O outro lado do amor. Catherine Spencer

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O outro lado do amor - Catherine Spencer Sabrina

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quero deixá-las sozinhas além do estritamente necessário.

      – Apenas por meia hora, para decidirmos o que fazer com a tua mãe. Apenas um sanduíche. Se quiseres, telefona-lhe.

      – Não é preciso. Há biscoitos e leite. Ariel sabe tratar de si.

      – A tua filha não é demasiado nova para tanta responsabilidade?

      – Tem dez…

      – Dez anos? – perguntou Dan. – Isso quer dizer que…

      – Não, que tem dez vezes mais maturidade que as meninas da sua idade – disse a tremer por dentro. – Além disso, tenho o telemóvel comigo, caso precise de telefonar-lhe.

      – Bom, nesse caso, não vejo problema algum de irmos almoçar para falarmos da tua mãe.

      «Eu vejo todos os problemas do mundo! Quanto mais tempo passo contigo, mais probabilidades tenho de meter a pata na poça», pensou Molly.

      – Tem cuidado – disse Dan agarrando-a pelo braço. – Serias de pouca ajuda se partisses uma perna.

      Levava roupa suficiente para impedir que o frio entrasse no seu corpo, mas não evitava que sentisse o calor da sua mão. Seria porque era o único homem que tinha tocado nas suas paixões mais íntimas?

      – Posso ir sozinha – contestou.

      – Com essas botas, não – disse Dan em tom jocoso. – Mais vale calçares uns sapatos mais práticos, agora que estás por cá. Por quanto tempo pensas ficar?

      – Todo o tempo que a minha mãe precisar.

      – Isso poderá ser indefinidamente. Estás realmente disposta a fazer esse sacrifício?

      – Estou – respondeu ao constatar que ele ainda não largara o seu braço, apesar de já terem atravessado a rua.

      – E o teu marido? Se fosse teu marido não acharia piada nenhuma se me deixasses sozinho na outra ponta do país, mesmo que fosse para cuidares da tua mãe, quem nem sequer conheço.

      – Essa é uma das razões porque tu não és meu marido. Não és o que eu esperava.

      – A outra razão, é que nunca quis encarnar esse papel – disse ao entrarem no bar. – Entra. As empregadas já não são tão bonitas como antes, no entanto, Ivy Tree continua a ser um dos bares da região que melhor faz sanduíches.

      Molly sentiu-se invadida pelo pânico ao entrar ali. Quis sair, mas tropeçou.

      – Desculpa, tropecei no tapete.

      – Já te disse que essas botas não servem para andares por aqui – sorriu.

      Errado. Eram perfeitas para lhe dar um pontapé em determinado sítio.

      Dan chamou a empregada e sentaram-se.

      – Duas sanduíches da casa e café – disse.

      – Eu quero uma salada de espinafres e chá – interveio Molly, decidida a demonstrar-lhe que era independente.

      – Com açúcar e leite? – perguntou a empregada.

      – Não, só com limão.

      – O meu café é com açúcar e leite, Charlene. Já sabes que preciso de toda a doçura do mundo – sorriu.

      Charlene ficou a olhá-lo, enamorada, antes de se afastar.

      – Como é que o fazes? – perguntou Molly.

      – O quê? – ripostou com ar inocente.

      Tão inocente como um lobo num galinheiro!

      – Como se não soubesses. Essa mulher tem idade suficiente para não cair rendida ante um homem bem falante. Quase que o uniforme cai, tamanha é a sua emoção.

      – Ah, sim? Não reparei – disse ao esticar a mão sobre a mesa e ao brincar com os dedos de Molly. – Estava a pensar era o quanto esse uniforme te ficava bem há uns anos atrás.

      – Bastante indecente, é o mais provável – disse ela ao apartar a mão. – A saia era demasiado curta.

      – Lembro-me das altas e maravilhosas pernas. Quase me bateste quando te disse isso pela primeira vez.

      Molly só se lembrava dos seus lábios e de como aquele homem a deixava louca quando faziam amor.

      – Isso já não tem importância. Estamos aqui para falar da minha mãe. Passa os dias na cama porque não pode subir e descer as escadas. Se eliminássemos esse obstáculo, que possibilidades teria de sair de casa?

      – Bem, primeiro, teria de usar uma cadeira de rodas. Mas como tu bem o disseste as escadas são um problema. Assim sendo, temos de eliminar essa hipótese. Teria recuperado melhor se tivesse numa casa de repouso, mas não quis nem ouvir falar nisso.

      – Se conseguisse que se movimentasse mais, a enfermeira teria de continuar a vir duas vezes por dia?

      – Não. Na verdade, se conseguisse levantar-se da cama recuperaria mais rapidamente. Continuaria com o seu tratamento para a asma e para a osteoporose e com os analgésicos para as dores durante mais algumas semanas. Creio que as condições em que vive estão a provocar uma recuperação mais lenta. As pessoas nestas condições deixam de ter razões para melhorarem.

      – Sobretudo se o único familiar que têm as abandona, não é?

      – Isso não ajuda, óbvio – disse Dan ao olhá-la nos olhos. – Desculpa se te magoa, mas é a verdade.

      Nesse momento, chegou a comida e Molly teve de esperar uns segundos, até que a empregada se afastasse, para poder contestá-lo.

      – Não tenho de dar-te explicação alguma, mas se tivesse tido conhecimento do acidente, quando o mesmo aconteceu e não meses depois, teria vindo antes.

      – A Hilda não quis.

      – Sim, mas sou sua filha. Tinhas a obrigação de comunicar-me o sucedido.

      – A minha primeira obrigação era com a minha paciente. Para que saibas, quando deixei que os serviços sociais entrassem em contacto contigo, agi contra sua vontade – explicou. – Mas alegro-me por tê-lo feito.

      Sem saber como interpretar aquela frase, Molly devorou a salada de espinafres.

      – Teria de continuar a ver-te?

      – À medida que a tua mãe for melhorando, cada vez menos. Não tentes modificar radicalmente a vida da Hilda. Primeiro, vamos ver como reage. Se houver progressos, as visitas podem passar a ser feitas semanalmente e podemos espaçá-las progressivamente.

      – Para que tu não precises de ir lá a casa, posso levá-la à clínica?

      – Se conseguires levá-la, não vejo problema algum.

      – Não te preocupes, que não vou deixar que a cadeira

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