Caravana. Stephen Goldin

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Caravana - Stephen  Goldin

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contas estava certo. Isso funcionou de consolo?”

      “Nunca.”

      “Eu suponho que não. Bem, vamos ver o que você tem?” Ela analisou a sua ferida, cacarejando sarcasticamente consigo mesma. “Sua vacina de tétano é recente?”, perguntou ela.

      “Não faço uma em anos.”

      “Foi uma pergunta tola, eu sei, mas velhos hábitos não morrem. Você não receberá uma de mim, também; estou sem vacinas. Contudo, não parece muito ruim. Eu vou limpar a ferida e fazer um curativo para você. O braço vai ficar um pouco rígido, mas você vai sobreviver. Já a minha próxima pergunta, vai soar um pouco pessoal, mas é necessária. Você tem alguma doença venérea?”

      Peter se surpreendeu com a atitude rude dela, mas respondeu negativamente. “Bom,” disse ela. “Temos de tentar manter os nossos reprodutores puros.” Sem mais elaboração, Sarah passou a trabalhar em seu braço de forma silenciosa e eficaz, depois deixou Peter e Honon sozinhos.

      “Antes de começar a minha história completa,” disse Honon, “há alguns fatos necessários como prelúdio. Você está familiarizado, sem dúvida, com os avanços no campo da criogenia e animação suspensa.”

      Peter acenou. “Eu as mencionei no meu livro.”

      “Sim, certo. Perdoe-me, eu tinha esquecido; já faz um tempo desde que eu pude reler ele. Se me lembro bem, você não tem nada de bom a dizer sobre elas.”

      “Elas foram um esforço inútil, uma fútil tentativa de obter a imortalidade. Quais possíveis vantagens poderia haver no congelamento de alguém para ser despertado cinquenta anos depois de agora, quando todas as indicações são de que o mundo naquele tempo teria dificuldade em suportar até mesmo as poucas pessoas que ainda estariam sobrando? As pessoas do passado seriam totalmente inúteis em um mundo novo atormentado pela fome, seca, guerras e praga. O dinheiro e o talento usado nessa pesquisa seria mais bem utilizado em outro local.”

      “Talvez,” disse Honon, “mas pode ter havido algumas ramificações que mesmo que você não previu.”

      “Tais como?”

      “Não tão rápido. Você já ouviu falar de uma estrela chamada Epsilon Eridani?”

      “Temo que a astronomia nunca foi meu forte.”

      “Nem o meu. Mas felizmente há algumas pessoas que têm interesse por isso. Alguns anos atrás, antes de o programa espacial desintegrar-se por completo, eles realizaram um experimento que chamaram de paralaxe de satélite—não me peça para explicar o que eu não consigo—e eles descobriram que a Epsilon Eridani tinha toda uma série de planetas, tal como o nosso próprio sol. Foi uma descoberta interessante, mas o mundo tinha problemas mais urgentes e não prestou atenção.

      “Nesse mesmo tempo, um homem escreveu um livro. Era um grande livro, um poderoso livro, e assustou muita gente. Falava do fim da civilização e de um regresso à barbárie devido à superpopulação, esgotamento de matérias-primas e de uma repartição geral das forças coesivas. A maioria das pessoas ficou brava com isso porque era um fato que não estavam dispostas a enfrentar—“

      “Não me diga,” Peter murmurou.

      “—mas algumas pessoas ficaram intrigadas. A contestação do autor era indiscutível, ainda assim essas pessoas com ideias não queriam ver o fim da civilização. Então elas começaram a pensar em alternativas.”

      “E eu também, e fui odiado por isso. Claro que minhas sugestões eram radicais, mas eu estava lidando com uma situação de crise. Meus planos podem não ter funcionando, mas não seriam tão ruins comparados com o inferno que vivemos hoje.”

      Honon deu de ombros. “Quem saberá ao certo? De qualquer modo, aquelas pessoas com ideias viram o ressentimento contra você e decidiram trabalhar em segredo. Incluído neles estavam pessoas com influência, algumas com dinheiro, e outras com ambos.”

      “Isso sempre ajuda.”

      “Então eles construíram essa espaçonave—”

      Peter engasgou-se. “Ei, espera um minuto. Acho que perdi uma etapa aqui. O que é isso sobre uma espaçonave?”

      “Pense sobre isso; use essa sua mente incisiva. Se a Terra está esgotada, então a civilização teria uma melhor chance em outro lugar para continuar e crescer, correto? Onde mais podemos ir? Certamente nenhum outro planeta do sistema solar é capaz de sustentar uma colônia sem uma poderosa tecnologia por trás. Então isso nos deixa com as estrelas—particularmente, Epsilon Eridani.”

      Peter estava para dizer algo quando uma garota bateu na porta do veículo. Ela tinha cabelo escuro, e não podia ter mais que oito ou nove anos de idade. “Senhor Honon,” disse ela, “trouxe o jantar para você e para o outro homem.”

      “Obrigado, Mary”. Honon foi até sua janela e pegou duas tigelas com a garota. “Cuidado,” ele disse a Peter, enquanto passava uma das tigelas para ele. “Está quente.” A garota saiu e voltou para sabe-se lá o lugar de onde veio.

      O líquido nas tigelas era de uma consistência entre sopa e cozido. Havia batatas, ervilhas, feijões, cenoura, soja e até alguns pedaços pequenos de frango—praticamente um bufê nos padrões de hoje. O estômago de Peter estava gritando pelo fato de não ter tido nada o que comer desde um café da manhã ralo naquele dia. Ele aceitou a colher que Honon ofereceu e colocou um pouco da mistura na boca, apreciando a combinação de sabores. “Você come muito bem,” disse Peter.

      “Obrigado. Como mencionei, estamos tentando manter a civilização viva, e um dos aspectos mais agradáveis dela é a boa comida. Fazemos o que está ao nosso alcance enquanto viajamos, mas até isso é longe de ser uma refeição balanceada.”

      “Há pessoas que matariam por um pouco disso.”

      Honon suspirou. “Sim, eu sei bem. Houve algumas tentativas, e é por essa razão que usamos veículos armados para liderar essa procissão. Viajar nos dias de hoje não é algo que você faz por capricho.”

      Ambos comeram em silêncio por um momento, percebendo que sua refeição era literalmente um tesouro nesse mundo sem recursos. Peter terminou primeiro e recostou-se satisfeito.

      “Muito obrigado. Foi a melhor refeição que tive em semanas.”

      “Você gostaria de um pouco mais? Posso mandar a tigela para uma recarga.”

      “Não quero fazer incursões em seus suprimentos—”

      “Vamos ficar bem por um tempo. A parte de trás inteira daquele segundo caminhão está lotada de coisas congeladas ou desidratadas.”

      Peter ficou tentado, mas decidiu abster-se de pedir. “Não quero me acostumar com uma vida rica,” disse ele. “As coisas podem mudar abruptamente.”

      Honon acenou. “Verdade, mas nada me impede de viver bem enquanto posso. Eu aprendi quando pastoreava que você sobrevive os maus momentos e vive os bons.”

      “Você criava gado, então?”

      “Fui um pouco de cada coisa. Lenhador, caminhoneiro, patrulheiro, capataz, carpinteiro, lavador de louças—gosto de fazer coisas diferentes de tempos

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