Vida de sombras - Sombras no coração. Sarah Morgan

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Vida de sombras - Sombras no coração - Sarah Morgan Tiffany

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afastou uma madeixa de cabelo da cara, entre tímida e sedutora.

      – Não tenho seis anos. Costumas oferecer leite às tuas visitas?

      – Não, mas não costumo receber menores.

      – Não sou menor. Sou uma adulta.

      – Isso é evidente – disse Stefan. E, ao desabotoar o colarinho para aliviar o calor que sentia, descobriu que já estava desabotoado. Estaria o ar condicionado avariado? – Vais dizer-me porque estás aqui?

      Se o que pretendesse fosse arruinar o seu pai, poderiam chegar a um acordo.

      – Vim propor-te um negócio.

      Os olhos enormes de Selene transmitiram-lhe tanto desejo, que Stefan sentiu um calor súbito e poderoso, completamente inapropriado, dadas as circunstâncias.

      Além das mudanças físicas óbvias, ela era tão inocente como na noite do iate e nem sequer ele era capaz de cair tão baixo.

      – Não tenho fama de ajudar as pessoas.

      – Eu sei. E não espero um favor. Sei muitas coisas de ti, como que mudas constantemente de mulher porque não queres ter uma relação. Sei que no mundo dos negócios te chamam todo o tipo de coisas, incluindo desalmado e cruel.

      – São boas características para fazer negócios.

      – E sei que não te importas que te descrevam como um lobo feroz.

      – Mesmo assim, vieste.

      – Não tenho medo de ti. Passaste sete horas a falar comigo quando ninguém me prestava a mínima atenção – Selene dobrou cuidadosamente o hábito e guardou-o na mala, sem se dar conta de que ao inclinar-se Stefan pôde ver o perfil dos seus seios.

      Stefan fracassou na tentativa de desviar o olhar.

      – Eras muito doce.

      Usou aquela palavra de propósito porque era a mais apropriada para matar a sua libido, mas naquela ocasião não serviu de nada. Porque o olhava ela com aquela expressão de confiar plenamente nele em vez de com precaução?

      «Entra, Capuchinho Vermelho, e fecha a porta.»

      Selene dedicou-lhe um amplo sorriso.

      – A verdade é que me dá uma certa vergonha recordá-lo. Estava tão zangada, que teria feito qualquer coisa para irritar o meu pai, mas tu, apesar de o odiares, não te aproveitaste da situação. Não te riste de mim quando te disse que queria montar o meu próprio negócio, nem quando namorisquei contigo. Com um tato delicioso, disseste-me que voltasse dentro de cinco anos.

      Selene falou precipitadamente, com a respiração agitada e Stefan observou-a em silêncio, pensando que lhe escapava algo. O que havia na sua atitude: desespero ou entusiasmo?

      – Tens a certeza de que não queres beber nada? – perguntou para ganhar tempo.

      – Eu adoraria um copo de champanhe.

      – São dez da manhã.

      – Eu sei, mas nunca o provei e esta seria a ocasião perfeita. Segundo a internet, vives uma vida cheia de champanhe.

      Stefan reparou numa nota de melancolia que o desconcertou. Sempre pensara que os Antaxos tomariam banho em champanhe. Tinham todo o dinheiro do mundo.

      – Embora te custe a acreditar, restrinjo as minhas horas de champanhe ao fim do dia – cerrou os dentes e chamou Maria pelo intercomunicador: – Maria, traz-nos um jarro de água ou de limonada bem fresca e qualquer coisa para comer.

      – Muito obrigada. Estou morta de fome – disse Selene.

      Stefan apoiou-se na secretária, assegurando-se de manter uma distância prudencial.

      – Portanto, queres propor-me um negócio. Diz-me o que é e dir-te-ei se posso ajudar-te.

      Aquelas palavras pareceram-lhe estranhas. Nunca se oferecia para ajudar ninguém. Tinha aprendido desde muito pequeno a cuidar de si mesmo e a ser autónomo.

      – Naquela noite no iate, inspiraste-me. Contaste-me que tinhas começado do zero e como era maravilhoso ser independente. É o que eu quero – Selene tirou uma pasta da mala. – Este é o meu plano de negócio. Trabalhei muito nele. Acho que vai impressionar-te.

      Stefan, a quem raramente impressionavam planos alheios, pegou na pasta com indiferença.

      – Não tens uma versão digital?

      – Não quis guardá-lo no computador, caso o meu pai o encontrasse. O que importa são os números, não a apresentação.

      Portanto, o seu pai não sabia nada do projeto. Isso explicava os nervos que tinha detetado sob o tom animado e otimista.

      Certamente, tratava-se de um projeto de fim de curso, ao qual teria dedicado as horas mortas próprias de uma herdeira protegida, e ele era o afortunado recetor do seu trabalho.

      Tentando ignorar a sensação de que algo não estava bem, Stefan deu uma olhadela à primeira página e surpreendeu-o considerá-la muito profissional.

      – Velas? – perguntou, incrédulo. – É essa a tua ideia?

      – Velas perfumadas – disse ela, com entusiasmo. – No colégio de freiras onde andei, aprendi a fazer velas e experimentei com diferentes essências. Tenho três.

      «Velas, o produto mais aborrecido do planeta», pensou Stefan.

      Como poderia livrar-se dela com delicadeza? Ele costumava atirar pessoas de uma grande altura e em seguida espezinhava os seus restos.

      Pigarreou enquanto se esforçava para parecer interessado.

      – Podes explicar-me o que as torna especiais? – perguntou, rezando para que não se excedesse nos detalhes. Falar de velas era tão interessante como falar do tempo.

      – Chamei Descontração a uma, Energia a outra e a terceira é... – Selene ruborizou-se – a Sedução.

      A hesitação dela fez Stefan levantar o olhar e bastou-lhe uma olhadela para decidir que a sua primeira intuição fora acertada, era uma herdeira entediada a brincar aos negócios.

      E uma vez posto em marcha o seu cérebro, recordou com toda a nitidez a noite em que se tinham conhecido.

      Selene era uma adolescente triste, desorientada e tímida. Um patinho feio rodeado de cisnes, do qual o seu pai não tirava os olhos de cima. Nenhum outro homem se incomodara em falar com ela e as mulheres tinham-na ignorado, portanto, ficara sozinha, tão incomodada que era quase doloroso observá-la.

      Mas já não era aquela menina, senão uma mulher. E sabia-o.

      Stavros Antaxos devia estar a passar as noites em branco. E Stefan pôde imaginar como teria reagido se visse a entrega e a confiança com que a sua filha o olhava naquele momento.

      Só ele sabia até que ponto não merecia aquela confiança.

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