Vida de sombras - Sombras no coração. Sarah Morgan
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– Deve sair à sua mãe.
Maria parecia preocupada.
– E porque recorreu a ti, se vem de uma família rica?
Stefan também se perguntava o mesmo.
– Não sabias que sou o primeiro homem em que as mulheres pensam quando têm problemas?
– Tu és o homem que os causa.
– Ai, isso doeu... – Stefan recostou-se e esticou as pernas. – Aqui me tens, de espada em riste, disposto a matar o dragão para salvar a donzela, e só te ocorre afetar a minha confiança em mim mesmo.
Maria não sorriu.
– É o que estás a fazer? Porque o que me parece é que estás a usar a donzela para provocar o dragão.
Stefan manteve o sorriso.
– Quando fizemos as distribuições de papéis na empresa, o de cínico calhou-me a mim, não a ti.
– Tudo se contagia. Selene sabe como o seu pai te odeia? Conhece a história?
Ninguém a conhecia. Nem sequer Maria, que só tinha uma versão parcial e pensava que se tratava de uma rivalidade puramente empresarial. Não tinha ideia de como a inimizade era antiga, nem da profundidade das cicatrizes.
– Foi precisamente por isso que me escolheu a mim, pela minha relação com o seu pai.
Maria olhou para ele com desaprovação.
– E não está a ir de mal a pior?
– Insinuas que sou pior do que Antaxos? Não parece que tenhas uma boa imagem do teu chefe.
– Não estamos a falar de trabalho. Como empresário, és magnífico, mas és deplorável com as mulheres. O que pensas fazer com ela, Stefan?
– Tu deverias saber que não faço planos no que diz respeito às mulheres. Planear implica um futuro e ambos sabemos que só penso no presente. Acedi a apoiá-la no seu negócio e vou levá-la a uma festa onde pretendo conseguir que se divirta como nunca em toda a sua vida. Tem vinte e dois anos e quer ser independente. Pode tomar as suas próprias decisões.
– Não tem nenhuma experiência. Não será que queres ajudá-la precisamente para enfurecer o seu pai?
Stefan sorriu.
– Tenho de admitir que é um benefício acrescentado.
– Selene preocupa-me, Stefan.
– Ela recorreu a mim e eu limito-me a ajudá-la. Não me lembro de alguma vez te teres preocupado tanto com uma mulher da minha vida.
– Porque normalmente se bastam por si só.
– Talvez tenha chegado a altura de mudar – Stefan pôs-se de pé para dar a conversa por terminada. – Quando estará pronta? Suponho que esteja a provar todos os vestidos.
– Não demorou nem cinco minutos a decidir-se.
Dado que estava habituado a mulheres que demoravam horas a escolher o que vestir, Stefan surpreendeu-se.
– Cada vez gosto mais dela – disse.
– Tem uma excelente opinião de ti.
– Eu sei – Stefan dirigiu-se para a porta e Maria seguiu-o com um sopro de frustração.
– Não tens consciência?
– Não – limitou-se a dizer, enquanto vestia o casaco.
Quando Stefan tinha mencionado a sua villa, Selene não tinha imaginado uma mansão espaçosa rodeada de relvados perfeitos. Tratava-se de uma peça de arquitetura moderna, de tetos altos e espaços amplos, onde o chão de mármore refletia as cores quentes mediterrânicas, convertendo o interior num luxuoso, mas elegantemente sóbrio santuário.
Um alpendre emparrado dava acesso a um jardim profusamente colorido que descia até uma praia de águas calmas e cristalinas.
– Agora entendo porque as ilhas gregas são um destino turístico – comentou Selene.
Stefan olhou para ela com curiosidade.
– Por acaso, duvidavas?
Selene contemplou as águas turquesas e pensou que tinha passado de uma vida a preto e branco a outra em tecnicolor.
– Antaxos não tem nada a ver com isto. A sua costa é rochosa e quase não há praias – disse, recordando o rumor de que uma mulher local se apaixonara pelo seu pai e se suicidara saltando de uma das escarpas. – A casa do meu pai é de pedra e tem janelas pequenas. Supõe-se que para a proteger do calor, mas o facto é que é sombria. É por isso que gosto de como esta é luminosa e alegre.
– Alegre? – Stefan olhou para a villa. – Achas que as casas têm estados de espírito?
– Claro, tu não?
– Eu penso que um edifício é um edifício.
– Que ideia! Um edifício pode mudar o ânimo de quem o habita – Selene estendeu os braços. – Todo este espaço faz sentir-me livre. Sinto-me como se pudesse voar – acrescentou, mexendo os braços e girando.
Stefan segurou-a ao ver que perdia o equilíbrio.
– Pelas fotografias que vi, a casa de Antaxos é um castelo – comentou.
Selene sentiu a força dos seus dedos no braço.
– Mas não se parece em nada com esta. O meu pai não gosta de gastar dinheiro em coisas materiais.
– Há alguma coisa de que o teu pai goste?
«De magoar as pessoas», pensou Selene, mas procurou outra maneira de o expressar.
– De ganhar – disse.
– Isso é verdade – disse Stefan, largando-lhe bruscamente o braço.
Stefan sabia-o porque era um dos seus adversários, mas Selene viu algo obscuro nos seus olhos, que indicava uma coisa mais profunda.
– Odeias o meu pai, não é verdade?
– Digamos que não é uma das minhas pessoas favoritas.
O sorriso e o tom ligeiro do comentário não enganaram Selene. Stefan era tão implacável como o seu pai e, embora sabê-lo lhe produzisse inquietação, tentou ignorar a voz interior que questionava a decisão de ter recorrido a ele.
Seguiu Stefan através de várias divisões, todas brancas e com vista do mar, até chegar a um quarto.
Selene olhou à sua volta, extasiada.
– Que maravilha! Tem acesso à piscina e vê-se o mar da cama! É o meu