Casamento de compromisso. Emma Darcy
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– É contra o projecto, Matt?
– Nem um pouco. Acredito que uma publicação dessas será de interesse para futuras gerações da nossa família – respondeu. – E também acho significante a minha avó ter um registo impresso da vida dela. Um último testamento, o que ela merece muito.
– É contra eu fazer isso?
Directo no alvo! Ele tinha de conceder isso a Nicole Redman. Ela tinha certamente uma bola de cristal para colocar as cartas certas na mesa.
– Porque deveria ser?
– Não sei – disse ela. – É você quem tem de me dizer.
Esperta, a jogar a questão de volta para ele.
– Quantos anos tem, Nicole?
– Vinte e oito.
– Está a sair de um mau relacionamento?
– Não.
– Nem comprometida neste momento?
– Não.
– Nem a procurar um?
– Não – respondeu ela, sem entender.
– Porque não? – insistiu ele.
– Porque deveria estar?
– Achei que fosse um passatempo normal para uma mulher da sua idade.
Nicole enrubesceu. A expressão era de orgulho quando respondeu:
– Então imagino que não me encaixo no seu conceito de normal.
Matt ficou sem resposta. Não ia disparar a sua arma escondida até que soubesse alguns factos sobre as circunstâncias mais recentes dela. Muito poderia acontecer em dez anos. Se ela estivesse a falar a verdade sobre a sua idade, tinha apenas dezoito anos em Nova Orleães. Uma adolescente rebelde podia ter aprendido a ser séria.
Obviamente tinha as qualificações que a sua avó queria para uma boa esposa. Solteira, desimpedida, com idade madura para achar que casamento era uma ideia aceitável e, com certeza, muito atraente nos seus gloriosos cabelos vermelhos.
Mas por que motivo a sua avó escolhera uma ruiva para ele? Por que não uma loira ou uma morena? Ele nunca…
A resposta, de súbito, surgiu. Trish no casamento de Tony. A irmã de Hannah tinha uns longos cabelos castanhos e ele tinha ficado com ela na festa. Sendo uma modelo profissional, era alta e magra, e eles tinham-se divertido muito durante a recepção. Nada sério, apenas um alegre caso, aproveitando a companhia um do outro. Será que a sua avó deduzira que Trish era o seu tipo de mulher?
Ele baixou a cabeça e Nicole tomou essa acção exasperada como se lhe fosse dirigida.
– É um projecto que eu quero fazer – começou, irritada pela sugestão de Matt que procurar por um homem devia ser a sua prioridade. – Entendi pelo que a senhora King me falou, que você fundou esta empresa de turismo porque quis. Também desenvolveu um mercado para frutas exóticas por vontade própria. Aposto que as suas realizações não têm nada a ver com a sua ausência, ou desejo, de um relacionamento com uma mulher.
Apanhou-o ali. Era uma menina esperta.
– Bem, espero que encontre muita satisfação em perseguir o passado como eu tenho encontrado em investir no futuro – disse ele.
Ela sorriu.
– É muito afortunado por ter um passado a partir do qual pode construir.
Ali estava! Nos olhos dela. Um vazio que escapara da sua guarda. Os instintos de Matt instantaneamente fizeram uma rápida interpretação. Ela viera do nada e não tinha nenhuma direcção para o futuro. Progredira com as asas da oportunidade, não tendo nenhuma raiz para a segurar num só lugar. Talvez se sentisse como um fantasma, sem uma família para lhe dar alguma solidez real. Ou será que ele estava a deduzir demais por uma expressão fugaz?
– E sobre a sua própria família? – indagou ele.
– Não tenho família – respondeu friamente, confirmando a impressão dele.
– É órfã?
Ela não respondeu a pergunta.
– Sou adulta, responsável por mim mesma, e assumi a responsabilidade desse projecto com a senhora King. Um contrato de seis meses foi assinado para isso. Se tem algum problema sobre o facto de eu desenvolver esse trabalho…
– Isso é um assunto da minha avó e não tenho a menor intenção de interferir – assegurou ele, embora ainda estivesse para descobrir se a sua avó iria beneficiar da escolha para escrever a história da família.
No entanto, aquilo não era problema de Matt.
– Também não quero interferir nos seus negócios. – Ela levantou-se da cadeira com clara intenção de partir. – O seu assistente disse que tinha mapas rodoviários já marcados para mim…
Ele não queria que ela fosse embora. Porém teria de nadar a favor da corrente. Levantou-se, dizendo a si mesmo que tinha mais seis meses para analisar aquela mulher.
Matt apanhou o maço de mapas sobre a mesa e empurrou-os para o lado dela.
– Aqui estão – disse ele, gentilmente. – Usando-os, será capaz de encontrar o seu caminho para todo e qualquer ponto de interesse histórico.
– Obrigada. – Ela agarrou na carteira que estava no chão e pousou-a sobre a mesa para guardar os mapas, numa expressão séria, de quem estava decidida a partir.
Matt não gostou de ser deixado por Nicole Redman. Não estava pronto para a ver ir… para a deixar ganhar. Agarrou na autorização de livre trânsito que deixara perto dos mapas e deu a volta à mesa.
– E isto dá-lhe viagens de graça em qualquer um dos nossos passeios turísticos – disse ele, entregando-lhe a passagem.
Ela teve um sobressalto e alguns dos mapas voaram das suas mãos. Na rápida tentativa de os resgatar, derrubou o chapéu. Ambos se baixaram para o apanhar, as cabeças quase a tocar. Ela levantou-se, recuando, deixando Matt apanhar o chapéu, o que ele fez, endireitando-se para encontrar a respiração acelerada e a face corada de Nicole.
A boca da rapariga estava entreaberta, os olhos arregalados em surpresa. E com aquela proximidade, Matt teve a estranha sensação de ser sugado por uma tempestade de sentimentos vindos directamente da alma dela. Encarou-a, silenciado pela conexão que o colocou completamente fora de equilíbrio.
Teve vontade de a beijar. Queria extrair da boca da mulher todos os segredos que ela estava a esconder, desejava envolvê-la de tal forma que ela desistisse de tudo o que era. A necessidade de a conhecer consumia a mente e o corpo de Matt.
– Obrigada – sussurrou ela.
Atordoado pelos próprios sentimentos inesperados, Matt lembrou-se de que aquela era a mulher que a sua avó planeara para ele. E não cairia na armadilha