Interseção Com Nibiru. Danilo Clementoni

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Interseção Com Nibiru - Danilo Clementoni

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uma hora e doses enormes de analgésicos e várias aplicações de pomadas, os dois comparsas estavam quase novos em folha.

      Depois de se olhar no espelho pendurado na parede perto da porta de entrada, o magro disse com um sorriso: — Agora podemos ir — e passou para o quarto. Ele apareceu de novo logo depois, segurando dois uniformes militares norte-americanos passados a ferro.

      — Onde conseguiu? — perguntou o gordo surpreso.

      — São parte do kit de emergência que trouxe comigo. Nunca se sabe.

      — Você é totalmente maluco — disse o gordo, sacudindo a cabeça ligeiramente. — E o que devemos fazer?

      — Este é o plano — disse o magro, com um ar satisfeito, jogando para o colega o tamanho extra grande. — Você será o General Richard Wright, diretor de uma agência ultrassecreta do governo, que ninguém conhece.

      — Obviamente, se é ultrassecreta. E você?

      — Serei seu braço direito. Coronel Oliver Morris, a seu serviço, senhor.

      — Então sou seu superior. Gosto disso.

      — Mas não se acostume muito, ok? — disse o sujeito magro, erguendo o dedo indicador. — E esses são nossos documentos, com nossos distintivos.

      — Caramba! Parecem reais.

      — E isso não é tudo, meu velho — e mostrou ao outro uma folha de papel timbrado, assinada pelo Coronel Jack Hudson. — Essa é a solicitação oficial de transferência de prisioneiros para um "local seguro".

      — Onde raios conseguiu isso?

      — Imprimi mais cedo, enquanto você estava no banho. Pensou que era o único mago dos computadores?

      — Estou impressionado. É até melhor que o original.

      — Vamos entrar na base militar e deixar que entreguem o General. Se eles se oporem, podemos dizer a eles para contatar diretamente o Coronel Hudson. Não acho que celulares funcionam no espaço — e ambos deram muitas gargalhadas.

      Por volta de uma hora depois, quando o sol se escondia por trás de uma duna alta de areia, um jipe militar, levando um Coronel e um General em uniformes de gala, parou na entrada da base aérea de Imam Ali ou Camp Adder, como os americanos a rebatizaram durante a guerra do Iraque. Dois militares, armados até os dentes, saíram da guarita blindada, e se moveram rapidamente em direção ao veículo. Dois outros, à distância, mantinham a visão nos passageiros.

      — Boa noite, Coronel — disse o soldado mais próximo, dando uma elegante saudação militar. — Posso ver seus documentos e do General, por favor?

      O Coronel magro e alto que estava sentado ao volante não disse nada. Ele tirou um envelope amarelo do bolso interno da jaqueta e entregou ao soldado. Este levou algum tempo lendo e apontou a lanterna nos rostos dos dois algumas vezes. O General visivelmente sentiu uma gota de suor que, a partir do galo em sua testa, começava a escorrer lentamente pelo nariz, e então cair no terceiro botão da sua jaqueta, que estava absurdamente tesa pela força do enorme estômago por debaixo.

      — Coronel Morris e General White — disse o militar, novamente apontando a lanterna no rosto do Coronel.

      — Wright, General Wright! — respondeu o Coronel magrelo num tom irritado. — Qual é o problema, Sargento, não consegue ler?

      O Sargento, que pronunciara o sobrenome do General incorretamente de propósito, sorriu ligeiramente e disse: — Arranjarei para que alguém os acompanhe. Sigam esses homens — e com um aceno, ordenou aos dois militares para os levarem à prisão.

      O Coronel ligou devagar o motor do jipe. Ainda não havia andado uns doze metros, quando ouviu um grito: — Pare, senhor!

      O sangue gelou nas veias dos dois ocupantes do veículo. Permaneceram imóveis por longos momentos, até a voz continuar, dizendo: — Esqueceram seus documentos.

      O corpulento General deu um suspiro de alívio tão grande que todos os botões do seu uniforme quase estouraram.

      — Obrigado, Sargento — disse o homem magro, estendendo a mão ao soldado. — Estou envelhecendo mais cedo que pensei.

      Eles partiram de novo no jipe e seguiram os dois soldados, que prosseguindo em ritmo acelerado, rapidamente os levaram à entrada de um edifício baixo e definitivamente desgastado. O soldado mais jovem bateu na enorme porta e entrou sem esperar resposta. Em seguida, um grande homem negro, completamente careca, com listras de sargento e rosto de valentão, apareceu na porta e ficou em posição de sentido. Fez uma saudação e disse: — General, Coronel. Entrem, por favor.

      Os dois oficiais saudaram em resposta, e tentando ignorar as várias dores que começavam a reaparecer, entraram na grande sala.

      — Sargento — disse o sujeito magro com determinação. — Temos aqui uma ordem escrita do Coronel Hudson nos autorizando a levar o General Campbell — e entregou ao outro o envelope amarelo.

      O enorme sargento abriu e ficou lendo o conteúdo. Então, olhando fixamente com olhos penetrantes e escuros os do Coronel, proferiu: — Terei de verificar.

      — Prossiga — respondeu o oficial tranquilamente.

      O enorme homem negro tirou outra folha de papel de uma gaveta na mesa e comparou-a cuidadosamente com a que estava em sua mão. Olhou de novo para o Coronel e sem mostrar emoção, acrescentou: — A assinatura é a mesma. Importa-se se eu ligar para ele?

      — É seu dever. Mas vamos ser rápidos, por favor. Já perdemos muito tempo — respondeu o Coronel magrelo, fingindo estar prestes a perder a paciência.

      De nenhum modo assustado, o sargento lentamente levou a mão ao bolso do uniforme e tirou seu celular. Digitou um número e esperou.

      Os dois oficiais prenderam a respiração até o militar, depois de apertar um botão no celular, comentar laconicamente: — Fora de alcance.

      — Então, sargento, vamos andando? — exclamou o oficial num tom mais autoritário que antes. — Não podemos ficar aqui a noite toda.

      — Vá e traga o General — o enorme sargento ordenou a um dos soldados que acompanhara os dois oficiais.

      Após alguns minutos, um homem completamente calvo, com um enorme bigode e sobrancelhas cinzentas, e dois pequenos olhos brilhantes, apareceu na porta atrás do sargento. Usava uniforme de General, mas faltava uma das estrelas de ordenança no ombro direito. Estava algemado e atrás dele, o soldado de há pouco, o mantinha na mira.

      O General deu um salto ao ver os dois oficiais, e então, adivinhando o plano, permaneceu quieto e tentou parecer tão triste quanto podia.

      — Obrigado, soldado — disse o Coronel magricelo, retirando sua Beretta M9 do coldre. — Agora levaremos esse patife.

      Astronave Theos - Plano de ação

      — Não é emocionante pensar que nós dois vamos salvar a Terra, amor? — disse Elisa, olhando para o Coronel como um gato mimado, ao procurar a mão dele.

      — Amor? Não é cedo demais para

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