Baralho Lido - Uma Novela Da Justice Security. T. M. Bilderback
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Eu sabia que este dia havia de chegar quando ele iria querer saber. Aparentemente, era hoje.
Respirei fundo. “O Manny e eu tínhamos sido designados para um caso de rapto de uma criança. Trabalhávamos no caso o melhor que podíamos. Os Federais não eram muitos com este caso porque tinha acontecido dentro da cidade, e sabes como os polícias locais trabalham com os Fedes.”
O Sam fungou. “Pois. Basicamente não trabalham. A não ser que sejam recrutados, como aconteceu com o Justice.”
Assenti e sorri. “Tens razão. Bom, quando isso aconteceu era o meu dia de folga. Tinha-me posto em calções, t-shirt, um rabo-de-cavalo e um boné dos Cubs e saí pela rua fora em direção a Wrigley. Acho que os Cubs iam jogar contra Atlanta, ou qualquer coisa assim… não me lembro muito bem. Mas lembro-me de que não tinha o telemóvel comigo. Tinha-me esquecido dessa coisa – de propósito – e nunca soube nada disto até chegar a casa já de noite.” Conduzi em silêncio por um bocado. “Recebemos uma dica sobre a localização da menina. O Manny é que atendeu a chamada. Tentou contactar-me, mas…” encolhi os ombros. “Por isso, foi sozinho para o sitio localizado – era na parte leste, perto do lago. Mas, teve uma súbita chamada de sexo. Ele tinha uma antiga namorada que morava na mesma área, então decidiu passar por lá para tratar chamada.” Respirei fundo. “A menina foi morta. O médico legista fixou a hora para a mesma altura em que o Manny estava a enroscar-se com a antiga namorada.”
Recuperei o fôlego. “O Capitão Baker ficou lívido. Foram trocadas palavras muito duras, e o Manny levantou as mãos e despediu-se. De imediato.” Virei para a rua do Manny. “Quando descobri, fiquei enojada. Continuo enojada com o Manny desde então.” Olhei para o Sam. “O Manny era um bom bófia. Normalmente, teria tratado do caso antes de se preocupar com o prazer, especialmente se eu estivesse com ele… mas, não desta vez. E saiu-lhe o tiro pela culatra.”
O Sam abanou a cabeça enquanto eu estacionava o Carocha e punha o visor para baixo, para que a placa “Detetive de serviço” ficasse visível através do para-brisas. “Nunca pensei que ele fosse um mau agente, porque nunca teria continuado com a parceria se ele o fosse.”
Enquanto saiamos do carro, disse, “O Manny simplesmente não conseguia manter a breguilha fechada.” Gesticulei em direção ao edifício dele. “Um exemplo disso.”
Neste momento, olhei para o Manny. “Pois, Manny, eu sei que estas bem. Ouvi dizer que tinhas …. completado as coisas… depois da rapariga morrer.”
“Não consegui evitar! Não foi propositado, caraças!”
Eu estava a divertir-me com o desconforto dele. Também não o conseguia evitar. Mas havia qualquer coisa… tipo karma… com o Manny a tentar justificar ejacular-se numa moça morta.
Resolvi que ele já tinha sido atormentado o suficiente. Disse para o Sam, “Vamos dar uma vista de olhos.”
O Sam e eu passamos pelos polícias em uniforme postados à porta do Manny. O Manny seguiu-nos, por uma vez, mantendo a boca calada. Um detective jovem estava lá dentro, olhando em volta, estudando disposição do assassinato. Levantou os olhos quando entrámos.
Dirigi-me a ele e estendi-lhe a mão. “Tenente Mickey Rooney. Este é o meu parceiro, Sam Tanner.”
O jovem apertou-me a mão. “Detetive/Terceira Bryan McGee, senhora.” Acenou com a cabeça ao Sam, e ele retribuiu.
“O que é que tem para mim, detetive?” Perguntei.
“Eu olhei para a trajetória do tiro, e acredito que foi disparado do telhado do lado de lá da rua.” Mostrou-nos o sítio onde a bala tinha atravessado a janela. Curiosamente, tinha deixado só um pequeno furo, em vez de estilhaçar a janela inteira. McGee usou uma bitola para mostrar o trilho da bala. O ângulo estava aproximadamente a 35 graus. Ele continuou, “Então, se vocês notarem, entrou por ali, embateu na vitima, e instalou-se naquela parede.” Ele apontou. “Pelo que eu entendi do Sr. Salazar, e julgando pela trajetória do tiro, não acredito que a mulher fosse o alvo pretendido.” McGee fez uma pausa. “Acredito que o tiro era dirigido ao Sr. Salazar.”
***
O PAI DE LIDO DEU UM pontapé em cheio na perna do Lido.
“Acorda, garçon! Hoje vais aprender a caçar jacarés!”
Lido sentou-se na cama, esfregando os olhos. Ainda não era de madrugada.
“Veste-te! Temos que estar no pântano antes do sol nascer!”
Lido vestiu-se. E foi para a cozinha.
O pai entregou-lhe um biscoito velho de bom tamanho. “Come isso. Guarda as migalhas se quiseres le déjeuner!”
“Sim, Papa.”
Desceram as escadas e entraram no barco. O Pierre segurava num candeeiro de querosene para iluminar o caminho. Os residentes da fauna do pântano faziam muitos sons, enquanto os dois Bouviers começavam a viajem pelo pântano.
“Papa?”
“Sim?”
“Onde é que estão as outras pessoas?”
O Pierre resfolegou. “E para que precisas tu de outras pessoas? Tens-me a mim, e tens o pântano. Que mais precisas?”
Lido manteve-se calado.
Por fim, Pierre lançou um olhar ao rapaz e virou-lhe as costas. “Os outros estão do lado de fora do pântano. Não precisamos deles. Temos tudo do que precisamos aqui.” Tronou a olhar para o Lido. “Não se fala mais, ok? Estamos perto dos jacarés.”
Lido olhou em redor, mas não viu jacarés nenhuns. Viu vários troncos a flutuar na água turva. Enquanto olhava em redor, viu uma camisa vermelha num molho de erva. Parecia-se com a que a mãe usava, da ultima vez que a viu.
“Papa! Olha! É a camisa da Maman!” Lido apontou freneticamente.
Com um gesto rápido, o Pierre esbofeteou o rapaz na boca. “Calme, garçon!” sibilou o Pierre. “Os jacarés – estão à nossa volta!”
“Mas, Papa…!”
“Sim, é a camisa da tua maman!” E o Pierre apontou para os troncos. “Ela é o isco! Estes jacarés, não vêm quando lhes assobias!”
O Lido não poderia ter ficado mais chocado. O pai estava a usar o corpo da mãe para atrair jacarés!
Pierre agarrou na caçadeira. “Agora, observa, garçon, e vê como se acerta num jacaré!” Começou a disparar.
Com um horror crescente, Lido observou os jacarés a tentarem escapar, mas o pai era mais rápido que eles. A caçadeira continuava a disparar e o som era um estrondo contínuo.