¿Qué será de ti? / Como vai você?. Luis Angel Aguilar

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¿Qué será de ti? / Como vai você? - Luis Angel Aguilar Poesia

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mal sabia formular

      os teus olhos perdidos na neblina

      (não sei se eram teus olhos que eu buscava

      tampouco sei se era você)

      teus olhos estavam voltados para dentro em uma acrobacia nunca vista

      havia também os óculos e o suor havia os rasgos do teu rosto as rugas alguma ferida

      havia alguma ferida mal cicatrizada

      essas marcas o pó a brisa acinzentada que tingia os vidros o mofo nas páginas dos livros

      tanta coisa preenchia o espaço entre a minha pele e a tua

      (e eu nem sabia se eram teus olhos ou algo que estava por trás deles

      por trás da acrobacia que teus olhos faziam)

      tanta coisa prendia nossa respiração

      que eu devia me fazer lúcida e aguardar

      um banco a vontade de ir ao banheiro o café morno da garrafa

      o cenário de uma vida em que os livros envelhecem antes dos corpos

      eu não podia lamentar minha presença nem a dos papéis craft enrolados a coleção de papéis com as pontas amassadas

      os arquivos de metal

      era preciso ter algo por onde passear os olhos os meus olhos

      (não sei se eram os teus que eu buscava

      ou se buscava fugir)

      passear os olhos no cartaz de uma peça da década de setenta o pôster de uma tourada espanhola o cardápio de um restaurante italiano em um vilarejo medieval

      como fugir destes monumentos mínimos de uma vida

      qual seria esta espera

      teus olhos voltados para trás da cabeça e a minha pergunta reverberando entre as paredes entre o mofo das paredes

      a minha pergunta grudada na umidade quente e abafada de um meio dia no centro da cidade

      a minha pergunta que não chegava até você que não chegava em teus olhos voltados para dentro que não alcançava a acrobacia dos teus olhos e ficava pregada na fuligem dos ônibus nos ruídos que se misturavam com as palavras com as nossas palavras

      nossas vozes que eram só fumaça e confusão algum pequeno fio que nos mantivesse ali que nos prendesse mesmo que momentaneamente entre aquelas estantes abarrotadas de livros caixas papelões objetos de acrílico de madeira jogos que já nem se fabricam mais

      (e eu nem sei se era você que estava ali

      por trás da minha respiração)

      a imagem no aparador é mera alucinação

      um meio nariz mal delineado a quarta parte de um olho

      o queixo um pedaço de gola

      a sombra de um tronco infantil

      seria uma lembrança não fosse o fato

      de não me reconhecer nestas unhas que saem de dedos compridos

      no modo de cruzar as pernas

      curvar o corpo inclinar o pescoço para a esquerda

      para a direita

      piscar nervosamente a quarta parte de um olho negro

      cravado numa pele transparente

      seria mera alucinação?

      uma das mãos se mantém fechada

      enquanto seguro o guarda-chuva e procuro

      dentre os pedaços dispersos

      o outro braço que alcançaria a maçaneta da porta a meu lado

      Poemas

      (1)

      los libros la moqueta la pila de los libros en el suelo el estante repleto de libros

      el espacio sin lugar para respirar

      el polvo de los libros

      yo me volvía lúcida en medio del humo del cigarrillo que se mezclaba con el polvo

      la contaminación del centro de la ciudad al mediodía

      la larga espera

      y yo te miraba a la cara con una pregunta insoluble

      que apenas sabía formular no podía hacer

      tus ojos perdidos en la niebla

      (no estoy segura si tus ojos eran lo que buscaba

      tampoco sé si eras tú)

      tus ojos se volvieron hacia el interior en una acrobacia nunca vista

      había también las gafas y el sudor había los rasgos de tu frente las arrugas alguna herida

      había alguna herida mal cicatrizada

      esas marcas el polvo la brisa gris que teñía los cristales el moho en las páginas de los libros

      tanto llenaba el espacio entre mi piel y la tuya

      (y yo ni siquiera sabía si eran tus ojos o algo que estaba detrás de ellos

      detrás de las acrobacias que hacían tus ojos)

      tanto nos quitaba la respiración

      que yo debía volverme lúcida y esperar

      en un banco el deseo de ir al baño el café tibio de la botella

      el escenario de una vida en la que los libros envejecen antes que los cuerpos

      yo no podía lamentar mi presencia ni la de los papeles de estraza en rollo la colección de papeles arrugados en la punta

      los archivos de metal

      era necesario tener algo por dónde pasear los ojos mis ojos

      (no estoy segura si eran los tuyos lo que yo buscaba

      o si trataba de huir)

      echar un vistazo a un cartel de una pieza de teatro de los años setenta el cartel de una corrida de toros española o un menú de un restaurante italiano en un pueblo medieval

      cómo huir de estos monumentos mínimos de una vida

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