Vida de sombras - Sombras no coração. Sarah Morgan

Чтение книги онлайн.

Читать онлайн книгу Vida de sombras - Sombras no coração - Sarah Morgan страница 2

Автор:
Серия:
Издательство:
Vida de sombras - Sombras no coração - Sarah Morgan Tiffany

Скачать книгу

Mediterrânico, criando um resplendor que contrastava dramaticamente com a escuridão do quarto.

      Para muitos, as ilhas gregas eram um paraíso e talvez alguma o fosse. Selene só conhecia uma, Antaxos, e não tinha nada de paradisíaco. Separada das ilhas vizinhas por um braço de mar violento e rochoso, e comandada por um homem temido, a sua reputação aproximava-a mais do inferno do que do Paraíso.

      Selene cobriu os ombros da sua mãe com o lençol e disse:

      – Eu trato disso.

      O comentário insuflou uma nova energia à sua mãe.

      – Não o zangues.

      Selene passara toda a vida a ouvir aquelas palavras e a andar nas pontas dos pés para não zangar o seu pai.

      – Não tens de viver assim, controlando tudo o que fazes e dizes.

      Selene sentia pena ao olhar para a sua mãe e pensar em como fora bonita, uma beldade nórdica que chamara a atenção do playboy milionário Stavros Antaxos. Ele encantara-a com o poder e a riqueza, e ela tinha-se derretido como cera, impedindo que visse a pessoa que se escondia sob uma camada de sofisticação. Assim, tomara uma decisão errada e a vida e a alma dela tinham sido esmagadas por um homem sem compaixão.

      – Não falemos dele. Recebi um e-mail esta semana do Hot Spa de Atenas – guardava a notícia há dias. – Recordas que te disse que era uma cadeia muito exclusiva e que têm hotéis spa em Giz, Corfu e Santorini? Mandei-lhes amostras das minhas velas e dos meus sabonetes, e entusiasmaram-se. Usaram-nos nos seus tratamentos e vários clientes insistiram em comprá-los por um dinheirão. Agora, querem fazer-me uma encomenda. É a minha grande oportunidade

      Estava tão empolgada com a notícia, que a reação da sua mãe a dececionou.

      – O teu pai nunca deixará que o faças.

      – Não tenho de lhe pedir permissão para viver a minha vida como quero.

      – E como vais fazê-lo? Necessitas de dinheiro para montar o negócio e ele não to dará.

      – Eu sei. Por isso, tenho um plano alternativo – apesar de Selene só costumar falar depois de se assegurar de que ninguém a ouvia, olhou para a porta, que ela mesma tinha fechado, mesmo sabendo que ele nem sequer estava na ilha. – Vou-me embora esta noite. Não poderei telefonar-te durante vários dias e não quero que te preocupes comigo. Toda a gente pensará que fui passar uma das minhas semanas de reclusão e meditação no convento.

      – Como vais fazê-lo? Os seguranças impedir-te-ão. Avisá-lo-ão.

      – Uma das vantagens de ser a filha isolada e tímida de um homem temido é que ninguém esperará ver-me, mas, mesmo assim, tenho um disfarce.

      A sua mãe olhou para ela, aterrorizada.

      – E se não chegares ao continente, o que farás?

      Selene tinha tudo planeado, mas não pensava partilhar o seu plano nem sequer com a sua mãe.

      – Calma, pensei em tudo. Confia em mim e virei buscar-te. Por agora, deves ficar para manter as aparências e não levantar suspeitas. Assim que tiver o dinheiro, virei buscar-te.

      A sua mãe agarrou-lhe o braço com força.

      – Se conseguires fugir, não voltes. É demasiado tarde para mim.

      – Não fales assim – Selene abraçou-a. – Voltarei e partiremos juntas.

      – Oxalá pudesse dar-te o dinheiro de que necessitas...

      Selene pensava o mesmo. Se a sua mãe tivesse mantido a independência, não se encontrariam naquela situação, mas a primeira e mais sagaz manobra do seu pai fora assegurar-se de que a esposa não tivesse rendimentos próprios. Ao princípio, a sua mãe vira-o como uma prova de amor. Só mais tarde se apercebera de que não queria tanto cuidar dela como controlá-la.

      – Tenho o suficiente para chegar a Atenas. Lá, pedirei um empréstimo para montar o negócio.

      – O teu pai tem contactos. Nenhum banco te dará dinheiro, Selene.

      – Eu sei. Por isso mesmo, não penso ir a um banco.

      A sua mãe abanou a cabeça.

      – Quem vai ser capaz de enfrentar o teu pai? Ninguém.

      – Enganas-te. Há um homem que não o teme – disse Selene, sentindo que o coração lhe acelerava.

      – Quem?

      – Stefanos Ziakas – disse Selene, fingindo uma indiferença que não sentia.

      A sua mãe empalideceu.

      – Ziakas é igual ao teu pai: egoísta e cruel. Não te deixes enganar pelo seu carisma e pela sua beleza. É perigoso.

      – Não é verdade. Conheci-o há anos, naquela festa que deu num iate e em que interpretámos o nosso papel de família ideal. Foi muito amável comigo – disse Selene, ruborizando-se.

      – Foi para irritar o teu pai. Odeiam-se.

      – Quando falou comigo, não sabia quem era.

      – Eras a única rapariga de dezassete anos na festa e não duvides de que sabia quem eras – disse a sua mãe, intranquila. – Senão, porque achas que te dedicou tanto tempo quando estava acompanhado da atriz Anouk Blaire?

      – Disse-me que era aborrecida, que só estava com ele para potenciar a sua carreira e que só se preocupava com o seu aspeto. Disse que eu era muito mais interessante e conversámos toda a noite.

      Selene recordava ter-lhe contado coisas sobre os seus sonhos e os seus projetos de futuro que não tinha partilhado com ninguém e ele levara-a a sério. Ao ponto de que, quando lhe perguntara se a achava capaz de ter um negócio próprio, lhe dissera algo que não tinha esquecido: «Podes fazer o que quiseres se realmente o desejares».

      E esse momento tinha chegado.

      A sua mãe suspirou.

      – A menina e o milionário. E, por essa conversa, achas que te ajudará?

      «Volta daqui a cinco anos, Selene Antaxos, e falaremos.»

      Selene quisera fazer mais do que falar com ele. Intuíra que se dera conta de que a sua vida era uma grande mentira e tinha sentido uma maior cumplicidade com ele do que com qualquer outra pessoa no mundo. Fora a primeira vez que alguém a ouvira e, desde então, sempre que necessitava de consolo pensava no que lhe dissera.

      – De certeza que me ajudará.

      – Temo que, mais do que ajudar-te, te faça mal. Não tens experiência com homens como ele. Tu mereces alguém amável e bondoso.

      – Não é o que necessito neste momento. Necessito de alguém com coragem para enfrentar o meu pai. Quero montar o meu próprio negócio e Ziakas saberá orientar-me. Ninguém o ajudou e antes de fazer trinta anos já era milionário.

      Selene encontrava inspiração

Скачать книгу