Chuva De Sangue. Amy Blankenship
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Era culpa do Ren. Tinha certeza de que havia sido a necessidade sexual dele que ela estivera sugando no escritório, então. O anseio tinha sido tão forte que podia sentir seu gosto. Também era inconfundível o fato de que ele ficara excitado quando a pressionou contra a mesa daquele jeito... a enorme protuberância em suas calças era incontestável.
Como ousa ele lhe dar sermão sobre controle, quando ela acabava de vê-lo descontrolar-se na Poção Mágica, apenas um tempinho atrás? Fechou os olhos e mordeu o lábio inferior, tentando reprimir um gemido quando essa pequena recordação transmitiu um raio de grande calor branco direto ao seu abdômen e baqueou forte contra seu âmago.
Que se dane. Ela gostaria que funcionasse de ambos os lados, para que pudesse se vingar da frustração sexual que estava vivenciando. O pano ensaboado pausou logo abaixo de seus seios, ao se aquietar. Talvez fosse uma via de mão dupla. Ele sugava as emoções de outras pessoas, então quem era ele para dizer que não sentiria sua excitação agora mesmo... especialmente se ela a ampliasse, de propósito. Nenhuma mulher de sangue quente no seu juízo perfeito estava acima de se masturbar, se não tivesse quaisquer outras opções.
Seus ombros encolheram, tentando entender por que estava procurando arrumar briga com o homem que salvou sua vida há algumas horas. Evidentemente ele era mandão e podia ser um babaca total, mas Ren não se resumia a isso e ela sabia. Devagar, estendeu a mão e ligou a água fria, levantando o rosto para o jato gelado.
Ren abriu os olhos quando sentiu a excitação dela esvanecer, e acabou se deparando já com a mão segurando a maçaneta da porta do banheiro. Sabia muito bem que perderia essa pequena batalha de vontades, se ela aparecesse nua como Storm havia sugerido. Deu a volta e olhou fixamente para as sacolas de roupa que Storm havia trazido para ela.
Lacey tremeu e desligou a água, antes de levantar os olhos para o vestido úmido que Storm lhe havia dado. De jeito nenhum rebolaria de volta à essa coisa. Do seu ponto de vista, apenas duas coisas poderiam acontecer se ela saísse dali completamente nua... ou transariam ou ele atiraria algumas roupas tamanho extra nela.
Podia até imaginar a cara dele e sorriu maliciosamente, pensando por que toda vez que decidia ser comportada, o destino lhe apresentava a oportunidade perfeita de ser bem travessa.
Saindo do chuveiro, enrugou a testa ao ver várias sacolas de compra deixadas na longa pia de mármore. Levou só um instante para examinar o conteúdo e chegar à conclusão de que era exatamente isso que teria escolhido se ela mesma tivesse feito as compras.
Seus lábios se abriram quando lhe ocorreu justamente quem a havia prevenido de praticar a maldade na frente de Ren. Apressadamente, vestiu as roupas, imaginando que se Storm a queria vestida ali, provavelmente tinha um bom motivo. Finalmente vestida e sentindo-se um pouco mais no comando, olhou para o espelho, avistando a porta atrás dela, e seus pensamentos imediatamente se voltaram para o homem que estava esperando logo do outro lado.
Ela realmente precisava parar de provocá-lo dessa forma. Além do mais, não era tão divertido assim, visto que ele tinha um jeito de vencer todas as discussões. O banho gelado foi um pouco brusco, mas ela não era idiota... sentira o calor da raiva dele assim que o ridicularizou. Relembrou suas palavras exatas:
— Uma vez que foi você quem me concedeu o poder de ficar em chamas acidentalmente desse jeito... pode me ajudar a extinguir o fogo, ou será que preciso encontrar outra pessoa disposta a ser meu bombeiro?
Apenas dissera nesse tom em legítima defesa, visto que ele a recusara na primeira vez que ela queria fazer sexo. Mas em toda honestidade... ela também estivera brincando, esperando que ele concordasse em ser seu bombeiro. Vincent sempre aceitou calmamente suas brincadeiras e até brincava de volta, mas ela compreendeu que era porque eram mais amigos do que verdadeiros amantes... teria de lembrar-se disso.
Ren havia lhe dado uma parte de si mesmo para salvar sua vida, e ela podia sentir o forte vínculo que agora os atava... mais íntimos do que ela e Vincent jamais haviam sido. Ela queria somente Ren, e podia ver que ele a queria também... sua possessividade era evidência disso. Respirou profundamente, depois ajeitou o cabelo para cima, decidindo que se o quisesse, então teria de seduzi-lo até ele não aguentar mais. Jogando um beijo para si no espelho, virou e foi até o quarto onde estava a enorme cama.
Sua teoria de precisar estar vestida provou ser correta, quando ao sair do banheiro, acabou vendo o quarto de Ren sumir a sua volta.
Capítulo 4
Angélica passou pela porta de seu quarto e apressadamente fechou-a atrás de si. Deslizando a tranca na posição, encostou a testa na madeira espessa, desejando que fosse feita de algo mais resistente... talvez titânio.
Soltando um suspiro profundo, franziu e afastou-se da porta, mantendo o olhar na tranca como se fosse sua única esperança. De certa forma, era. Aquela pequena tranca era a única coisa entre ela e o anseio que tinha de ver Syn, agora que ele não estava ali, a observando... a perseguindo.
Levantando a mão, esfregou a têmpora direita em pequenos círculos raivosos, tentando reconstituir o fato de que acabara de fugir do homem... ou seja lá o que ele fosse, para agora acabar sentindo tanta falta dele que seu peito estava realmente doendo.
— Não preciso de ninguém — Angélica lembrou a si mesma, mas seus dedos pausaram em semicírculo. Sacudiu para baixo a mão que estava na têmpora, saboreando a mentira contida nas palavras. Tendo em vista que sentia os sintomas de abstinência, poderia muito bem rotulá-lo como era... um vício.
Vagarosamente recuando para mais longe da porta, fechou os olhos, deixando os pensamentos se tornarem intensos. Não precisava de um gênio para enxergar que Syn a estava deixando confusa, e céus a ajudassem se não estivesse começando a duvidar de si mesma. Era um limite perigoso de ultrapassar, porque se ela ousasse... não haveria volta.
Não deveriam ser parceiros... por que Storm não previu isso? Tudo o que Syn havia realizado dentro daquele túnel era fazê-la de idiota. Não era como se ele realmente precisasse de um parceiro, quando tudo o que teria de fazer era colocar uma porcaria de barreira ao redor das saídas e o trabalho estaria findo.
A lembrança voltou para atormentá-la como um pesadelo vívido. Abaixo, nos túneis sob o museu... tinha sentido uma sensação intensa de claustrofobia envolvê-la, enquanto o teto do túnel fez um estrondo e se rachou. Era uma sensação sinistra perceber que estava pisando na própria sepultura.
No momento em que grandes pedras pontiagudas começaram a se romper e cair em volta dela, viu uma série de demônios correndo na escadaria oculta, tentando escapar para dentro dos túneis... e ela estava exatamente no meio do caminho deles. Uma onda gigantesca de destroços os seguia, devorando aqueles que não eram ligeiros o bastante para escapar.
Ela ficou paralisada no local, absolutamente aterrorizada, quando de repente, braços a envolveram e a escadaria evaporou na distância, antes de desaparecer por completo. Angélica tremia de novo e colocou os braços em volta de si, rememorando a sensação do túnel desmoronando ao seu redor, mas o que viria em seguida seria sua verdadeira desgraça.
Quando seu mundo se estabilizou novamente, verificou que eles estavam no telhado de um prédio, e não embaixo dele. Ainda sentindo a leve vibração sob seus pés, virou-se bem a tempo de presenciar o desmoronamento do museu para dentro dos túneis subterrâneos, em que segundos antes estivera pisando.
Devagarinho, olhando de novo para o peito caloroso em que estivera apoiada, notou que suas mãos estavam empunhadas na camisa dele, revelando que estava assustada