Futuro Perigoso. Mª Del Mar Agulló

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Futuro Perigoso - Mª Del Mar Agulló

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tenho nada pra vestir – reclamou Carolina, quando elas voltaram a ficar sozinhas.

      – Eu posso emprestar algumas roupas pra você.

      – Vamos juntas pra uma loja de roupas amanhã?

      – A gente tem muito o que fazer – disse ela, com os braços abertos.

      – Eu preciso de você, você tem estilo. Não vai te fazer mal tirar uma manhã de folga. Quando foi a última vez que você não trabalhou?

      – Carolina, hoje eu dormi a tarde toda.

      – Isso é normal, você quase não dorme.

      – Tá bom, eu vou com você – concordou Keysi, que se aproximou do computador, colocou o dedo no reprodutor de música e clicou em As Fadas, de Wagner.

***

      Elas chegaram a uma loja de roupas, aberta 24 horas por dia, por volta das oito da manhã. Os funcionários da loja eram dois hologramas inteligentes que eram ativados por voz. Keysi e Carolina entraram na loja de roupas, passando suas pulseiras na frente da tela de identificação.

      As pulseiras que usavam criavam um avatar personalizado muito realista para todas as lojas, visível pelo celular. Ao aproximar a pulseira do código de identificação de cada peça, o avatar automaticamente colocava a peça, para uma visualização melhor e com mais precisão de como ela se encaixaria, sem a necessidade de experimentá-la. Poucas lojas continuavam mantendo os provadores.

      A porta de saída era diferente da de entrada. Se a pessoa quisesse sair, precisava passar por um scanner, que detectava se ela estava usando roupas que não foram pagas; nesse caso, a porta não abria, impedindo que a pessoa saísse. No início da implementação do sistema de scanner nas lojas, houve problemas, e muitas vezes os códigos não eram bem identificados, fazendo com que as pessoas não conseguissem sair.

      – Eu não gostei de nada – Carolina olhava para as roupas, pouco convencida.

      – Que tal essa? – Keysi mostrou a ela uma camiseta amarela com decote em V e ombros em forma de dodecaedro.

      – Eu queria uma coisa mais chamativa.

      A inglesa aproveitou o momento para falar sobre Jacinto.

      – Por que você não dá uma chance pra Jacinto?

      – Ele não me pediu.

      – Você sabe o que ele sente por você.

      – Eu sei o que você acha.

      A britânica começou a olhar um vestido verde em um canto distante. A parte de baixo era mais clara, enfeitada com contas de prata.

      – Você devia levar, ia ficar bem em você – disse Carolina, aproximando-se por trás.

      – Custa setecentos simeões, é muito.

      – Ok, se você não comprar, eu compro pra você.

      – Não, Carolina, é muito dinheiro.

      – Keysi, é o meu dinheiro, e, se eu quiser te dar um vestido, eu dou. Você passa o dia no laboratório, não faz mal que alguém te dê um presente. Aliás, você já encontrou uma casa? Porque ter que continuar morando com seu ex… enfim, deve ser complicado.

      – Não é, a gente tá se dando bem. E não, não encontrei nada que eu goste, são todas casas antigas.

      – As casas antigas tão na moda agora, eu mesma moro em uma.

      – Eu nunca morei em uma. Em Birmingham, eu morava em uma casa que era tipo um chalé, bem moderna. Na Alemanha, também tinha um Sistema de Controle, assim como aqui.

      – Você não quer tentar? Digo isso porque tem um quarto vazio no meu apartamento.

      – Eu não me vejo morando com outras pessoas.

      – Você acha que sobreviveria sem que as luzes se acendessem sozinhas ou tendo você mesma que dar a descarga?

      – São avanços, facilitam a nossa vida.

      – Também geram desemprego. Debaixo da minha casa tem um restaurante retrô. Ninguém entra. No final, vai acabar fechando.

      – Gosto mais dos retrôs do que dos modernos, mas admito que vou muito mais nos modernos porque são mais rápidos.

      – Sim, é verdade, mas a comida é uma merda.

      – Não em todos.

      – Tá, pode ser que em toda Maiorca tenha uns dois ou três que sirvam comida boa, mas em outros lugares também não é tão ruim. Quer dizer, a comida dos robôs pessoais de cozinha é muito boa.

      – É verdade. Acho que é porque já existiam há séculos e foram melhorando, e, como nos restaurantes modernos as pessoas não reclamam, e mais e mais pessoas vêm, eles não melhoram.

      – Muitas pessoas reclamam, mas da boca pra fora.

      – Veja! – Keysi apontou animada para um longo vestido vermelho escuro com mangas compridas. – Leve esse, tenho certeza que vai ficar lindo em você.

      Carolina se aproximou e passou o pulso pelo código da peça. Automaticamente, seu avatar pessoal vestiu a roupa, convencendo-a do resultado.

      – Adorei, Keysi, muito obrigada por encontrar. Se dependesse de mim, eu não teria visto.

      – Não tem de quê. Mas se você me der o vestido verde, eu te dou o vermelho.

      – Me parece justo.

***

      Dois dias depois, Carolina acreditava ter encontrado um antígeno para o vírus da Austrália.

      – Acho que consegui – disse Carolina, depois de pausar a música.

      – Deixe eu dar uma olhada – Keysi revisou os dados. – Tomara que funcione.

      – Vou chamar Clara.

      Antes que a maiorquina saísse da sala, Norberto apareceu.

      – Onde você tava indo?

      – Avisar pra Clara que eu tenho um possível antígeno pro vírus da Austrália.

      – Ótimas notícias, mas lembre que você pode avisar ela daqui – Norberto apontou para o teledor, um instrumento que permitia a comunicação com todo o laboratório por meio de ligações ou videochamadas.

      – Eu pensei que, pela importância da notícia, eu deveria contar pessoalmente.

      – Tá bom. Tenho que contar uma coisa, e vocês não vão gostar. – Norberto ficou sério. – Na próxima semana, um grupo de virologistas chineses do prestigiado laboratório Árvore Alta vai nos visitar. Não se trata de uma visita de cortesia, eles querem ver como trabalhamos e, é claro, querem trabalhar com vocês enquanto estiverem aqui.

      – Mas isso pode atrasar nosso trabalho – reclamou a inglesa.

      – De fato, esse é o meu maior receio.

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