Paixão avassaladora. Amanda Browning
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– Pois, eu não amo mais ninguém! – exclamou. Apercebeu-se que o comentário oferecia distintas interpretações, mas era-lhe indiferente. Que pensasse o que quisesse. Fá-lo-ia de todas as formas.
– Então, estás a condenar-te a uma vida sozinha e amargurada – respondeu Jack, abanando a cabeça. Ellie reflectiu os joelhos e abraçou-se às pernas.
– Talvez sim ou talvez não. E é a minha vida, não a tua, por isso pára de me dizer o que tenho de fazer – advertiu-o. Ele sorriu com um certo pesar.
– Deus, jamais vi alguém tão teimosa como tu! – exclamou. Ela lançou-lhe um olhar cáustico.
– Tu és detestável! – respondeu.
Jack sorriu amplamente, fazendo com que Ellie sentisse uma espécie de queimadura no peito. Com certeza a discussão teria feito com que sofresse uma indigestão. Removeu-se inquieta. Deixava-a tão furiosa que sentia que o sangue lhe fervia nas veias. Quando aprenderia a guardar as suas opiniões para si? Jack voltou a abanar a cabeça com ironia e ofereceu-lhe a mão para a ajudar a levantar-se.
– Vamos, levo-te para casa. Espero que um pouco de descanso e uma boa comida suavizem o teu carácter.
– Já estás a começar outra vez? – protestou Ellie, irritada. Mas pegou na sua mão e deixou que a ajudasse.
No entanto, ao levantar-se, o seu pé ficou enrolado nas amarras de uma embarcação e teria caído se não fossem os rápidos reflexos de Jack. De repente, encontrou-se entre os seus braços, com o rosto apertado contra o seu peito. Sentiu-se como se tivesse recebido uma descarga eléctrica que se transmitiu por todo o seu corpo. A força como a segurava, juntamente com o seu cálido alento e o odor da sua água-de-colónia mexeram com os seus sentimentos. Parecia que num instante o seu corpo se tinha convertido em algo flexível e, no instante seguinte, em algo sólido.
– Estás bem? – perguntou Jack divertido. Ellie, ainda ausente, levantou a cabeça para ele tentando encontrar uma explicação para o que acabara de experimentar. Nunca havia sentido nada igual. Ele ficou quieto, com os olhos abertos antes que adquirisse um ar pensativo. Ellie ficou com a estranha sensação de, de repente, terem ficado isolados. Era muito estranho, algo que não sabia definir, mas, sem dúvida, tratava-se de uma força superior a qualquer sensação que tivesse experimentado anteriormente.
– Estás cómoda?
A pergunta de Jack, carregada de uma ligeira ironia, sobressaltou-a, levando-a de regresso à realidade. Ele estava a olhar para ela com um brilho nos olhos decididamente travesso. Então, apercebeu-se que continuava pegada a ele. Ellie sentiu-se inundada pela vergonha.
– O que pensas que estás a fazer? – gemeu com a voz afogada. Tentou afastar-se dele. Finalmente, conseguiu safar-se do seu abraço e ficou a observá-lo cautelosamente, respirando com dificuldade.
– Apenas evitei que tomasses um banho – respondeu Jack alegremente, metendo as mãos nos bolsos das calças. Ellie afastou o cabelo dos olhos e arranjou a roupa para ganhar algum tempo. Precisava tranquilizar-se antes de voltar a olhá-lo na cara.
– Obrigado, mas não era necessário que me abraçasses – respondeu, gemendo por dentro. Como podia deixar-se levar pelas suas emoções daquele modo? Ele teria pensado que estava encantada por estar entre os seus braços. Não podia voltar a cair numa paixão irracional com outro Thornton.
– Na realidade, tu estavas tão abraçada a mim como eu a ti – corrigiu, olhando-a nos olhos.
– Não estava a abraçar-te, Jack – negou Ellie, com calor. Mas, ele limitou-se a sorrir.
– Pois, fiquei com essa sensação – contestou ele. Ellie não conseguiu evitar por mais tempo o olhar dele e virou a cabeça para outro lado.
– Pois, estás enganado – repetiu. Abraçá-lo? Ela? Antes preferia ser atravessada por uma espada. Por amor de Deus, durante anos pareciam cão e gato! «Detestas Jack Thornton, não esqueças», disse.
– Interrogo-me se te apercebes do que revela a tua reacção.
Típico de Jack, fazer uma montanha de um grão de areia! Ellie cruzou os braços e bateu com o pé no chão, irritada!
– Imagino que revelei até que ponto és detestável – disse ela. Dirigiu-lhe um olhar gelado.
– Pois, curiosamente, isso é justamente o que não percebi – disse Jack penteando o cabelo com os dedos. Estava surpreendido por não se ter revoltado no seu abraço como um gato furioso!
– Ah, sim? Bem, da próxima vez esforçar-me-ei por demonstrá-lo com mais clareza. Podemos ir?
– Não queres saber o que me revelou? – desafiou Jack. Ellie sabia que, fosse o que fosse, não ia gostar.
– Não me interessa minimamente – assegurou, baixando-se para levantar a sua mala. Com sorte, ele esquecer-se-ia. No entanto, tratando-se de Jack, isso jamais aconteceria.
– Tu também o sentiste, vi nos teus olhos.
Aquelas simples palavras fizeram-na estremecer por dentro e sentiu um nó na garganta. Não queria falar, mas se não o negava, pensaria que estava a dar-lhe razão.
– Eu não senti nada.
– Mentirosa – acusou Jack. Ela viu-se na obrigação de olhar para ele. – Sentiste a ligação entre nós. Foi como se um milhão de pequenas faíscas percorresse a tua pele, não é verdade? Embora não queiras admitir, sentias-te bem nos meus braços. Vamos, nega-o.
Ellie sentiu o rosto a arder. Era verdade que tinha sido agradável, mas não pensava reconhecê-lo. Não queria sentir nada mais que ódio por ele. Nunca se tinham dado bem, por isso se se envolvessem sentimentalmente, aquilo podia ser uma catástrofe. Sorriu desafiante.
– Disseste muita estupidez na tua vida, Jack, mas esta supera todas as outras.
Ele sorriu com essa classe de arrogância masculina que fazia com que ela sentisse desejo de matá-lo.
– Acreditas nisso? Logo veremos.
Ellie voltou a responder-lhe com segurança:
– Não, não vamos ver nada.
– Também não precisas de te assustar, mulher – disse Jack. Ellie fulminou-o com o olhar.
– Não digas maluqueiras, não me metes medo.
– Referia-me a que não tens por quê temer os teus próprios sentimentos – respondeu ele. Ellie ficou surpreendida. Olhou para ele com os lábios entreabertos.
– O que queres dizer?
– Não há nada de mal em que desejes outro homem que não seja Luke.
– Obrigado pelo conselho – disse com sarcasmo. – Que compreensivo da tua parte!
– Não podia ser de outro modo quando é a mim que desejas – acrescentou