Desejo mediterrâneo. Miranda Lee

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Desejo mediterrâneo - Miranda Lee Sabrina

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no mundo.

      – Leonardo Fabrizzi, o esquiador? – perguntou, sem pensar.

      Houve vários segundos de silêncio.

      – Conhece-me? – perguntou ele.

      – Não, não – respondeu ela, porque não o conhecia.

      Embora se tivessem visto uma vez, há muitos anos, na Suíça, mas não tinham sido apresentados, portanto, não a conhecia. Veronica conhecia-o porque, já nessa altura, ganhara um campeonato do mundo e era famoso pela sua temeridade, dentro e fora das pistas. Conquistara a fama de playboy e, naquela noite, quase se transformara em mais uma das suas conquistas.

      – Eu… ouvi falar de si – acrescentou, num tom ligeiramente trémulo. – É famoso no mundo do esqui e gosto de esquiar.

      De facto, durante uma época, estivera obcecada com o esqui, que começara a praticar com uma amiga que a levara com ela de férias.

      – Já não sou um esquiador famoso – explicou ele, bruscamente. – Reformei-me há muito tempo. Agora, sou apenas um homem de negócios.

      – Entendo – respondeu ela.

      Veronica também não voltara a esquiar desde a morte de Jerome.

      – E como posso ajudá-lo, senhor Fabrizzi? – perguntou, pensando que talvez estivesse na Austrália por negócios e precisasse de uma massagem.

      – Lamento ter de lhe dar uma má notícia – disse ele.

      – Uma má notícia? – repetiu Veronica, surpreendida. – Que má notícia?

      – O Laurence faleceu.

      – O Laurence? Que Laurence? – perguntou ela, não conhecia nenhum Laurence.

      – O Laurence Hargraves.

      – Lamento muito, mas esse nome não me diz nada.

      – Tem a certeza?

      – Sim.

      – Que estranho, porque ele conhecia-a. É uma das beneficiárias do seu testamento.

      – O quê?

      – O Laurence deixou-lhe uma coisa no seu testamento. Uma casa na ilha de Capri.

      – O quê? Isso é ridículo! Não está a fazer uma brincadeira?

      – Garanto-lhe que não é uma brincadeira, menina Hanson. Sou o testamenteiro. Se é a Veronica Hanson e vive em Glebe Point Road, em Sidney, na Austrália, é a dona de uma villa linda na ilha de Capri.

      – Mas isso é incrível.

      – Estou de acordo – confirmou ele. – Eu era amigo íntimo do Laurence e nunca o ouvi a falar de si. É possível que fossem família distante? Tio-avô ou uma coisa dessas?

      – Suponho que sim, mas duvido – admitiu Veronica.

      A sua mãe era filha única e o pai, que não conhecia, não podia ter aquele apelido inglês. Que ela soubesse, era um estudante letão que vendera o seu esperma por dinheiro.

      – Vou perguntar à minha mãe. Talvez ela saiba.

      – Admito que é estranho – concedeu o italiano. – Talvez o Laurence tenha sido seu paciente ou familiar de um paciente. Trabalhou em Inglaterra? O Laurence vivia lá antes de vir para Capri.

      – Não, nunca.

      Embora tivesse estado na ilha de Capri. Um dia. A fazer turismo. Há muito tempo. E recordava ter admirado as villas enormes e ter pensado que seria preciso ser muito rico para viver lá.

      Questionou-se se Leonardo Fabrizzi continuaria a ser rico. E se continuaria a ser um playboy.

      «Isso não te diz respeito», pensou.

      – É um mistério – continuou ele –, mas a questão é que poderá tomar posse da propriedade depois de os papéis estarem assinados e de pagar os impostos.

      – Que impostos?

      – Os impostos de sucessão, que serão consideráveis, tendo em conta a propriedade. Dado que não é parente do Laurence, oito por cento do valor de mercado da casa.

      – E quanto é isso exatamente?

      – A villa deve valer entre três milhões e meio e quatro milhões de euros.

      – Meu Deus! – exclamou Veronica, que tinha algum dinheiro poupado, mas não tanto.

      – Se isso for um problema, poderia emprestar-lhe o dinheiro, que me devolveria depois de vender a casa.

      A oferta surpreendeu-a.

      – Faria isso? Suponho que se demore algum tempo a vender semelhante propriedade.

      A solução parecia perfeita, mas Veronica preferiu ser precavida e não aceitar a oferta imediatamente.

      Ele devia ter sentido que hesitava.

      – Se o que a preocupa é que tente enganá-la – acrescentou –, pode pedir outra avaliação. Vou pagar-lhe do meu bolso, em dinheiro.

      Veronica revirou os olhos, não gostava das pessoas que se gabavam de ter muito dinheiro. Os pais de Jerome eram muito ricos e sempre a tinham feito ver que era muito sortuda por ir casar-se com o seu único filho.

      – Talvez queira um pouco mais de tempo para pensar – sugeriu o italiano.

      – Sim. Isto apanhou-me de surpresa, na verdade.

      – Mas é uma surpresa agradável, não é? – replicou ele. – Dado que não conhecia o Laurence pessoalmente, a sua morte não a afeta. E a venda da villa vai dar-lhe um bom dinheiro.

      – Suponho que sim.

      – Espero que não se incomode com a minha pergunta, menina Hanson, mas preciso de confirmar a sua data de nascimento, que aparece no testamento – indicou ele, lendo a data.

      – Sim, está correta, embora não saiba como esse tal Laurence podia saber isso.

      – Então, fez vinte e oito anos no passado mês de junho?

      – Sim.

      – É do signo gémeos.

      – Sim. Embora não seja o típico – replicou ela. – Acredita nos signos do zodíaco, senhor Fabrizzi?

      – É claro que não. Todos somos donos do nosso destino – declarou ele, com firmeza.

      Veronica achou-o um comentário arrogante, mas não lhe disse.

      – Então, tem a certeza de que não conhece nenhum Laurence Hargraves? – insistiu Leonardo.

      – Absoluta. E tenho muito boa memória.

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