta do vovô. Só queria que pudéssemos convencê-lo a estar aqui conosco.”
“Eu também,” disse Chantelle. “Eu quero que ele e a vovó Patty morem na pousada. É triste que eles estejam tão distantes.”
Emily abraçou a filha com força. Ela podia ouvir Chantelle soluçando gentilmente e sentiu-se mal por seu papel na infelicidade da criança. Chorar na frente dela nunca foi o plano. Mas, de certa forma, ela se questionava se ajudaria Chantelle ver as emoções de sua mãe, ver que estava tudo bem em ser fraco às vezes, estar com medo e preocupado. A criança passara tantos anos de sua vida tendo que ser forte e corajosa, talvez ver sua mãe chorar lhe mostrasse que não havia problema em sair do controle de vez em quando.
“Por que as pessoas têm que morrer?” disse então Chantelle, sua voz abafada pela maneira como seu rosto estava pressionado no peito de Emily.
“Porque...” começou Emily, antes de parar e pensar profundamente sobre isso. “Eu acho que é porque o espírito tem outro lugar para estar.”
“Você quer dizer o Céu?” perguntou Chantelle.
“Poderia ser o céu. Pode ser em outro lugar.”
“Papai não acredita nisso,” disse Chantelle. “Ele diz que ninguém sabe se você vai para algum lugar depois de morrer, e que no judaísmo cabe a Deus decidir se você tem uma vida após a morte ou não.”
“É nisso que papai acredita,” explicou Emily. “Mas você pode acreditar no que você quiser. Eu acredito em algo diferente. E está tudo bem também.”
Chantelle piscou através de seus cílios molhados, fixando seus grandes olhos azuis em Emily. “No que você acredita?”
Emily fez uma pausa e demorou muito para formular sua resposta. Finalmente ela falou. “Eu acredito que há algum lugar para onde vamos depois que morremos, não em nossos corpos, eles ficam aqui na terra, mas nossos espíritos se levantam e vão para o próximo lugar. Quando o vovô chegar lá, ele ficará muito, mas muito feliz. Ela sorriu, consolada por suas próprias crenças. “Não haverá mais dor para ele, nunca mais.”
“Não haverá mais dor?” cantou a doce voz de Chantelle. “Mas como será?”
Emily ponderou a questão. “Eu acho que será como aquele momento em que você dá uma mordida em sua comida favorita o tempo todo.”
Chantelle olhou para ela através dos cílios manchados de lágrimas e riu. Emily continuou.
“Como comer bolo de chocolate para sempre, mas nunca ficar doente. Cada mordida é tão boa quanto a última. Ou como aquele sentimento que você tem quando se afasta de algo em que está trabalhando há meses, vê sua conquista e percebe que você conseguiu.”