A Noiva Americana. Barbara Cartland

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A Noiva Americana - Barbara Cartland A Eterna Colecao de Barbara Cartland

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escritório, em direção à sala de estar principal.

      Para decorar aquele aposento, seu pai contratara um dos decoradores mais caros de Londres, que cobrira as paredes com brocados de seda e mandara pintar as colunas de dourado.

      O antigo Duque também mandara vir um pintor diretamente da Itália para elaborar a pintura do teto, que tinha como tema principal a figura de Vénus ladeada por dois cupidos.

      Aquela sala realmente era maravilhosa! Cada detalhe, cada objeto que a decorava estava em seu lugar, contribuindo para o conjunto elegante e luxuoso que o decorador concebera com muito refinamento.

      Seldon olhou para tudo aquilo e dirigiu-se até uma mesinha onde havia uma bandeja de prata repleta de garrafas de bebida. Seu pai sempre fizera questão de que, em cada aposento, existisse uma bandeja como aquela.

      Não que o Duque fosse uma alcoólatra, longe disso. É que ele não gostava de ser interrompido por criados quando estava a sós com alguma dama...

      Na bandeja, havia uma garrafa de champanhe num balde de gelo, e mais algumas de xerez, uísque e brandy. Ao lado, uma cestinha de prata trabalhada guardava sanduíches de paté de fígado.

      Desde criança, Seldon nunca vira ninguém comendo aquelas sanduíches, embora seu pai obrigasse os criados a repô-los, todas as manhãs e todas as noites, naquele mesmo local. Esperava ardentemente que, pelo menos, os criados os comessem, quando eram levados de volta à cozinha.

      Colocava um pouco de brandy num cálice, quando o mordomo abriu a porta e anunciou:

      —Lady Edith Burn, senhor!

      Surpreso, Seldon virou-se para a porta e viu entrar sua prima Edith, que, apesar de ter bem mais de quarenta anos, ainda era muito bonita e elegante.

      —Edith, que surpresa mais agradável! Pensei que você ainda estivesse nos Estados Unidos!

      —Voltei especialmente para vê-lo, Seldon querido. Para falar a verdade, desembarquei ontem em Southampton.

      Ela caminhou pela sala e sentou-se num lindo sofá de brocado azul, observando Seldon intensamente.

      —Bem, qual é o veredicto?— perguntou ele, sorrindo.

      Lady Edith riu.

      —Você não é tão modesto, Seldon, para não saber que é bonito e atraente e que muitas beldades inglesas estariam doidas para caírem em suas graças!

      —Duvido.

      —O que você quer dizer com isso?

      —Quero dizer que um Duque sem dinheiro e cheio de dívidas não agrada a nenhuma beldade, por mais bonito que seja...

      —Imaginei que você ficaria dececionado com o que lhe aguardava aqui, na Inglaterra...— murmurou Edith, com um pouco de tristeza na voz.

      —Para dizer a verdade, Lionel e eu sabíamos que papai não administrava bem nossa fortuna, mas eu não podia imaginar que a situação fosse assim, tão... catastrófica!

      Edith concordou com a cabeça.

      —Eu gostava de seu pai. Foi um dos homens mais fascinantes que já conheci em toda minha vida, mas, infelizmente, nunca desistia de nada que desejasse, por mais caro que fosse.

      —Fico feliz em saber que você gostava de papai. O problema é que, agora, terei que pagar as contas dele pelo resto da vida; e se eu não começar imediatamente a trabalhar, em breve passarei fome!

      Sua voz era amarga e Edith murmurou:

      —Sinto muito, Seldon querido.

      —Eu também. E sei que você e todos os nossos parentes também sentirão muito quando eu fechar o castelo e esta mansão, mas não vejo outra alternativa.

      —Será muito triste para todos nós.

      —Fossilwaithe acabou de sair, e deixou bem claro que a quantia em dinheiro que meu pai deve aos credores daria para subvencionar o Exército Britânico por uns dez anos mais!

      Sem esperar qualquer comentário de Edith, ele voltou-se para a bandeja de bebidas e perguntou:

      —O que você bebe, Edith?

      —Um cálice de xerez, por favor.

      Enquanto ela bebia, Seldon chegou à conclusão de que era ótimo ela ser a primeira a saber das más notícias. Entre todos os seus parentes, Edith era a mais inteligente e a que possuía mais juízo e bom senso.

      A história dela era muito triste. Aos dezoito anos, conhecera um homem muito mais velho do que ela, extremamente rico e bonito. Os dois se apaixonaram quase de imediato e decidiram se casar, o mais breve possível. Mas, como era muito comum na época, os pais de Edith exigiram que o casal noivasse por seis meses, antes do casamento.

      O noivo de Edith já havia passado vários anos viajando pelo mundo, tanto a passeio quanto a serviço da Inglaterra, junto ao governo de outros países. Logo após a festa de noivado, ele foi convocado para resolver um grave problema entre o governo britânico e o Sultão do Marrocos.

      Ele não pudera recusar a convocação, mas prometera a Edith que faria tudo para estar de volta pelo menos dois meses antes do casamento.

      O tempo passara e, na época em que deveria estar de volta, ele não havia aparecido.

      Um mês depois, ela implorara ao pai que se informasse na Embaixada sobre o seu paradeiro.

      Foi então que soubera que o homem tinha simplesmente desaparecido!

      O governo inglês tomara todas as providencias possíveis para encontrar seu ilustre súdito. Muitos meses depois, ficaram sabendo que ele tinha sido visto junto a uma tribo hostil ao Sultão. Na certa, era prisioneiro.

      Tanto a Inglaterra quanto o governo marroquino fizeram o máximo para localizar a tal tribo inimiga, mas todos os esforços foram em vão. Finalmente, após muitas procuras, as buscas cessaram. Só Edith continuou esperando...

      Dez anos depois, uma expedição inglesa encontrara a tribo que havia raptado o noivo de Edith. Ficaram sabendo, então, que ele havia morrido e foi só com esta notícia que Edith parou de esperá-lo.

      Depois disso, ela voltara a ter uma vida normal, mas nunca se casara. Havia viajado para todos os lugares possíveis, primeiro com seus pais, depois com uma dama de companhia.

      Edith tinha trinta e cinco anos quando publicara seu primeiro livro: Viagens ao Oriente; no ano seguinte, lançou o Viagens ao Ocidente.

      Sob o reinado da Rainha Vitória, todos apreciavam livros de viagem, e ela tornara-se uma celebridade.

      Sua vida independente fora alvo de muitas críticas, pois todos acreditavam que nenhuma mulher pudesse viver sem a proteção de um homem, e que era papel de uma jovem ficar em casa cuidando dos filhos, ou então dedicando-se à caridade, caso fosse solteira.

      Mas Edith ria daquelas críticas. Era uma mulher experiente e sensata e Seldon sabia que só ela poderia ajudá-lo a tratar o assunto de sua quase pobreza com o restante da família.

      —A

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