A volta do sedutor. Barbara Cartland
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Читать онлайн книгу A volta do sedutor - Barbara Cartland страница 4
A carruagem entrou na villa, e Janet pôde constatar que, de perto, aquela propriedade era ainda mais grandiosa do que parecia a distância. Veio-lhe à mente que o Conde desejara cercar a mulher que amava de muita beleza.
Um criado usando libré vistosa e imponente abriu a porta aos visitantes, que foram imediatamente conduzidos por um corredor em cujas paredes pendiam quadros magníficos. Logo Janet encontrou-se em uma das mais lindas salas de estar que já vira.
Ali tudo era branco: as paredes, as cortinas, o revestimento das poltronas e sofás, os tapetes sobre o assoalho bem lustroso.
Quadros pintados por grandes mestres italianos enfeitavam as paredes, suas cores vivas emprestavam alegria ao ambiente. Vasos imensos de cristal estavam repletos de flores.
Janet ficou sozinha na sala enquanto o médico foi por um instante ver sua paciente e saber se realmente se sentia bem e disposta a recebê-los.
Andando pelo aposento, chamou-lhe a atenção uma estante cheia de lindíssimos e raros objetos de arte, os quais, ela não ignorava, valiam uma pequena fortuna.
Mal teve tempo de admirar os valioso objetos, pois o médico voltou com um sorriso nos lábios.
—A Condessa está encantada por você ter atendido seu pedido. Só lhe recomendo que não se demore demais no quarto; ela encontra-se debilitada e não pode se cansar.
—Compreendo.
Os dois subiram pela ampla escadaria, e o Dr. Pirelli abriu uma porta. O quarto em que entraram era tão grande quanto a sala de estar logo abaixo dele e achava-se bem claro, embora as venezianas do lado de fora estivessem abaixadas.
Numa grande cama com baldaquinho, de cujos lados pendiam cortinas de musselina e seda, estava a Condessa, reclinada sobre travesseiros com fronhas enfeitadas com rendas.
Vendo-a, magra de dar pena, e imóvel, os cabelos tão loiros quanto as primeiras luzes da aurora, achou que ali estava uma das mulheres mais lindas que já vira em sua vida.
Impressionaram-na aqueles olhos da enferma, orlados de longos cílios escuros e que, naquele rosto magro, pareciam ainda maiores. Eram olhos de uma tonalidade verde-clara com pequeninos pontos dourados.
A Condessa, ao contrário do que Janet havia imaginado, tinha as maçãs do rosto coradas e não se mostrava abatida, embora a doença a estivesse destruindo.
Janet caminhou até bem perto do leito, e a enfermeira ofereceu- lhe uma cadeira para que se sentasse bem perto da Condessa. Esta estendeu à visitante sua mão que pouco mais era do que pele e osso.
—Você… veio!— a enferma exclamou com voz suave.
—Sim, estou aqui. E, naturalmente, disposta a ajudá-la no que estiver ao meu alcance.
—É muita... bondade de sua parte.
A Condessa fez uma breve pausa antes de prosseguir, como se falar lhe fosse penoso.
—Por favor, leve Kathy até o pai dela. Foi um grande erro trazê-la comigo. Mas eu a amava… tanto!
As palavras saíam com dificuldade de seus lábios.
Janet, que continuava a segurar a mão da enferma, tranquilizou-a:
—Compreendo. Cuidarei de Kathy.
—Ele não deve… ficar zangado com ela.
Percebendo que a Condessa referia-se ao marido, asseverou-lhe num tom confortador:
—Tenho certeza absoluta de que ele ficará imensamente feliz em ter a filha de volta.
A Condessa fechou os olhos e continuou com a mão presa à de Janet. Esta olhou ao redor e notou que o médico e a enfermeira haviam se afastado para deixá-las à vontade.
—Não me arrependo do que fiz— a Condessa estava dizendo—, o amor é algo muito, muito maravilhoso! Mas Stafford… não me amava.
—O que importa é que foi muito feliz aqui! Aqui encontrou o amor.
—Fomos muito felizes— a enferma murmurou—, mas Kathy não pode ser punida por uma culpa que foi… apenas minha.
—Nào! É claro que nào!
—Leve-a de volta para a Inglaterra— a Condessa pediu numa voz sumida e lenta—, ensine-a a ser uma verdadeira inglesa, será melhor para ela se for assim.
—Tentarei, prometo-lhe que tentarei.
Olhando para a Condessa, ela pensou, com dor no coração, que era uma pena ser tão linda e tão jovem e estar tão irremediavelmente enferma. Ansiosa por dar um pouquinho de alegria àquela criatura que definhava, Janet disse novamente:
—Prometo-lhe que cuidarei de Kathy e a levarei para o pai.
—Você é… muito bondosa.
A Condessa tinha os olhos fechados, e sua voz foi quase inaudível. Notando que a mão que segurava tornara-se flácida, Janet compreendeu que a enferma perdia as forças, por essa razão devia deixá-la.
Levantando-se, ela fez uma prece silenciosa para que a Condessa morresse sem sofrer e que a felicidade que ela havia conhecido na terra não se perdesse na outra vida.
Janet atravessou o quarto e viu que o Dr. Pirelli a esperava perto da porta. Ambos deixaram o aposento da enferma, e o médico agradeceu-lhe com voz emocionada:
—Obrigado, minha querida… você foi mesmo muito bondosa, pois nenhuma outra pessoa poderia ter sido mais gentil.
—Sinto imensamente por ela. É de cortar o coração ver uma vida terminada, sendo a pessoa tão jovem.
—Ela viveu estes anos na mais perfeita felicidade, creio que não se pode pedir mais do que isto.
O médico falou com tal sentimento que fez Janet lembrar-se de que ele era viúvo.
Ambos seguiram pelo corredor, também cheio de quadros, obras de mestres, indo para o quarto de Kathy.
Era um cômodo ricamente mobiliado, havia brinquedos por toda parte; uma grande casa de bonecas ficava a um canto, e não muito distante dela via-se um cavalo de balanço.
Sobre o assoalho estavam espalhados inúmeros cubos, blocos e tijolinhos de brinquedo multicoloridos. Uma garotinha, sentada entre eles, tentava construir um Castelo, ajudada pela babá italiana.
Ao ver o médico, a garota deu um grito de alegria e correu até ele.
—Dr. Pirelli! Que bom que o senhor veio! Trouxe aqueles doces gostosos?
—Há uma caixa cheinha deles esperando por você lá em baixo, na minha carruagem. Prometi-lhe esses doces, desde que você fosse uma garota boazinha e não aborecesse sua mãe.
—Fiquei muito comportada— Kathy assegurou-lhe—, não é verdade, Giovanna?
A conversa estava sendo mantida em italiano