Caravana. Stephen Goldin

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Caravana - Stephen  Goldin

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Gostaria de jantar?”

       CAPÍTULO 2

      “Serviços de correio de primeira classe são história,” alega o Wall Street Journal. Um exemplo do problema ocorreu no mês passado quando um saco de cartas desapareceu no Condado de Prince George, Maryland, causando incômodos para um grande número de residentes. A Sra. Ernest Drumheller, que vive em Clinton, Maryland, disse que retornou de férias e descobriu que seu telefone havia sido cortado porque o cheque dela não chegou a empresa telefônica. Custou US$ 10 para ter o serviço reinstalado. Vários clientes do Banco Nacional do Povo em Clinton pararam de pagar os cheques que temiam estar no saco perdido…

      

       Los Angeles Times

       Quarta-feira, 11 de Setembro de 1974

      

       * * *

      

      A comunicação faz parte da Tríade, um dos três grandes requisitos de qualquer civilização. As pessoas e as organizações podem interagir apenas na medida em que eles podem se comunicar um com o outro. Pouca ou nenhuma comunicação gera suspeita, ódio e conflitos. À medida que a comunicação aumenta e melhora, o estranho se torna menos temeroso e a interação pacífica torna-se viável…

      No tempo dos gregos a unidade política gerenciadora era a cidade-estado, e seu tamanho foi determinado por quanto um homem pode caminhar em um dia. Isso garantiu que todos não estariam mais do que um dia fora de contato com os acontecimentos atuais. Cidades-estados vizinhas, com as quais a comunicação era muito menos frequente e mais fora da data, eram tratadas com desconfiança.

      As comunicações hoje são praticamente instantâneas em qualquer parte do mundo. Esse fato nos permitiu desenvolver uma civilização global. Porém, ao construir esta rede tão rapidamente, podemos ter ido longe demais. Como um elástico estendido além de seu ponto de ruptura, a chicotada será forte e dolorosa…

      

       Peter Stone

       Colapso do Mundo

      

       * * *

      

      Enquanto Peter aproximava-se do primeiro veículo, ficou perplexo ao ver que este era blindado, o tipo utilizado para transportar dinheiro para bancos e lojas. Aquele quadrado cinzento sinistro estava ali impassível diante dele. O holofote no telhado ferroava seus olhos, habituados à escuridão, mas ele podia notar que o segundo veículo do comboio também era blindado. O resto dos carros na retaguarda eram apenas formas em sombras; Peter não sabia dizer quantos eram ou como pareciam.

      Uma figura esguia saiu do segundo veículo e veio ao seu encontro na porta do primeiro. Era Kudjo Wilson. “Que bom que conseguiu”, disse ele, abrindo a porta do passageiro na cabine do veículo. “Deixe-me fazer as introduções.”

      Ele colocou a cabeça dentro da cabine. “Honon, este é o cara, Peter. Peter, gostaria de te apresentar o honorável, ilustre, e inestimável Israel Baumberg”

      Havia uma pequena lanterna brilhante à bateria dentro da cabine, lançando luz suficiente para Peter distinguir o homem a quem estava sendo apresentado. Mesmo sentado, Israel Baumberg era um homem grande, com ombros largos e braços potentes. De pé, ele deveria ter facilmente um metro e noventa. Seu cabelo era liso e preto, cortado à tigela curto. O seu rosto era cheio de rugas e desgastado pelo tempo, parecendo mais pele curtida que carne. Era difícil distinguir os tons de pele na luz débil, mas com base na estrutura das características Peter apostaria que este homem era de cor. Um fuzil automático e uma metralhadora estavam apoiados casualmente ao lado dele.

      “Bem-vindo à nossa caravana, Sr. Smith. Venha, entre.” Enquanto Peter entrava, o interlocutor examinou-o através da luz tênue. “Ou devo dizer Sr. Stone? Que honra inesperada.”

      Peter fez uma careta. O reconhecimento não era bem-vindo; muitas pessoas tinham sentimentos ruins sobre ele. Entretanto, subiu na cabine e sentou no banco do passageiro.

      “Deixe-me ver seu braço,” o homenzarrão continuou. “Kudjo me disse que você se feriu.” Ele examinou a ferida ternamente. “Bem, não me parece muito ruim, mas não queremos quaisquer surpresas desagradáveis ao longo do caminho por isso é melhor tratar disso. Kudjo, você poderia voltar e ver se Sarah está livre? E enquanto estiver nisso, verifique como eles vão indo com o jantar.”

      “Sim, sinhô,” riu Kudjo em uma paródia do tempo de negros submissos. Ele moveu-se entre os carros alinhados para efetuar as instruções.

      “Bom homem, esse Kudjo. Você teve sorte em deparar-se com ele. Ele costumava ser um oficial de narcóticos trabalhando disfarçado para a polícia de St. Louis. Eles não o tornaram uma pessoa melhor. Já quanto a mim, antes de começar a fazer perguntas, meu pai era judeu e minha mãe indiana, e prefiro que usem meu nome indiano, Honon, que significa ‘urso.’ Isso é mais do que suficiente sobre mim no momento. Perguntas?”

      “Sim—do que se trata tudo isto?”

      “Esta,” Honon abriu seus braços e mãos para incluir a comitiva atrás de seu veículo, “é uma caravana que Kudjo e eu estamos liderando. Estamos no processo de ir daqui até lá.”

      “Eu sei onde o aqui é, mas onde fica o ‘lá’?”

      “Esta é uma longa história que vou contar em breve. Começamos em San Francisco desta vez, e andamos por toda a costa da Califórnia. Você teve muita sorte em ter nos encontrado; estávamos descendo a Rota 101 e teríamos evitado esta área por completo, não fosse por um terremoto ter destruído a estrada a sul de Ventura. Tivemos de recuar até a 138 e atravessar toda Santa Paula até a Interestadual 5, que é onde estamos agora. Íamos provavelmente acampar aqui para passar a noite e partiríamos pela manhã.”

      Neste ponto uma mulher enfiou a cabeça através da porta aberta do lado do passageiro. Ela parecia ter seus quarenta anos, com cabelos loiro-acinzentados e uma face rechonchuda. “Eu ouvi falar que tem alguém precisando de cuidados,” disse ela a Honon.

      “Certo.

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