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segundo. Havia uma parte de mim que sabia que ela estava certa, mas minha mente científica se recusou a acreditar. Eu fiquei parada lá enquanto minha mente lutava contra si mesma. A parte de mim que me fez uma excelente enfermeira racionalizou que eu provavelmente bati minha cabeça e ainda estava inconsciente sofrendo de uma hemorragia cerebral. Que nada disso era real.

      Uma parte escondida de mim subiu à superfície. Era algo que só surgia quando eu estava em Pymm's Pondside. Essa parte lembrou de todas as estranhezas feitas pela minha avó que eu tinha visto, além dos incidentes que ocorreram desde que eu assumi a casa.

      Eu belisquei meu braço para ver se eu estava, de fato, acordada. — Ai! Ah meu Deus! Por isso fui atingida pela eletricidade depois que informei à casa que ela agora pertencia a mim e que ela não conseguiria me afastar. Embora, eu não tenho certeza se acredito em magia ou algo assim. Tudo isso é demais para mim.

      Aislinn pegou o pote de biscoitos que eu mantinha no meio da ilha da cozinha e levantou a tampa. Pegando um biscoito de passas com aveia, ela deu uma mordida. — O que você quer dizer com isso é demais para você? Isidora nunca te contou nada? Como ela poderia deixá-la no escuro quando ela sabia que isso passaria para você?

      Balancei a cabeça. — Então, magia existe? E Feéricos? São tipo como a Sininho?

      A boca de Aislinn escancarou e ela balançou a cabeça de um lado para o outro. — Nem todos da nossa espécie se parecem com a Sininho. Eu sou uma Feérica. Bem, metade na verdade. E há todos os tipos de criaturas em nosso mundo. Duendes, pixies, ninfas, tanto de floresta quando de água, barghests, grimms, e muito mais. A propósito, foi uma pixie que se revelou para Walt Disney anos atrás que inspirou a Sininho.

      Eu franzi meus lábios e estreitei os olhos. — Você é uma desses Feéricos? Suas orelhas são pontudas?

      Aislinn terminou seu biscoito e esfregou as mãos. De pé, ela caminhou até a pia. — Na verdade sou. Não sou tão poderosa quanto um sangue puro, mas tenho algumas habilidades. E não, eu não tenho orelhas pontudas. Meu lado humano diluiu essa característica. — Ela estendeu a mão e tocou a ponta da babosa que estava meio morta quando cheguei. A coisa se ergueu e ficou verde vibrante instantaneamente. As hastes caídas e marrons não existiam mais.

      Eu caí contra o balcão e mal consegui me segurar para não cair no chão de madeira pela segunda vez naquele dia. — O que diabos eu devo fazer com tudo isso? Isso é insano. Espere… — engasguei quando dei por mim e foi como ser atingida por uma tonelada de tijolos. — Todas as histórias da minha avó são verdadeiras! Não havia dúvida que se o que Aislinn estava dizendo era verdade, então minha avó estava me preparando a vida toda sem dizer diretamente. — Puta merda!

      — Conhecendo Isidora, essas histórias foram realmente de experiências que ela teve. Eu adorava ouvir sobre todas as criaturas que ela tinha encontrado. Ela era infame por chutar a bunda de Feéricos e negar-lhes permissão para entrar em nosso reino.

      — É isso que uma Guardiã faz? É isso que eu devo fazer agora? — A ideia soou emocionante. Eu estava entediada até dizer chega e considerando procurar um emprego trabalhando na loja de vinhos.

      Aislinn acenou com a cabeça e pegou sua caneca. — Você decidirá qual Feérico permitir cruzar e qual manter fora.

      Meu coração acelerou com a simples ideia de negar a algum idiota malvado a habilidade de vir para a Terra. — Eu não sei o que é mais chocante, se o fato que existem outros mundos além do nosso ou que cabe a mim dizer quem pode vir aqui. Ou que magia existe. Eu não conseguia assimilar tudo isso.

      Aislinn riu. — Eu não gostaria de ter essa função, mas sei que é importante. O Rei Voron tenta colocar os pés aqui há séculos. Se ele conseguir, ele dominará este reino também.

      Terminei meu chá, passei água na minha xícara e olhei para Aislinn. — Eu perguntaria como eu deveria tomar essas decisões, mas cheguei ao meu limite. Que tal aquele almoço agora? — Eu estava faminta e tinha inadvertidamente pulado o café da manhã. Eu precisava fazer algo normal por um tempo antes que minha mente voltasse para o balde de irrealidade que tinha acabado de ser despejado em mim.

      CAPÍTULO TRÊS

      — Tem certeza que quer ir a pé para casa? Fica há quase três quilômetros daqui. — perguntou Aislinn, erguendo o olhar de sua bolsa, com as chaves do carro na mão e uma expressão cética.

      Sim, eu duvidaria da minha capacidade também se eu estivesse no meu juízo perfeito, mas não estava. E eu odiei que a pergunta dela me fizesse sentir como se eu fosse velha. — Tenho certeza. Preciso tomar pouco de ar fresco e o exercício será bom para mim. — Tudo isso era verdade, mas não era realmente o motivo.

      Uma vez que eu estivesse sozinha em casa, todos o turbilhão de pensamentos que consegui manter à distância na minha mente voltariam desenfreados e eu não tinha certeza se não acabaria tendo um colapso. Minha cabeça virou sem permissão e se concentrou no interior da cafeteria que acabamos de sair. Será que Bruce, o dono do Xí Cara, era um anão sobrenatural? Ou um outro tipo de Feérico? Ele tinha que ter algum tipo de magia para fazer sanduíches tão gostosos.

      — Ele é um tipo de Feérico que chamamos de anões. Muito diferente das pessoas pequeninas — disse Aislinn, como se estivesse lendo minha mente. Espere. Será que ela realmente lia mentes?

      — Você pode ler minha mente? — Aquilo seria terrível. Eu teria que parar de passar tempo com ela, o que seria uma droga porque eu realmente gostava daquela mulher briguenta.

      Aislinn riu. — De jeito nenhum. É bem óbvio o que está passando pela sua cabeça. Mas não te culpo. Se eu não tivesse crescido sendo ensinada sobre um mundo oculto, que existe apenas em poucos lugares fora de Cottlehill Wilds, eu já teria dado entrada em um hospital psiquiátrico.

      Uma gargalhada explodiu de mim. — Confie em mim, estou perto disso. Mas minha avó sempre me contava histórias sobre Feéricos e magia. Só nunca imaginei que era tudo verdade. De qualquer forma, obrigada pelo almoço. Te vejo em breve.

      Eu me forcei a começar a caminhada de volta. A cidade estava movimentada enquanto eu caminhava lentamente pela rua principal e passava pela praça no centro. À primeira vista o lugar era como qualquer outro pequeno município, no entanto, tudo parecia diferente para mim hoje.

      Havia um brilho em torno de algumas lojas e nada em outras. O restaurante Ostra de Safira pulsava com energia ao passar por ele. O Hora do Chá era cercado por plantas que lhe dava uma aura verde e uma sensação vibrante. Quando cheguei ao desvio que cortava caminho para os penhascos e a minha casa, estava convencida que havia algum tipo de fenômeno presente nesses locais. Era quase como se fosse uma indicação de que o lugar era propriedade de um sobrenatural.

      No meio do caminho me virei para a esquerda em vez de direita e parei na beirada de um penhasco, observando o oceano que se estendia à distância. Quando eu estava em casa, em Pymm's Pondside, era impossível dizer que o oceano estava a apenas um quilômetro e meio de distância. Parada lá, sentia como se estivesse literalmente em outro mundo.

      Além disso, senti que minhas pernas estavam quase desmoronando depois da caminhada que tinha acabado de fazer. Não é como se eu estivesse fora de forma, mas as dores que eu já estava sentindo eram suficientes para me fazer arrepender de não ter aceitado a carona de Aislinn até em casa.

      Balançando a cabeça, me virei e comecei a descer a estrada que me levaria para casa. A agitação da cidade de repente ficou para trás,

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