O Cidadão Anulado E Outras Histórias. Foraine Amukoyo Gift

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O Cidadão Anulado E Outras Histórias - Foraine Amukoyo Gift

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você devia ter adivinhado que um de nossos valorosos jovens agiria rapidamente para repelir a sua ação impensada. Estou avisando: não ficará só nisso. Um exército irá defender os direitos do seu pai.

      - Quero ver vocês todos tentarem. Enterrarei o meu pai em Apele. Ele permanecerá em sua mansão e ninguém poderá me impedir.

      Para validar as suas palavras, Ovie bateu no peito, com tamanha força que seu tórax estremeceu.

      - Veremos. Vamos preparar os rituais de sepultamento do nosso parente. Observe como a luz ajudará o redil a encontrar a saída do deserto -, disse o velho homem religioso.

      Pegou um giz branco no bolso do peito de sua camisa e desenhou um círculo no chão. Olhou para o teto e entoou um canto inaudível enquanto um empregado trazia um galo branco com aparência meio fraca. Desamarrou as pernas do animal e cantou salmos em volta do caixão. O galo dançou no círculo e, em seguida, escapou para fora do recinto.

      Os aldeões deixaram a Prefeitura. Ovie continuava decidido a enterrar o pai na cidade. Era costume de filhos e filhas enterrar os seus nas aldeias, como era Godere. No entanto, o rapaz, criado na cidade, argumentava que nem todas as crianças haviam nascido na aldeia, então não era obrigatório seguir as normas locais.

      Ovie se voltou para o tio, Mamus: - Por favor, me diga como os nossos ilustres convidados se acomodarão na aldeia. Não há hotéis. Não há sequer um albergue para lhes dar o mínimo conforto. Aqueles ridículos insetos invisíveis quase me picaram até a morte quando vim marcar a data do enterro do meu pai. Darei a ele uma cerimônia de luxo, em grande estilo. Tio, o que o senhor acha?

      - Ovie, você quer a minha opinião honesta?

      Ovie desviou o olhar.

      - Pensei bastante e você já sabe a minha posição sobre o assunto. Se você tivesse sido uma pessoa responsável, teria construído um prédio na aldeia que acomodaria seus amigos da alta sociedade. Sabe por que os jovens estão fazendo isso?

      - Pode falar. Não que vá fazer algum sentido, mas..., - disse Ovie.

      Mamus balançou a cabeça. - Vou falar para você: muitos filhos e filhas de Godere tendem a construir mansões na cidade e nem um alicerce sequer em Godere. Os nossos jovens, ao contrário, se dedicam a esse costume com paixão, a fim de mostrar às pessoas os benefícios de construir na aldeia não apenas as suas moradias, mas também as indústrias, que permitirão a transformação do lugar em município. Seu pai queria ser enterrado em casa e, assim, devemos satisfazer o seu desejo. Era a sua vontade. Acho que conforto para convidados não é o único motivo para esse show que você está fazendo. Você fala como se fosse um rei e age como um guarda palaciano comum. Ou você também pode adiar o funeral do seu pai até construir um grande hotel ou uma pousada!

      Ovie olhou para o tio com desprezo e saiu furioso da Prefeitura.

      ******

      No dia do enterro, os jovens de Godere alugaram uma caminhonete para ir a Apele. Ovie havia levado a polícia para proteger o corpo no necrotério. Os jovens, enraivecidos, enfeitiçaram os policiais e recolheram as suas armas. Eles ficaram completamente paralisados, enquanto os rapazes entravam no necrotério e carregavam o caixão.

      O ataúde foi colocado no carro e só então os policiais foram liberados do feitiço, recebendo fortes bofetadas nas suas faces e chutes em seus traseiros.

      - Este é um aviso razoável para nunca mais se meterem nas atividades dos jovens de Godere. Vamos poupar a vida de vocês. Hoje é o dia sagrado do ritual de passagem do nosso irmão. Vocês tiveram sorte porque a nossa guerra não é com vocês, mas com aquele filho desorientado do finado -, advertiu o líder dos jovens, fazendo um movimento de ameaça.

      Antes de entrar no veículo, os jovens lançaram olhares de intimidação para os oficiais que, com medo, correram até desaparecer.

      O Inspetor do pelotão era novo naquela área. Os subordinados mais jovens haviam resistido à tarefa de tomar conta do corpo, mas ele os havia ameaçado de perder o emprego.

      - Chefe, agora entende o que tinha lhe dito? Ninguém cria confusão com os jovens de Godere, - disse um sargento ao Inspetor, que secava pequenas gotas de suor em sua testa.

      Os Soldados da Paz não costumavam interferir nas brigas que a comunidade de Godere se envolvia. Qualquer Comandante de Segurança nomeado para aquela localidade sempre colocava pressão para ser transferido. Quando as situações corriam mal, não era fácil restabelecer a harmonia na comunidade. Os Soldados da Paz, normalmente, permaneciam na periferia. Eles temiam que os conflitos entre os grupos pudessem dominá-los durante a noite, quando estivessem nos alojamentos temporários.

      Antes de sair de Apele, os jovens se dirigiram para a mansão dos parentes. Lá, espalharam as tendas e derrubaram mesas e cadeiras. Alguns levaram os carrinhos de comida e bebida. O enterro aconteceu em Godere.

      Ovie ficou tão furioso ao descobrir, que bateu com a palma da mão com força na parede: - Droga! Não posso crer que eles tenham tirado o corpo do meu pai tão facilmente.

      Um amigo pegou no seu ombro com firmeza: - A força dos rapazes era mais poderosa, Ovie, deixe estar. Que a alma do seu pai descanse em paz. Você já perturbou muito o corpo dele. Acho que deveríamos ir à aldeia pedir desculpas.

      Ovie afastou a mão dele para o lado.

      - Dave, você se preocupa com coisas muito pequenas. Meu pai ainda não foi enterrado. Eles não ousariam.

      - Você estava surdo quando o tio Mamus disse que assistiu o sepultamento? Você estava cego quando ele nos mostrou fotografias da cerimônia? Ovie, entenda uma coisa de uma vez por todas: eles colocaram seu pai debaixo da terra. Acabou.

      - Não, não acabou. Temos de exumar o corpo e enterrá-lo no devido lugar.

      - Acho que você enlouqueceu; está muito quente aqui...

      Dave foi ao bar e se serviu de um copo de suco com cubos de gelo.

      - Não estou. Mas vou ficar. Vou ficar maluco se não fizermos o que é certo para o meu pai.

      - Esqueça, Ovie. Seu pai está descansando tranquilamente em Godere. Nós devemos nos desculpar.

      - Vamos pegar o seu corpo. Por favor, diga que concorda, Dave, temos de fazer isso. Você prometeu que me apoiaria.

      - Bem, acho que cheguei ao limite dessa promessa altruísta que fiz. Por favor, me exclua dessa tarefa - disse Dave, tomando um gole d´água e se afastando.

      - Pode pegar o primeiro voo de volta pra cidade, se quiser - retrucou Ovie - eu mesmo farei isso. Dave ergueu uma sobrancelha.

      A mãe de Ovie entrou.

      - Você não vai fazer isso. Filho, o que houve? Foi assim que seu pai e eu o educamos? Pelo amor de Deus, o que está acontecendo com você? Pare com essa tolice, por favor.

      Ovie, com o dedo em riste para a mãe, afirmou:

      - A senhora é uma traidora por ter

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