A Posse De Um Guardião. Amy Blankenship
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Читать онлайн книгу A Posse De Um Guardião - Amy Blankenship страница 20
A explosão seguinte destruiu tudo, incluindo o que restou da aldeia. Toya abaixou as adagas e lenta, mas graciosamente, levantou-se. Inclinando a cabeça para trás, ele olhou para o céu que estava quase todo obscurecido por poeira e detritos. Ignorando o fedor de carne queimada ao redor dele, caminhou pelo solo agora estéril agradecendo aos deuses que estavam lá em cima, que nenhum humano estava vivo à sua chegada.
É a isso que estamos reduzidos pensou ele com tristeza. Destruindo aldeias apenas para impedir os esquemas doentios e dementes de Hyakuhei.
Toya suspirou e as suas asas mais uma vez explodiram das suas costas, erguendo-o acima do solo poluído e alto no céu noturno. Kyoko estava esperando por ele para resgatá-la e ele estava determinado a encontrá-la. Enquanto ele desaparecia na noite, uma única pena de prata flutuou até ao chão e pousou nas mãos de uma criança que tinha se escondido e testemunhado tudo.
Quando os dedinhos se fecharam em torno da pena cintilante... ela desapareceu.
*****
Hyakuhei saiu de um vazio não muito longe da caverna. Não seria bom revelar a sua localização secreta... a menos que fosse Kyoko que se juntou a ele. Ele podia sentir Kamui chegando e se perguntou se o rapaz iria chegar tão longe antes de perceber os efeitos de confrontar os seus pesadelos teria sobre ele. Se o menino percebesse a sua inocência se dissolvendo... ele ainda viria?
O seu cabelo comprido da meia-noite balançava com a brisa fresca enquanto os músculos do seu corpo flexionavam. Saber se Kamui realmente conseguiu... ele teria que lutar contra os seus.
– Assim seja. – Hyakuhei sussurrou sombriamente.
*****
Kamui sentiu o frio gelado do vento arrefecer o fogo que fervia dentro dele. Também podia ver as pontas pretas das suas asas com o canto dos olhos e isso o assustou. Foi por isso que ele enterrou essas memórias. Quanto mais ele guardava as memórias perigosas... toda a raiva do passado... mais difícil era respirar.
O vento mudou de direção e uma pena passou flutuando por ele enquanto ele diminuía o voo. Os olhos de Kamui se arregalaram de terror. Preto... a pena era totalmente preta.
Ele se virou em pânico, procurando o homem de asas negras que o assombrava tanto. Não havia mais ninguém ali. Os seus olhos brilhantes se viraram lentamente para olhar as suas próprias asas e a respiração deixou os seus pulmões como se alguém o tivesse chutado no peito. Ele tinha as asas do seu pai.
– Não! Eu não vou me tornar você! – Kamui passou os braços ao redor de si em negação. – Eu não vou me tornar você! – ele gritou assim que avistou Shinbe à distância. – Faça isso ir embora, por favor... apenas faça isso ir embora. – ele sussurrou, não querendo que Shinbe o visse com penas de ébano. Deixando o seu corpo cair, ele rapidamente foi envolvido pelas árvores.
Aterrissando com força no chão da floresta, Kamui se ajoelhou por um momento antes de abrir os olhos. A primeira coisa em que os seus olhos brilhantes caíram foram as suas asas negras. Com um grito angustiado, Kamui agarrou uma delas com força. Ele gritou em agonia enquanto tentava arrancar a asa da meia-noite da sua própria carne.
Soltando o apêndice emplumado, ele deixou o seu corpo cair exausto no chão. Lágrimas caíram dos seus olhos quando ele viu a erva à sua volta assobiar com o poder maligno que ele mantinha no fundo da sua alma. Estava a vazar dele como uma praga que mataria tudo o que tocasse... ódio, raiva, ciúme e poder bruto indomável. O único presente que o seu pai tinha lhe dado era pura maldade!
Enrolando-se numa bola apertada, o seu corpo começou a brilhar e cintilar com cada batida do coração enquanto aquele poder formava um casulo apertado ao redor dele. Se ele se libertasse da escravidão, ele seria o mal encarnado?
– Não deixe isso acontecer comigo. – ele implorou baixinho enquanto lutava com cada respiração. – Não me deixe ser o pesadelo que o meu pai quer que eu seja.
Os lábios de Shinbe se estreitaram sentindo Kamui morto à frente. Ele podia sentir o poder de Kamui se tornando instável e não era um bom presságio. – Vamos Kamui, se recomponha... Kyoko vai precisar de nós. – Algo preto flutuou por ele e ele rapidamente o arrebatou ao vento.
Uma pena da meia-noite... mas não era de Hyakuhei. O olhar preocupado de Shinbe percorreu a vizinhança em busca do verdadeiro dono... de Kamui. – Você não quer fazer isso Kamui. – A sua voz continha uma pitada de medo. – Se você abrir a porta para tal destruição... podemos nunca mais fechá-la... por favor.
A floresta abaixo dele brilhava com uma força vital estranha e Shinbe rapidamente se dirigiu diretamente para ela. Uma grande esfera azul repousava numa pequena clareira iluminando tudo ao seu redor num tom azul vibrante. Aterrissando ao lado dele, Shinbe sentiu o conflito perigoso crescendo na esfera. Os seus olhos de ametista mostraram a sua tristeza quando ele viu as penas de ébano que ainda cobriam o chão.
– Kamui? – Shinbe sussurrou enquanto estendia a mão e tocava suavemente a cor rodopiante na superfície da orbe.
No segundo que a sua mão tocou a esfera, o conflito interno se estabilizou por um momento... tornando-se puro. Os olhos de Shinbe se fecharam enquanto ele pegava a essência de Kamui dentro dele, deixando-a crescer. Todo o puro amor e inocência de Kamui... toda a sua malícia oculta, também o poder indomado que ele tirava desses sentimentos.
Kamui abriu os olhos sentindo alguém ali, mas tudo o que podia ver era a gaiola que tinha construído em torno de si. Através das paredes grossas, ele podia ver uma aura de ametista e sabia que Shinbe estava ali. – Não olhe... – Ele sussurrou enquanto abaixava a cabeça, – ...Eu não quero que você veja a verdade.
Ele podia ouvir o pedido de partir o coração de Kamui. Enquanto a ligação entre ele e Kamui era tão forte, Shinbe usou o seu poder telepático para alcançá-lo através da barreira. Ele encostou a testa no escudo e pressionou as palmas das mãos de cada lado... fazendo os seus músculos empurrarem e puxarem ao mesmo tempo.
Enviando a sua voz para dentro da barreira de Kamui, Shinbe tentou argumentar com ele. – Kamui, deixa pra lá... você não precisa de lutar contra Hyakuhei sozinho. Não assim. Faremos isso como irmãos... juntos. Mas agora há alguém que precisa mais de nós. Kyoko precisa de você Kamui.
– Kyoko? Mas... eu não sou um irmão de verdade. – Kamui gritou de dentro da sua cela. Ele podia ver o seu próprio reflexo e era perturbador quando olhos negros o encaravam de volta. – Eu nunca serei isso... independentemente do quanto eu quero... preciso disso. Você não sabe o que está dentro de mim a tentar sair. E se eu a magoar?
Os olhos ametistas de Shinbe lacrimejaram em compreensão. – Deixe para lá, Kamui. Esse conhecimento foi enterrado e esquecido por um motivo. Você teve uma escolha e nos escolheu. Você é meu irmão... um guardião de Kyoko. Nós a protegemos com tudo o que somos... mesmo que tenhamos que esquecer de onde viemos.
– Mas... é uma mentira! – Kamui gritou e ficou em estado de choque ao ouvir a voz de Hyakuhei provocá-lo de longe. – Você pertence a mim... criança. A sua sacerdotisa também.
Shinbe podia ouvir a voz de Hyakuhei dentro da barreira e isso o irritou. – Você quer que ele coloque essas