Caravana. Stephen Goldin

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Caravana - Stephen  Goldin

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tomar o controle completamente. “Sou Marcia Konigsburg, vinte e quatro e solteira. Não que eu esteja medindo você para um bolo de casamento, mas acho que é bom deixar as coisas claras o quanto antes. Desenho roupas para boutiques, e também faço fantasias para o teatro. Acho que é por isso que Honon pediu para que eu viesse—seja lá onde vamos parar, acho que precisaremos de alguém que faça as roupas certas para a ocasião.”

      Peter gostou dela instantaneamente. Ela era amigável, quase grudenta, mas cujo charme superava a impressão inicial de falta de elegância. “Li seu livro, sabe,” ela prosseguiu.

      “Então você é a única.”

      “Ei, você é engraçado também. Sim, ele realmente me impressionou. Estava no segundo grau do colégio na época, e acho que tudo me impressionava. David Hume, Aleister Crowley e você eram meus três favoritos.”

      “Certamente fazemos um trio estranho.”

      “Se serve de consolo, meus amigos diziam que eu não tinha gosto. Esse era o tipo de pessoas que eu costumava andar—loucas, todas elas.”

      Subitamente Peter sentiu uma sensação estranha na nuca, como se estivesse sendo observado. Ao virar ele viu uma garota o observando ao lado de um dos carros. Ela era jovem, magra e loira, com a aparência que transmitia uma inocência quase angelical. Quando se virou para olhar melhor ela olhou em outra direção, fingindo não ter percebido. Peter deu de ombros e voltou a conversa.

      Marcia nem notou que ele não prestava atenção e estava falando algo sobre a quebra no jeito formal da educação, a qual ela mesma tinha testemunhado.

      “Foi bem como você mencionou—as aulas tinham cada vez menos a ver com a realidade, não só porque não queriam ser relevantes, mas porque a realidade escapava delas.” As palavras dela fora tiradas quase como estavam no livro; deve ter memorizado essa parte.

      Dom Gianelli acenou para um homem alto com uma camisa de malha branca e calças pretas. “Padre Tagon,” chamou ele, “por que não se junta a nós?”

      O homem seguiu a sugestão. “Espere até conhecer este cara,” Dom falou para Peter. “ele é capaz de realmente entrar em um debate com você.”

      O recém chegado era um homem alto e magro, na casa dos trinta, com um nariz de falcão, olhos castanhos e uma grande testa que gradualmente se fundia com seu cabelo castanho. “Oi” disse ele, curvando-se para Peter e estendendo a mão. “Sou Jason Tagon.”

      “Ouvi Dom chamar você de ‘Padre’?”

      “Poderia me chamar de ‘Doutor’ se quisesse—tenho um Ph.D. em astronomia.” Mas sim, sou um padre. Títulos não parecem ter muito significado nos dias de hoje, e prefiro ser chamado de Jason.”

      Peter acenou e armazenou aquele fato em sua memória, que já estava ficando rapidamente sobrecarregada dessa sequência de novos rostos e nomes. “Dom também mencionou algo sobre você debater comigo.”

      “Ele fraseou isto de forma exagerada. Não posso argumentar contra suas predições—elas obviamente se tornaram realidade. São suas atitudes que me incomodam.”

      “Sobre a Igreja Católica?”

      Jason sorriu. “Em parte sim. Você falou—vejamos se consigo citar—‘a Igreja Católica fez mais do que qualquer organização na história para retardar o curso do progresso do homem.’ “

      “Espero que você não tenha levado isso para o lado pessoal; o fato é que a igreja Católica esteve presente por mais tempo que qualquer outra organização na história. Todas as organizações eventualmente se tornam repressivas em alguma extensão—elas passam por certo ponto em sua existência onde sua função original troca para preservação própria. Eu era contra a estrutura burocrática, não contra os Católicos em si.”

      “Eu percebi isso. Mas nós, Católicos individuais, somos levados a acreditar que a Igreja não pode fazer coisas erradas, e sofrer esse tapa ainda dói. Essa não é minha única objeção. Como um ordenado de Deus, não pude deixar de perceber que você deixou Ele fora de seus cálculos.”

      “Como um ordenado agnóstico,” rebateu Peter, “não pude deixar de sentir que o sobrenatural era uma variável supérflua em meus cálculos. Estava lidando primariamente com ecologia social. As regras foram postas por Deus—se ele realmente existe—há muito tempo atrás, e não pude notar mudanças significativas em tais regras uma vez o jogo tendo começado. Trabalho exclusivamente com seres humanos.”

      “E você ignorou a possibilidade de intervenção divina.”

      “Digamos que teria recebido de braços abertos, mas não contava com ela.”

      “O que me diz sobre essa tentativa de colonização interestelar?”

      “Se está tentando dizer que foi intervenção divina, não serei capaz de refutar. Na mesma medida, desafio você a provar que não foi um mero trabalho de homens ingênuos e dedicados.”

      “Touché” sorriu Jason.

      Aquele mesmo sentimento de ser observado atingiu Peter uma segunda vez. Ele olhou ao redor e notou a garota loira encarando ele longe dali. “Quem é ela?” ele perguntou para as pessoas ao redor.

      “Aquela é Risa Svenson,” prontificou-se Marcia. “Nós a pegamos em Monterrey. Uma garota bem estranha se quer saber.”

      “Estranha? Em que sentido?”

      “Basicamente é apenas tímida,” explicou o padre. “Isso e sua juventude parecem manter ela afastada do resto de nós.” Contudo, é uma pessoa muito boa.”

      “Gostaria de ir conversar com ela um pouco. Obrigado a todos por dividirem o café comigo. Jason, estou interessado em continuar nosso debate mais tarde.”

      Peter levantou-se e caminhou até a garota, que novamente fingia não o ter notado. “Desculpa por perguntar, mas você estava olhando para mim?”

      Ela o olhou assustada. “Eu não estava—”

      “Sim, estava. Não me incomoda muito, só quero saber por quê.”

      Ela abriu a boca para inventar uma desculpa, fechou, então disse, “Você é tão famoso e tal, só queria dar uma olhada em você. O que há de errado com isso?”

      “Nada. Na verdade estou aliviado em descobrir que não pareço o monstro horrível que pensou que fosse.”

      Pela expressão que ela fez, Peter soube que adivinhou corretamente. “Não achei que fosse um monstro de verdade,” disse ela rapidamente.

      “Claro que não.”

      “Mas ouvi tantas coisas ruins sobre você—”

      “Alguma vez leu meu livro?”

      “Não, era jovem demais. Mas vi o show na TV. Não gostei—pareceu tão... depressivo e negativo.”

      “Foi depressivo e negativo, e não gostei dele também. Mas o que fazer com a verdade? Se apenas a enterrar em um canto, ela irá se desenterrar, e morder suas canelas.”

      “É

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