Ligação De Sangue (Ligação De Sangue – Livro 5). Amy Blankenship
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Ligação de Sangue
Capítulo 1
A cidade de Los Angeles estendia-se à sua volta num caleidoscópio de cores e luzes intermitentes. Os sons distantes da vida urbana ecoavam nos seus ouvidos, mas Syn não lhes prestava atenção, escutando em vez disso o sussurro da brisa suave que se movia à sua volta. Estava de pé, em equilíbrio perfeito, no pico de um dos edifícios mais altos da cidade, com os pés a tocar apenas no seu pináculo.
Syn tinha as mãos enterradas nos bolsos das calças, enquanto a sua gabardina esvoaçava atrás de si como uma capa longa que parecia desaparecer e surgir de novo de forma aleatória, como se tivesse vida própria. O vento afastara o seu longo cabelo escuro, revelando no seu rosto uma beleza intemporal, do tipo que raramente se vê neste mundo.
Tinha tomado a precaução de colocar um escudo sobre a sua aura para se proteger de todas as criaturas que o pudessem detetar, mas conseguia sentir essas auras no chão, bem lá em baixo. A andar nas suas vidas entre os humanos, praticamente sem preocupações.
Olhando para o terraço da cobertura diretamente por baixo de si, sorriu maliciosamente quando ouviu Damon entregar a Alicia a pedra de sangue. Colocou-a dentro dela para que ela pudesse estar sempre protegida da perigosa luz solar, que ameaçava a sua nova existência. Syn tinha orgulho na sua nora, alguém que desafiasse Damon e o mantivesse alerta em relação a tudo aquilo que era importante.
O seu sorriso afetado alargou-se quando os gritos de dor dela foram brevemente seguidos por gemidos de prazer e ele acenou a cabeça em aprovação. Ele mal podia esperar para conhecê-la.
Syn focou uma vez mais o seu olhar de tom ametista na cidade e viu as sombras escuras e malignas, mesmo em zonas de luz. Coisas que os outros não conseguiam ver. Ele não compreendia porque é que os seus filhos tinham decidido lutar nesta guerra contra os demónios. Na sua mente, ele via os demónios da mesma forma que via os humanos. Não se importando realmente com nenhuma das espécies. No entanto, os seus filhos e a sua obstinada alma gémea tinham decidido fazer-lhes frente, escolhendo proteger aqueles que não conseguiam defender-se face a tal guerra.
Um pequeno sorriso assomou-lhe os lábios quando se lembrou da sua esposa… A sua alma gémea. Ela torcia sempre pelo mais desfavorecido, defendendo sempre os que eram considerados fracos. Ele imaginava que pouca coisa tivesse mudado desde as suas vidas anteriores. A alma era a mesma, independentemente de quantas vezes renascesse. Ela olhara para ele como inimigo uma vez, simplesmente porque o seu poder era muito superior ao da maioria no seu mundo. Ela demorou anos a mudar de ideias.
O sol já espreitava sobre o horizonte e Syn levantou o rosto para saudá-lo, permitindo que a luz fluísse por ele, sentindo a enorme quantidade de energia e preenchendo o seu corpo com ela. Syn sabia que os seus filhos tinham escolhido viver uma vida humana. Algo que ele nunca tinha tentado até agora. Outro indício de sorriso passou pelos seus lábios perfeitos quando uma ideia interessante lhe ocorreu.
Sim, poderia ser bastante divertido juntar-se a eles, já que a sua alma gémea também achava que era uma mera humana e vivia pelas suas leis. Ia juntar-se a eles, aproximar-se dela e convencê-la de que ele não era o inimigo, nem dela nem de ninguém. Desta vez, ia manter a maioria dos seus poderes ocultos para que ela não se sentisse tão ameaçada por ele. Ia tornar-se seu aliado, seu amigo e depois, uma vez mais, o seu companheiro.
*****
Misery sentou-se numa rocha, balançando as pernas para trás e para a frente, agitando os seus caracóis loiros com cada movimento. Tinha estado muito ocupada nessa semana, recrutando demónios para o seu exército crescente. Mesmo agora, alguns deles mantinham-se escondidos na escuridão que a rodeava, observando curiosamente.
A maioria dos demónios que reunira eram fracos, sem grandes poderes a referir, mas um soldado era mesmo assim. Por si só, era débil. Mas reunidos num exército, poderiam abrir caminho por entre os inimigos mais fortes sem receio quanto às suas próprias baixas.
Esta noite, Misery tinha sentido o poder de uma aura antiga na floresta que rodeava um dos lados da cidade e tinha-a seguido até uma gruta profunda. A energia malévola erguera-se na direção dela, tentando afastá-la da sua casa, mas Misery apenas achara divertido o seu esforço. Isso até a força a empurrar fisicamente para trás.
Quando ela se levantou para encarar o demónio, tudo o que viu foi um corvo sentado numa pedra com as asas eriçadas. Ao procurar a sua alma negra, Misery acalmou-se ao perceber que esta ave era um dos mestres antigos que ficara esquecido quando os caídos levaram os outros para o submundo.
Este demónio tinha-se fundido com o cenário e fizera ali a sua casa. Os Nativos Americanos deste território consideravam o demónio como um grande espírito a ser adorado e reverenciado e, com essa adoração, o mestre demoníaco tinha-se fortalecido.
Misery conseguia sentir o sabor da raiva que este demónio tinha contra os humanos pálidos que deambulavam livremente pelas suas terras e procurou tirar partido disso. Ela faria um acordo com o demónio, em vez de lutar contra ele. Uma batalha que ela sabia agora que teria perdido. O demónio antigo pareceu agradado com a ideia de libertar a sua espécie da sua prisão dimensional e deu-lhe instruções para que realizasse um sacrifício de sangue… Uma das ferramentas de que ele iria precisar para ajudá-la antes de voar na direção da floresta.
Quando Misery voltou à caverna com dois vampiros e um homem semiconsciente e fascinado, o espírito malévolo já a aguardava. Os olhos vermelhos e reluzentes do corvo fixavam-na de forma penetrante antes da ave levantar voo. Misery seguiu-a, embrenhando-se na floresta mesmo até ao limite da reserva de caça. Entrara numa pequena clareira e foi com alguma surpresa que viu um velho sentado junto a uma grande fogueira.
“Chamo-me Black Crow”, afirmou o velho.
Misery acenou respeitosamente. Lembrou-se das formas sagradas de lidar com o poder de um demónio que fosse superior ao seu próprio poder. “Sou a Misery”.
Black Crow riu-se em tom de escárnio. “O que sabes tu da verdadeira miséria?”
Misery permaneceu em silêncio, mordendo a língua para evitar responder. Ela tinha poder e ele sabia-o. Ela tinha a certeza de que ele conseguia senti-la da mesma forma que ela o sentia a ele.
Black Crow levantou-se e aproximou-se deles. Ela observava a sua aparência humana e não conseguia compreender porque é que alguém tão poderoso havia de escolher um corpo tão frágil. Ele parecia idoso, muito velho e enrugado, com longos cabelos brancos, e vestia calças de pele curtida de veado. A camisa era feita da mesma pele de veado e adornada com contas e penas. Trazia uma pequena bolsa pendurada na anca e tinha mais penas entrançadas no cabelo acima de uma orelha.
Black Crow esticou o braço de forma abrupta e levantou a cabeça do humano pelo cabelo para olhar para o seu rosto. “Este serve perfeitamente”, disse ele e voltou para junto da fogueira.
“O que queres que faça?” Perguntou Misery.
“Temos de aguardar”, proferiu Black Crow e adicionou mais troncos à fogueira.
Misery deu azo à sua irritação: “Aguardar o quê, ancião? Eu não tenho a eternidade. A minha guerra irá acontecer com ou sem a sua ajuda.”
Ignorando-a, Black Crow juntou mais lenha à fogueira e começou a cantar. Misery estava prestes a afastar-se quando deu por si congelada. Conseguia sentir os seus poderes a serem sugados e a sua forma juvenil começou