Herança Perdida. Robert Blake

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Herança Perdida - Robert Blake

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mais remotos da África e da Ásia, até arqueólogos que desenterraram o legado histórico do Oriente.

      A meio da manhã, enquanto folheava algumas páginas, vi como um tipo não parava de olhar para mim algumas mesas à frente. Não sabia se o conhecia de algum lugar ou se ele estava à minha procura por algum motivo. Procurei lembrar-me e não devia dinheiro a ninguém. Um momento depois, olhei novamente e ele já não estava mais lá.

      Depois do almoço, vasculhei as estantes da Biblioteca. Senti-me verdadeiramente privilegiado enquanto corria os meus dedos por aqueles volumes com tantos séculos de história: o diário pessoal de Stanley na sua odisseia pela África para encontrar as nascentes do Nilo e o seu subsequente encontro com Livingstone. As dificuldades pelas quais os exploradores árticos liderados por Shackelton passaram quando o seu navio ficou preso no gelo por meses e eles quase perderam a vida; a corrida para conquistar o Polo Sul entre Amundsen e Scott, na qual ele tragicamente acabou a perder a sua vida e as várias descobertas arqueológicas dos nossos mais aclamados exploradores.

      Esta investigação não me levava a lado nenhum e eu precisava mudar isso.

      — Com licença, menina, você disse-me que além da documentação escrita também é possível consultar os mapas.

      — Não temos apenas mapas, também temos jornais e fotografias.

      O meu rosto empalideceu como no primeiro dia; esta rapariga era uma fonte inesgotável de boas notícias.

      Desta vez, tive que descer para o porão. Lá, estudei diversos mapas e jornais do século XIX. Embora as suas leituras fossem interessantes, a maior parte das informações já era conhecida do público em geral. O meu trabalho era descobrir algo novo e em quatro dias eu havia encontrado apenas algumas histórias que valessem a pena descrever.

      Estava absorto em jornais que ainda cheiravam fortemente a tinta quando taparam os meus olhos e a tinta deu lugar a um perfume agradável.

      — Adriana! — Exclamei não convencido.

      — Agora és bruxo ou quê? — Ela perguntou, sorrindo.

      Adriana era uma siciliana de olhos verdes intensos, sorriso fácil e a melhor dançarina que já conheci. Emigrara com os pais quando era criança.

      — O que te traz cá? — Ela perguntou, sentando-se à minha frente.

      — Sabes como é. No jornal, um dia estás no Parlamento e no outro à procura de informações numa biblioteca.

      — Que inveja. Passo o dia todo no cabeleireiro.

      Balancei a cabeça com um sorriso.

      — Vais ao salão este sábado?

      — Claro. Estou muito contente com a minha professora.

      — Conheço-a?

      — Agora que penso nisso, ela parece-se muito contigo.

      Ela riu e da mesa ao lado começaram a olhar para nós.

      — Vou deixar-te trabalhar. Esta noite vou ver o último filme da Gloria Swanson, alinhas?

      — Impossível. Estou cheio de trabalho. Vemo-nos no sábado.

      Ela deu-me um beijo na bochecha e foi embora a sorrir.

      Depois de um tempo, descobri entre as prateleiras o tipo que me observava três dias antes. Sem pensar duas vezes, levantei-me e fui pedir-lhe uma explicação, mas quando cheguei não havia ninguém lá. Passei por alguns corredores e não o encontrei, parecia que a terra o havia engolido; isto começava a cheirar mal.

      Rumores chegaram até mim na sexta-feira de que o meu chefe não estava satisfeito com o meu trabalho. Repeti ad nauseam que ele precisava de mais ajudantes de pesquisa, mas ele não levou o meu conselho a sério.

      Todo o trabalho recaiu sobre mim. O mais frustrante é que, se a publicação fosse um sucesso, todo o crédito iria para o jornal e o seu editor. Para mim, haveria apenas uma pequena resenha no final de cada artigo com o nome impresso, mas se fosse um fracasso o único culpado seria eu.

      Após uma semana de investigação, o Sr. Dillan mandou chamar-me. Quando cheguei à sua porta, notei que as vidraças do seu escritório haviam sido alteradas e o seu nome podia ser lido numa enorme placa.

      — O que me trazes hoje? — Ele perguntou cético. Eu sabia pelos meus colegas que não havia encontrado nada de novo. — Encontraste algo que possa ser publicado?

      Tirei a gabardina e o chapéu e coloquei no cabide ao lado do porta-guarda-chuvas. De seguida, sentei-me numa cadeira de carvalho gasta.

      — Tenho algumas histórias de exploradores africanos que descobriram pequenos rios na costa oeste.

      O escocês abanou a cabeça repetidamente.

      Foi até ao rádio e desligou um discurso enfadonho do primeiro-ministro.

      — Adicionando um pouco de aventura e embelezando um pouco o artigo, poderíamos publicá-lo.

      — E só me trazes isso depois de uma semana? — Ele respondeu, olhando para mim. — Não foste ao pub com aquela morena?

      Abanei a cabeça.

      — Passo o dia todo a trabalhar no museu, — respondi. — A italiana é uma boa amiga que me ensina a dançar charleston.

      — Aquela dança americana descarada?

      — É divertido, — eu disse, sorrindo. — Deveria experimentar.

      O Sr. Dillan olhou para mim com cara de poucos amigos e eu olhei para baixo.

      — Recebi permissão da Sociedade Geográfica para investigarmos nas suas instalações, — anunciou, entregando-me o documento. — A partir de amanhã vais trabalhar lá.

      — Ótimas notícias, senhor.

      — Espero que tragas notícias melhores da próxima vez. Agora sai daqui. Estou cheio de trabalho.

      Dei a volta à almofada algumas vezes, levantei-me e fiz um café forte. Naquela manhã, senti-me revigorado. Foi o meu primeiro dia na biblioteca da Real Sociedade Geográfica Britânica, a mais alta autoridade nestes assuntos. Lá era apenas permitido investigar a pessoas muito influentes no campo das universidades de Oxford e Cambridge. Felizmente, o Sr. Dillan era sobrinho de um dos patrocinadores mais influentes da instituição e obtivemos uma licença para investigar por duas semanas.

      A biblioteca da Sociedade era menor que a do Museu Britânico, mas continha verdadeiros tesouros. Nos primeiros dias a investigação continuou na mesma linha da semana anterior. Todos eram nomes familiares de exploradores famosos que escreveram páginas gloriosas da história do Império Britânico.

      A minha surpresa veio quando menos esperava: revia expedições ao Médio Oriente quando descobri um nome que se repetia tanto nas descobertas da Mesopotâmia quanto do Egito: o seu sobrenome era Henson.

      O que chama a atenção no caso é que só apareceu em documentos anexados ao original, nunca no diário oficial da expedição,

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