Futuro Perigoso. Mª Del Mar Agulló

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Futuro Perigoso - Mª Del Mar Agulló

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tipo de câncer, motivo pelo qual ele decidiu se tornar biólogo. Por várias décadas, as pessoas não morreram de doenças, mas um dia, uma mulher, em sua casa em Paris, começou a ficar doente. Depois de três horas, ela morreu por causa de um vírus. Desde então, os vírus se multiplicaram, e novos laboratórios eram abertos todos os dias para estudá-los em busca de uma cura. – A prioridade desse vírus é três. Se aumentar o número de vítimas, vai subir pra dois. – Norberto apontou para um pequeno frasco oval contendo uma substância de um tom amarelo esverdeado. – Esse aqui é um vírus encontrado aqui na Espanha, especificamente na província de Sória. Foi detectado ontem à noite; logo depois, uma de nossas equipes foi pra lá imediatamente pra coletar amostras. Afetou duas pessoas, um casal de idosos. A mulher morreu algumas horas depois do contágio, que foi entre duas e seis horas antes; o marido ainda tá vivo. A prioridade desse vírus é nível nove. E, por último, temos esse outro vírus – Norberto pegou uma garrafa cilíndrica contendo um líquido azul-claro. —, que vem de uma montanha fria da Noruega. Foi descoberto por acaso. Um alpinista tava passeando nas montanhas quando começou a se sentir mal e a sangrar pela boca. Ele correu o máximo que pôde até um abrigo de montanhistas, onde, já inconsciente, foi levado pra um hospital. O alpinista chegou ao hospital em parada cardíaca. Por sorte, conseguiram fazer a reanimação, e ele ainda tá vivo. Todos os alpinistas do abrigo começaram a sofrer os mesmos sintomas minutos depois, assim como aqueles que tavam no hospital naquele momento. Algumas horas depois, o hospital tava em quarentena, e continua até agora.

      – Meu Deus, quantos infectados temos agora? – perguntou Keysi, que estava boquiaberta.

      – Umas quinhentas pessoas até essa manhã, pode ser que agora já tenha alcançado mil. É muito contagioso, e o pior é que não sabemos a forma como se espalha.

      – Quando tudo isso aconteceu? – perguntou Carolina.

      – Ontem à tarde. Sairá no jornal do meio-dia. Tem prioridade dois. Meninas, ao trabalho.

      – Espere, por que temos uma amostra desse vírus tão rápido? – perguntou Carolina.

      – Nos enviaram de um laboratório da Noruega. Segundo eles, somos os melhores.

      O laboratório de Norberto, O Farol da Luz, tinha prestígio internacional. Para trabalhar lá, primeiro era necessário passar por uma série de exames teóricos e práticos muito exigentes.

      A pesquisa de antígenos tinha um grau de prioridade de um a nove, sendo um o maior grau. No início, o nível da prioridade foi delimitado pelo número de mortes, que depois foi alterado para o número de infectados, até que, no final, cada laboratório passou a escolher a prioridade de acordo com seu próprio sistema. O laboratório de Norberto escolhia a prioridade de encontrar um antígeno com base em cálculos que projetassem o número de infectados e mortos nos próximos dias.

      Keysi fazia anotações de tudo o que Norberto tinha dito em uma agenda, e logo compartilhava com Carolina. A inglesa tinha uma memória eidética, por isso não precisava fazer anotações enquanto Norberto falava.

      Aquele dia seria duro. Eles tinham trazido cinco vírus; poderia demorar horas, dias, semanas ou meses para descobrir os antígenos. Cada segundo era importante. A vida ou a morte de várias pessoas dependia de gente como elas.

      Keysi então voltou ao vírus com o qual estava trabalhando antes de Norberto aparecer; era de prioridade dois, e ela estava prestes a encontrar o antígeno.

      – Acho que consegui – disse Keysi.

      – O quê? – perguntou Carolina, que estava imersa em seus pensamentos.

      – O antígeno para o vírus de Cancún. Vou mandar para Norberto testar, já temos trabalho suficiente.

      – Você não vai procurar outros possíveis antígenos? – Keysi estava sempre procurando por vários antígenos.

      – Carolina, eu tô nervosa, muita gente tá morrendo, temos que nos apressar.

      – Keysi, se acalme, desse jeito você não vai ajudar. Se quiser, pode tirar o dia de folga.

      – Tirar o dia de folga? Com esse caos? – perguntou a inglesa, perdendo a paciência.

      – Nesse caso, vá pra cafeteria, tome um café, relaxe. Se quiser, ligue pro seu namorado – Keysi fez uma careta. – e depois, quando tiver melhor, volte.

      – Tá bom, vou ligar pra Clara – Clara era a secretária de Norberto, que atuava como garota de recados.

      A secretária de Norberto entrou na sala depois de alguns minutos.

      – Clara, leve esse antígeno pra Norberto, diga a ele que tá pronto pros testes, e que esse é o de Cancún.

      – Clara, diga também a Norberto que eu gostaria de ter uma cópia dos relatórios do hospital do alpinista norueguês e o do caso zero da Austrália – disse Carolina.

      Keysi seguiu o conselho de Carolina e foi tomar alguma coisa na sala que era usada para relaxar, mas ela não ligaria para o namorado, com quem tinha discutido, talvez pela última vez.

      Keysi voltou para o local onde trabalhava, a Sala 4. Carolina já tinha começado a trabalhar com o vírus da Índia.

      A britânica ficou ali, com a porta aberta, olhando para sua colega. Carolina se virou e olhou para ela, sem entender nada. Naquele momento, a britânica começou a chorar, então Carolina foi até ela e a abraçou.

      – O que aconteceu, Keysi?

      – Meu namorado me largou.

      Carolina tinha visto o namorado de sua colega poucas vezes, em festas de Natal e em algum outro evento no laboratório. Ele parecia um rapaz muito atraente, mas um pouco antipático.

      – Talvez ele não fosse o melhor cara para você.

      – Carolina, eu sei que ele não era, mas isso não facilita as coisas. Eu deixei toda a minha vida na Inglaterra por ele, aprendi espanhol e vim morar em Maiorca com ele.

      – Não tem mais volta?

      – Não tem mais volta? – repetiu Keysi. – Eu não quero que tenha volta.

      – Eu pensei que vocês tavam indo bem.

      – A gente tava, até que no ano passado eu fiquei grávida.

      – Eu não sabia disso – Carolina estava surpresa.

      – Nem eu, até que era muito tarde. Uma noite, meu namorado levantou à meia-noite pra pegar um copo d'água. A cama tava cheia de sangue; aparentemente eu tava sangrando porque algo não tava funcionando dentro de mim. Eu tava tendo um aborto e nem sabia que tava grávida. Tava de dois meses. Tudo aconteceu muito rápido. Nos dias seguintes, eu tava triste, mas tudo continuava do mesmo jeito. – Keysi fez uma pausa. – A gente devia continuar.

      – Claro – respondeu Carolina.

      Essa tinha sido a conversa mais íntima que as duas colegas haviam tido, e também a mais longa. As duas continuaram trabalhando. Keysi adorava Richard Wagner, então Carolina foi ao computador e colocou uma playlist de Wagner, sem dizer nada.

      Elas decidiram que cada uma criaria um antígeno para todos os cinco vírus, compartilhando informações para acelerar o processo.

      2. Sou

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