Vida de sombras - Sombras no coração. Sarah Morgan

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Vida de sombras - Sombras no coração - Sarah Morgan Tiffany

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e natural que não quero estragar.

      Selene teve a sensação de que passavam horas e começou a impacientar-se. Até que, finalmente, Helena retrocedeu para a observar.

      – Meu Deus, que bem que faço o meu trabalho! Estás espetacular, mas, antes de te veres ao espelho, veste-te, assim o efeito será completo – com um sorriso, acrescentou: – Quase sinto pena de Stefan.

      Stefan circulava entre os seus convidados.

      – Vá lá, Stefan, quem é? – uma atriz de Hollywood com quem tinha namoriscado durante meses não escondeu a sua irritação ao saber que tinha uma convidada especial. – Espero que não seja Sonya.

      – Não.

      – Porquê tanto mistério? E porque continua no quarto em vez de vir?

      – Deve estar exausta – resmungou alguém próximo.

      Stefan limitou-se a sorrir, ao mesmo tempo que tirava um copo de champanhe que lhe oferecia um empregado.

      – É uma mulher discreta e tudo isto é novo para ela – disse, seguindo o seu hábito de se aproximar o máximo possível da verdade.

      Carys Bergen, uma modelo com quem tinha saído algum tempo, aproximou-se.

      – És perverso. Quem é a mulher que vai aparecer como um coelho que tirasses da cartola?

      Stefan foi à procura de Selene, deixando os seus convidados expetantes e pegando noutro copo de champanhe pelo caminho.

      Quando entrou e não a viu, franziu o sobrolho.

      – Selene?

      – Estou aqui.

      Ao virar-se, Stefan viu uma mulher vestida de escarlate que não tinha nada a ver com a jovem que deixara horas antes.

      – Esse vestido fez-se com o propósito de que um pobre homem queira arrancar-to – sussurrou, reparando nas curvas deliciosas da sua cintura e dos seus seios que o vestido abraçava como uma luva.

      Selene sorriu, encantada com a boa impressão que claramente lhe tinha causado.

      – Ninguém te descreveria como um «pobre homem». E sei que andas sempre acompanhado de mulheres com vestidos espetaculares. Portanto, o que tem este de especial?

      – A pessoa que o usa.

      – Oh, senhor Ziakas, que galante!

      Desconcertado por o seu galanteio ser recebido com uma brincadeira, Stefan deu-lhe o champanhe.

      – Champanhe, um vestido vermelho e um homem de smoking. Penso que é a primeira vez que consigo tornar realidade os sonhos de uma mulher – comentou.

      – Assim é. Obrigada – Selene provou o champanhe, fechando os olhos. – Sabe a festa – bebeu outro gole, seguido de outro.

      Stefan arqueou os sobrolhos.

      – Se quiseres recordar a noite, é melhor que bebas devagar.

      – É delicioso. Adoro sentir as bolhas na língua. E a vantagem de ser independente é que posso decidir o que bebo.

      – Como queiras, mas, embora adore que gostes do champanhe, não gostaria que a minha acompanhante acabasse inconsciente.

      Ofereceu-lhe o braço e Selene, pousando o copo vazio, aceitou-o.

      – Obrigada.

      O seu sorriso amplo e sincero desconcertou Stefan, que estava habituado a um estilo mais manipulador e coquete. Selene não parecia ter nenhuma cautela, nenhuma proteção contra o mundo. Como se defenderia quando abandonasse o círculo protetor do seu pai?

      – Porque me agradeces?

      – Por acederes a ajudar-me, por me convidares para a festa e por te encarregares de que tivesse este vestido lindo. És o meu herói – Selene levantou a cabeça para o observar e acrescentou: – Já agora, estás muito bonito. Os dragões da Grécia devem estar encerrados nas suas cavernas para evitarem encontrar-se contigo.

      – Os heróis não existem e é evidente que bebeste demasiado depressa – disse Stefan, enquanto pensava em pedir que o pessoal preparasse uma bebida sem álcool para que Selene não acabasse em coma alcoólico.

      Ela deslizou o olhar para os seus lábios.

      – És muito modesto – sussurrou. – As pessoas estão muito enganadas.

      – E tu és muito inocente. E se estivessem certas?

      Ignorando o comentário, Selene segurou-o pela lapela e puxou-o para si.

      – Sabes o que acho? Que projetas essa imagem de mau para afastar as pessoas. Sobretudo as mulheres. Acho que receias a intimidade.

      Stefan ficou estupefacto. Selene acabava de encontrar a única fresta por onde podia atravessar-se a sua armadura e tinha-lhe cravado uma adaga. Só podia ser uma casualidade. Nem ela nem ninguém conheciam o seu passado.

      – Isso não é verdade, como penso demonstrar-te mais tarde. Portanto, não bebas demasiado ou adormecerás antes de chegar o melhor da noite – disse ele, com aspereza. E conduziu-a para a porta.

      – Perdoa-me se te ofendi – disse ela.

      – O que te faz pensar isso?

      – Mudaste de tom de voz.

      Stefan, que se vangloriava de não deixar transparecer nenhum sentimento, começou a suar. Por acaso, Selene tinha poderes?

      – Não me ofendeste. Só que os convidados estão à nossa espera. Estás pronta?

      – Sim, embora não saiba se pronta para que me odeiem.

      – Porque dizes isso?

      – Porque estou com o homem mais bonito da Terra. Todas as mulheres vão odiar-me, mas não te preocupes, sendo filha de Stavros Antaxos, habituei-me a não ter amigos.

      Embora falasse com tom animado, Stefan recordou a noite no iate, quando a tinha encontrado quase escondida num canto, e como não soubera disfarçar a sua alegria quando ele se sentara ao seu lado.

      – A amizade é um sentimento sobrevalorizado. Quando alguém quer ser teu amigo, costuma ser porque quer alguma coisa de ti.

      – Isso não é verdade.

      – Não queres acreditar nisso porque és uma idealista – Stefan abriu-lhe a porta.

      – Queres dizer que a verdadeira amizade é impossível? – perguntou ela, dececionada.

      – O que digo é que a tentação do dinheiro costuma ser muito poderosa e muda tudo – disse Stefan, sentindo que a cicatriz do seu coração se ressentia ao recordar até que ponto eram verdadeiras as suas palavras. – É melhor que não

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