Caravana. Stephen Goldin
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“Tem algum lugar nessa área que aceita dinheiro?” O sol estava descendo e Peter queria estabelecer-se em algum lugar antes do cair da noite. Ele já tinha vivenciado situações apavorantes no escuro ultimamente.
“Você poderia tentar San Fernando; pelo que ouvi, eles ainda estavam aceitando dinheiro. É melhor ter cuidado com eles, contudo—eles têm um pessoal arruaceiro por lá.”
“Como chego nesse local?”
“Você pega essa estrada ali, Balboa, e siga para o norte por uma milha até a Avenida Missão San Fernando, então leste por algumas milhas. Não tem como errar.”
“Obrigado.” Peter começou a pedalar saindo do mercado.
“Boa sorte,” falou o guarda atrás dele. “Eu não gostaria de ser um stoner1 agora nem por todo o ouro de Fort Knox.”
Peter pensou enquanto pedalava se haveria algum ouro sobrando em Fort Knox. Provavelmente haveria, ele decidiu; ouro não valia a pena ser roubado no momento. As pessoas tinham interesses mais urgentes, como comida, água, gasolina e eletricidade. Em algum lugar, pensou ele, o governo dos EUA deve estar se esforçando para continuar como se nada tivesse acontecido, guardando aquele ouro e as riquezas que ele supostamente representa como se fosse um dinossauro estéril guardando um ninho de ovos inférteis. E se eles pensam sobre o Colapso de algum modo, eles provavelmente põe a culpa em mim—como se eu não fosse outra coisa se não o mensageiro que trouxe as marés do desastre.
Ser um profeta da desgraça não é uma carreira recompensadora.
Enquanto pedalava pela Avenida Balboa, Peter olhava ao redor e tentava imaginar como a vizinhança teria sido há dez anos, antes do Colapso estar realmente em processo. A sua esquerda outro shopping center e um prédio alto que uma vez foi, de acordo com a placa, um hospital; atualmente sendo usado como uma série de apartamentos. A sua direita mais apartamentos, certa feita luxuosos, mas agora desgastados e feios. Resíduos que não puderam ser queimados foram largados no lado de fora, ao longo da rua e conferindo um odor desagradável.
Ele passou por outro supermercado deserto enquanto cruzava a Rua Chatsworth e continuou para o norte. Havia casas em ambos os lados, as ticky-tacky boxes2 tinham sido muito populares em comunidades suburbanas certa época. Elas tinham pequenos jardins frontais que agora continham hortas ao invés de grama—alface, rabanetes, tomates e melões pareciam ser populares. Os jardins eram cercados por cercas—algumas delas, ele percebeu, eram feitas com o material divisor de estradas expressas. Um sinal de pare foi colocado em um jardim e vestido com roupas rasgadas para formar um espantalho improvisado. Algumas casas pareciam ter sido derrubadas para dar lugar a plantações de milho. As hastes verdes balançavam orgulhosamente na brisa.
Cães perambulavam pelas ruas e patrulhavam a frente das casas. Eles latiam para ele enquanto passava, mas não se preocupavam em persegui-lo quando percebiam que ele não era uma ameaça ao jardim de seus donos. Havia algumas cabras por lá e um bom número de galinhas, mas Peter não avistava gato algum correndo por ali—eles e os coelhos seriam colocados em cercados e usados como fonte de comida. Animais de estimação não eram mais um luxo viável. Pássaros, também, eram escassos; sem dúvida a pontaria da meninada da vizinhança estava melhorando no estilingue.
Peter se perguntava o que fazia ele se apegar a centros urbanos. As cidades, ele sabia, eram armadilhas mortais, devido ao colapso de seu próprio peso em um futuro imediato, e qualquer um pego dentro delas compartilharia da destruição. Foi o relativamente pequeno número de pessoas vivendo no campo que suportou melhor, embora eles ainda fossem afetados da mesma forma. Qualquer pessoa sensível deveria prever isso e tentar obter um pedaço de terra antes que o caos total se instalasse na nação. Mas Peter foi, e sempre será, um garoto da cidade e era atraído a elas mesmo sabendo que significasse sua morte a qualquer momento.
Meu problema, decidiu, é que eu dou bons conselhos mas, como todo mundo, me recuso a segui-los.
Talvez já fosse tarde de mais para se fazer alguma coisa, sete anos atrás, quando o livro dele, Colapso do Mundo, chegou as prateleiras e abasteceu a controvérsia. As vastas forças globais que ele havia previsto já estavam em curso para destruir a civilização. A falta de materiais tornou-se perceptível já nos anos 70, ainda assim a série de pequenas crises continuaram a crescer sem que medidas sérias fossem tomadas para prevenir isso. A desagregação da sociedade, colocando grupos contra grupos, removeu da humanidade a coesão necessária para lidar com os problemas que ela enfrentava. A Inflação aleijou a economia e greves enfraqueceram a confiança das pessoas em conjecturas.
Muitos livros foram escritos antes prevendo que as condições ficariam críticas antes do fim do Século Vinte; eles foram todos taxados como derrotistas e pessimistas ao extremo pela grande maioria das pessoas, que mantiveram uma fé ingênua nas habilidades da Humanidade de se reerguer como a Fênix, de seus próprios excrementos. Então Colapso do Mundo apareceu, com os mais contundentes e apavorantes argumentos até o momento. E Peter Stone, com vinte e cinco anos, provou sem qualquer sombra de dúvida que a civilização estaria condenada em apenas alguns anos a menos que medidas radicais fossem tomadas imediatamente. Ele até mesmo delineou que medidas seriam essas: eutanásia obrigatória, controle de nascimentos obrigatório, redistribuição de riquezas imediata, descentralização imediata da sociedade, por um fim às moradias familiares singulares, por um fim na produção de animais que não fossem para alimentos, movimento forçado de pessoas para equalizar a distribuição das mesmas, estrito racionamento de água e comida, controle total do governo sobre a indústria, trabalho e transporte, e um estrondoso programa multibilionário para cultivar e colonizar o leito marinho.
Para Peter, foi incrível como pode antagonizar com noventa e cinco por cento do país em apenas uma noite. Embora poucos intelectuais o saudassem como “uma das maiores mentes de nosso tempo”, a melhor saudação menos que a maioria das pessoas criou para foi “aquele maldito socialista.” Alguns estavam convencidos que ele era o diabo encarnado apenas por mencionar o óbvio. Mas o livro vendeu milhões de cópias. Era irônico, pensou Peter, que seu livro foi um dos últimos campeões de vendas; pouco depois da vigésima edição do livro, a maioria dos sindicatos de tipógrafos entrou em greve. Até onde Peter sabia, eles ainda estavam.
Peter tinha acumulado fama e fortuna quando as mercadorias perdiam rapidamente as suas recompensas. Aparecia na televisão em numerosos talk shows, explicando e debatendo a sua crença de que a civilização, não apenas nos E.U.A., mas em todo o mundo, estava desmoronando. Dizia às pessoas que ele não gostava de suas próprias soluções, mas de que algo drástico teria de ser feito para evitar um destino ainda pior. Ninguém escutou. Seus inimigos o chamaram de oportunista, fazendo dinheiro da desgraça do mundo, lucrando no desastre. Peter foi tachado como um vilão e marcado como um radical e traidor.
Enquanto isso, tudo o que tinha previsto foi se tornando verdadeiro. Greves de funcionários municipais levaram a uma quebra nos serviços da cidade. A escassez de gasolina tornou-se ainda mais aguda no final da Guerra de Israel, que devastou noventa e três por cento dos campos de petróleo árabes. De um dia para o outro, o mundo enfrentava sua mais grave crise energética. Sem energia, estações de rádio e de televisão saíram do ar uma a uma. Sem gasolina, os caminhoneiros já não poderiam distribuir materiais, suprimentos e produtos acabados com sua antiga eficiência. Tudo estava em falta e cada vez faltando mais. Comunicação, transporte e distribuição—"A Tríade" que Peter havia listado em seu livro—estavam se deteriorando a cada dia.
Peter virou a direita na Avenida Missão San