Desejo mediterrâneo. Miranda Lee

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Desejo mediterrâneo - Miranda Lee Sabrina

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num acidente de mota duas semanas antes do casamento. Depois, que ele soubesse, Veronica não saíra com outras pessoas. Nem sequer parecia ter muitos amigos. Transformara-se numa pessoa solitária, que continuava a viver com a mãe e que, praticamente, dedicava toda a sua vida à profissão que, naquele momento, exercia em casa.

      Laurence compreendia a sua dor. Também ficara devastado com a morte da esposa há vários anos. Ambos tinham imaginado que, algum dia, sofreria de cancro, devido à sua história familiar, mas fora um enfarte que a levara depois de quarenta anos de casamento. Fechara-se em copas durante muito tempo, mudara-se para a casa de férias que tinha na ilha de Capri e não voltara a olhar para outra mulher, mas aquilo acontecera-lhe com setenta e dois anos, não com a idade da filha, que continuava a ser muito jovem.

      Contudo, Veronica não seria jovem para sempre e o seu relógio biológico não ia esperar.

      Sabia muito daquilo porque era médico geneticista. Fora por isso que doara o seu esperma à mãe de Veronica. Fizera-o mais por arrogância do que por qualquer outro motivo, porque não quisera morrer sem transmitir os seus genes maravilhosos.

      Laurence abanou a cabeça. Sentia-se culpado. Pensou que devia ter entrado em contacto com a filha depois da morte de Ruth. E que devia ter estado ao seu lado quando ela perdera o noivo.

      Porém, já era demasiado tarde.

      Ele também estava a morrer, ironicamente, de cancro. De cancro do fígado. Já não podia fazer-se nada. O prognóstico não era bom e a culpa era dele. Depois da morte de Ruth, começara a beber demasiado.

      – Bati à porta – avisou um homem –, mas não me ouviste.

      Laurence levantou o olhar e sorriu.

      – Leonardo! Ainda bem que vieste. O que fazes aqui tão cedo?

      – Amanhã, é o septuagésimo quinto aniversário do meu pai – comentou Leonardo, enquanto entrava no terraço e se sentava ao sol do entardecer, que fazia brilhar o Mediterrâneo. – Dio, Laurence. És muito sortudo por ter esta vista.

      Laurence olhou para Leonardo e pensou que era muito bonito. E que estava cheio de vida. Era normal, só tinha trinta e dois anos e era um homem com múltiplos talentos, um homem que qualquer mulher acharia fascinante e irresistível.

      Aquilo deu-lhe uma ideia.

      – A minha mãe disse-me que te convidou para a festa, mas que não vens. Aparentemente, vais a Inglaterra amanhã, ao médico.

      – É verdade – confirmou Laurence, enquanto fechava o relatório para que Leonardo não o visse. – O meu fígado não está bem.

      – Estás um pouco amarelo. É grave?

      Laurence encolheu os ombros.

      – Com a minha idade, é tudo grave. Vieste jogar xadrez e ouvir música decente ou tentar comprar a casa outra vez?

      Leonardo desatou a rir-se.

      – Podemos fazer as três coisas?

      – Podes tentar, mas já sabes que a casa não está à venda. Podes comprá-la quando eu morrer.

      Leonardo olhou para ele com surpresa e ficou sério, algo pouco habitual nele.

      – Espero que demore muitos anos, meu amigo.

      – Isso é muito amável da tua parte. Abro uma garrafa de vinho ou não? – perguntou Laurence, levantando-se com o relatório na mão.

      – Tens a certeza de que é o mais sensato, dadas as circunstâncias?

      Laurence sorriu com amargura.

      – Não penso que um copo ou dois vá mudar alguma coisa.

      Capítulo 1

      Veronica sorriu enquanto acompanhava o último cliente à porta. Duncan tinha oitenta e quatro anos e namorada, apesar da sua ciática terrível, mas não era dos que se queixavam.

      – Até à semana que vem, Duncan.

      – Na semana que vem não posso vir, querida. Fazes-me muito bem, mas a minha neta faz vinte e um anos e vou a Brisbane para a festa. Tenciono ficar uma semana ou duas em casa do meu filho. Lá, está uma temperatura melhor. Ligo-te quando voltar.

      – Está bem, diverte-te, Duncan.

      Viu-o a afastar-se para casa. Quase todos os seus pacientes eram pessoas idosas que viviam na zona, embora também tratasse estudantes da universidade de Sidney. Sobretudo, homens jovens que jogavam râguebi e futebol e iam vê-la para que os ajudasse com as lesões.

      Sinceramente, preferia as pessoas idosas, pois não tentavam seduzi-la.

      Embora soubesse como livrar-se das insinuações, visto que o fazia desde a puberdade. Eram as consequências de ter nascido bonita. Não tinha sentido fingir que não era. Tivera muita sorte com o seu aspeto. Tinha um rosto bonito, o cabelo castanho e ondulado, uma boa pele e uns olhos grandes e cor de violeta.

      Jerome sempre lhe dissera que era uma beleza natural.

      «Jerome…»

      Veronica fechou os olhos por um instante e tentou não pensar nele, mas era impossível. A morte repentina do seu noivo fora muito difícil, contudo, o que mais lhe doera fora o que descobrira depois.

      Ainda não conseguia acreditar que era tão… retorcido.

      Fora muito ingénua. E vivera de perto o sofrimento da mãe com o sexo oposto e o seu cinismo no que dizia respeito ao assunto. Sempre gostara de homens. Gostara deles e admirara-os. Também soubera que alguns gostavam de brincar, mas sempre mantivera a distância desses.

      Também não era uma dissimulada, mas não suportava os homens que infringiam as regras da sociedade só porque sim, nem os homens desrespeitosos, insensíveis ou irresponsáveis. O seu homem perfeito, com quem sempre quisera casar-se, não seria nada daquilo. Seria um homem de sucesso, e preferivelmente bonito, mas o mais importante era que fosse uma boa pessoa. Ao fim e ao cabo, não seria apenas o seu marido, mas também o pai dos seus filhos. Veronica queria ter pelo menos quatro.

      Quando Jerome falecera, pensara que perdera o marido perfeito.

      No entanto, não era perfeito, nem de perto.

      Veronica cerrou os dentes enquanto ia para a cozinha. Pelo menos, continuava a ter o seu trabalho. Talvez não tivesse vida pessoal, nem fosse realizar o seu sonho de constituir uma família, talvez já não acreditasse no amor, mas continuava a ter vida profissional. Aliviar a dor de outras pessoas era algo que a satisfazia.

      Estava a pôr água a ferver quando o seu telemóvel tocou.

      Devia ser um cliente, porque não costumava receber muitas chamadas pessoais.

      – Sim?

      – É a menina Veronica Hanson? – perguntou um homem com algum sotaque. Possivelmente italiano.

      – Sim, diga – respondeu ela.

      –

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