Vida de sombras - Sombras no coração. Sarah Morgan

Чтение книги онлайн.

Читать онлайн книгу Vida de sombras - Sombras no coração - Sarah Morgan страница 4

Автор:
Серия:
Издательство:
Vida de sombras - Sombras no coração - Sarah Morgan Tiffany

Скачать книгу

com... – emudeceu ao ver que a mulher tirava o toucado e um cabelo loiro-prateado caía em cascata pelas suas costas.

      – Não sou uma freira, Stefan – a sua voz suave e agitada pareceu mais própria de uma alcova do que de um convento.

      – É evidente – disse ele, irritando-se com Maria por se ter deixado enganar. – Estou habituado a que as mulheres recorram a qualquer artimanha para conseguirem um encontro comigo, mas nenhuma tinha caído tão baixo ao fazer-se passar por freira.

      – Tinha de passar despercebida.

      – Receio que uma freira não passe precisamente despercebida no bairro financeiro de Atenas. Da próxima vez, veste um fato.

      – Não podia arriscar-me a ser reconhecida – a mulher olhou para a janela e, para exasperação de Stefan, aproximou-se para contemplar a vista.

      Quem era? Havia algo vagamente familiar no seu rosto. Stefan tentou despi-la mentalmente para ver se o ajudava a recordar, mas era difícil pensar numa freira nua.

      – Dado que não me deito com mulheres casadas, não entendo a necessidade do disfarce. Esclarece-me, por favor – Stefan arqueou um sobrolho. – Onde? Quando? Tenho uma memória péssima para os nomes.

      Selene desviou o olhar da janela e cravou os seus penetrantes olhos verdes nele.

      – Onde e quando, o quê?

      Stefan, que odiava mistérios e não se caracterizava pelo seu tato, perguntou:

      – Onde e quando nos deitámos? De certeza que foi fantástico, mas vais ter de me dar detalhes.

      Ela pigarreou.

      – Não me deitei contigo.

      – Tens a certeza?

      – Segundo os rumores – disse ela com frieza, – o sexo contigo é inesquecível, portanto, suponho que o recordasse.

      Mais intrigado do que teria estado disposto a admitir, Stefan recostou-se na poltrona.

      – Vê-se que sabes mais de mim do que eu de ti. Portanto, a questão é o que fazes aqui.

      – Disseste-me que voltasse quando passassem cinco anos e acabaram na semana passada. Foste a única pessoa que foi atenciosa comigo em toda a minha vida.

      O tom emotivo dela disparou os alarmes na mente de Stefan. Habituado a detetar a vulnerabilidade para a usar em proveito próprio, suavizou a sua atitude.

      – Deve tratar-se de um engano, porque eu nunca sou atencioso com as mulheres. De facto, esforço-me para não o ser para evitar que comecem com insinuações sobre anéis, casamentos e casinhas no campo. E isso não é o meu estilo.

      Selene sorriu.

      – Garanto-te que foste muito amável comigo. Se não fosses tu, acho que me teria atirado ao mar naquela festa. Conversaste comigo toda a noite e deste-me esperança.

      Stefan arqueou os sobrolhos, surpreso, ao mesmo tempo que tentava recordar onde conhecera aquela mulher de cabelo espetacular.

      – Definitivamente, deves ter-te enganado na pessoa. Duvido que tivesse conversado contigo em vez de te levar para a cama.

      – Disseste-me que voltasse dentro de cinco anos.

      Stefan semicerrou os olhos.

      – Surpreende-me que tivesse tanto autocontrolo.

      – O meu pai ter-te-ia matado.

      Stefan olhou fixamente para ela e, de repente, ficou paralisado. Aqueles olhos tinham um tom verde peculiar que só recordava ter visto numa ocasião, atrás de uns óculos desfavorecedores.

      – Selene? Selene Antaxos?

      – Vejo que afinal me reconheces.

      – Com dificuldade – Stefan percorreu-a com o olhar. – Meu Deus, já não és nenhuma menina!

      Recordava uma rapariga desajeitada, uma adolescente dominada pelo pai demasiado protetor, uma princesa cativa.

      «Não te aproximes da minha filha, Ziakas.»

      Aquela fora a ameaça velada que o tinha impulsionado a conversar com ela.

      Bastava-lhe pensar no nome Antaxos para que o seu dia se estragasse e naquele instante tinha a filha daquele homem diante dele. Os sentimentos que essa noção lhe despertou obrigaram-no a recordar que ela não era responsável pelos pecados do pai.

      – Porque estás disfarçada de freira?

      – Tinha de enganar os seguranças do meu pai.

      – De certeza que não foi fácil. Claro que, se o teu pai não tivesse tantos inimigos, não necessitaria de uma proteção tão férrea – contendo os sentimentos que o inundavam, Stefan levantou-se e contornou a secretária. – O que fazes aqui?

      A única lembrança que tinha daquela noite era ter sentido pena dela, um sentimento tão alheio a ele que era por isso mesmo que o recordava. Acreditava que as pessoas tomavam as suas próprias decisões, mas ao vê-la, tão gorducha e desconfortável, pensara que ser a filha de Stavros Antaxos era uma desgraça imerecida.

      – Já te explico – disse ela, mas, agachando-se para agarrar a saia do hábito, perguntou: – Importas-te que tire isto? Estou a assar.

      – Onde o compraste?

      – Fui educada pelas freiras da ilha vizinha, Poulos, que sempre me apoiaram. Elas emprestaram-mo, mas, agora que estou a salvo contigo, já não o necessito.

      Considerando que poucas mulheres se sentiam a salvo junto dele, Stefan olhou-a desconcertado, enquanto ela se contorcia até tirar o hábito e ficar totalmente despenteada. Por baixo usava uma blusa branca e uma saia preta justa que abraçava umas pernas espetaculares.

      – Quase morria de calor no ferribote. É por isso que não tenho o casaco.

      – Que casaco?

      – O do fato.

      Stefan desviou o olhar das suas pernas, sentindo-se como se lhe tivessem batido na cabeça com um taco de beisebol, e esquadrinhou os olhos de Selene à procura da jovem insegura do passado.

      – Estás mudada.

      – Espero que sim. De facto, espero parecer a mulher de negócios que sou – Selene vestiu um casaco a combinar com a saia que tirou da mala e apanhou o cabelo com um travessão. – Quando me conheceste, tinha borbulhas e aparelho. Era horrível.

      Mas já não tinha nada de feia, pensou Stefan.

      – O teu pai sabe que estás aqui?

      – O que achas? – disse ela, com um sorriso pícaro que reclamou a atenção de Stefan para os seus lábios voluptuosos.

      – Suspeito que o teu pai já deva ter passado várias noites em branco – disse, fazendo um esforço

Скачать книгу