Destinada . Морган Райс
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Kyle desce a colina com sua supervelocidade, e em poucos instantes, está fora do Fórum e no meio das movimentadas ruas de Roma.
Ele se surpreende que mesmo 200 anos antes, Roma já tem mais gente do que aparentemente pode comportar.
Kyle diminui o ritmo ao misturar-se à multidão, caminhando lado a lado. É uma massa humana; a larga avenida, ainda feita de terra, está repleta de milhares de pessoas, apressando-se em todas as direções. Há também cavalos de todos os tipos e tamanhos, assim como carrinhos puxados por cavalos, carroças e carruagens. As ruas cheiram a esterco e suor humanos; Kyle começa a se recordar, da falta de água encanada e de banhos, o fedor dos tempos antigos, – isso o enoja.
Kyle é empurrado para os lados, à medida que o grupo se torna mais denso, pessoas de todas as raças e classes sociais indo e vindo em todas as direções. Ele se encanta com as vitrines antigas, vendendo velhos chapéus italianos. Ele fica maravilhado com os garotinhos vestidos com trapos que correm até ele, oferecendo pedaços de fruta para vender; algumas coisas nunca mudam.
Kyle vira em um pequeno beco decadente de que se recordava, na esperança de que ainda fosse o que costumava ser. Ele fica feliz ao constatar que sim: diante dele, dezenas de prostitutas, encostadas contra os muros, chamam por ele enquanto ele caminha.
Kyle abre um largo sorriso.
Ao se aproximar de uma delas, – uma mulher grande e peituda, com cabelos vermelhos intensos e maquiagem demais – ela estende a mão e acaricia seu rosto.
“Oi garotão,” ela diz, “você quer se divertir? Quanto dinheiro você tem?”.
Kyle sorri, abraçando a mulher, e a acompanha até um beco lateral.
Ela o segue, satisfeita.
Logo que viram a rua, ela diz, “Você não respondeu minha pergunta. Quanto você-“.
É uma pergunta que ela nunca terá a chance de terminar.
Antes que ela complete a frase, Kyle perfura o pescoço dela com suas presas afiadas.
Ela tenta gritar, mas ele fecha a boca dela com sua mão livre, e a puxa para mais perto, sugando sem parar. Ele sente o sangue humano correr por suas veias, e se sente excitado. Ele estava sedento, desidratado. A viagem no tempo o havia deixado exausto, e é exatamente disso que ele precisava para restaurar seu ânimo.
Quando o corpo da mulher relaxa, ele continua bebendo, sugando mais do que possivelmente poderia precisar. Finalmente, se sentindo completamente saciado, ele deixa seu corpo inerte cair até o chão.
Ao se virar para sair, um homem robusto, barbudo e sem um dente, se aproxima, retirando um punhal do cinto.
O homem olha a mulher morta e depois para Kyle, e faz uma careta.
“Ela era minha propriedade,” ele diz. “é melhor você ter dinheiro para pagar.”
Ele dá dois passos na direção de Kyle e o ataca com o punhal.
Kyle, com seu super-reflexo, dá um passo ao lado, agarra o braço do homem e o dobra para trás de uma única vez, partindo-o ao meio. O homem grita, mas antes que possa terminar, Kyle retira o punhal de suas mãos e, com um gesto rápido, corta seu pescoço. Ele deixa o corpo do homem cair no chão.
Kyle olha para o punhal, pequeno com um cabo de marfim, e balança a cabeça, – não é tão ruim. Ele enfia o punhal no cinto, limpando o sangue da boca. Kyle respira profundamente e, finalmente satisfeito, sai do beco e caminha em direção à rua.
Ah, como ele tinha sentido falta de Roma.
CAPÍTULO TRÊS
Caitlin acompanha o padre pela igreja, enquanto ele termina de fechar a porta de frente e todas as outras entradas. O sol já se pôs, e ele acende tochas pelo caminho, gradualmente iluminando as amplas salas.
Caitlin olha para cima, vê grandes cruzes, e se pergunta por que se sente tão bem ali. Vampiros não deveriam ter medo de igrejas, e de cruzes? Ela se lembra da casa do Coven White, nos Claustros de Nova Iorque, e das cruzes, penduradas nas paredes. Caleb havia dito que certas raças vampiras aceitavam a igreja. Ele tinha dado uma extensa explicação sobre a história da raça vampire e de sua relação com o Cristianismo, mas ela não tinha prestado muita atenção na época, – estava apaixonada demais. Agora ela gostaria de tê-lo escutado.
O padre vampire dirige Caitlin até uma porta lateral, e Caitlin se vê descendo um lance de escada com degraus de pedra. Eles caminham por uma passagem medieval estreita, e ele continua acendendo tochas pelo caminho.
“Eu não acho que eles voltarão.” Ele diz, trancando outra porta por onde passam. “Eles varrerão a área atrás de você, e quando não encontrá-la, voltarão para suas casas. É o que sempre fazem.”
Caitlin se sente segura ali, e está muito grata pela ajuda. Ela se pergunta por que ele a teria ajudado, por que se tinha se arriscado por ela.
“Por que sou da mesma raça que você,” ele diz, virando-se para ela e olhando direto para ela, com seus olhos azuis penetrantes.
Caitlin sempre se esquecia de que vampiros podem ler mentes, mas por um momento também havia esquecido que ele era como ela.
“Nem todos tememos igrejas,” continua ele, respondendo suas perguntas. “Você sabe que nossa raça está dividida. Nosso grupo, o do bem, precisa de igrejas. Sobrevivemos com elas.”
Ao passarem por outro corredor e descerem outro lance de escada, Caitlin pensa sobre onde eles estariam indo. Tantas perguntas passam por sua cabeça, que ela não sabe o que perguntar primeiro.
“Onde estou?” ela pergunta, percebendo ao fazer isso, que é a primeira coisa que ela diz para ele desde que se conheceram. Todas as perguntas saem de uma vez: “Em que país eu estou? – Em que ano?”
Ele sorri enquanto caminham, suas rugas se pronunciando em seu rosto. Ele era um homem baixo, frágil, de cabelos broncos e sem barba, sua voz macia como a de um avô. Ele estava vestindo os trajes elaborados de um padre, e mesmo para um vampiro, pareciam velhos. Ela se pergunta há quantos séculos ele estaria aqui na terra. Caitlin sente a bondade e calor que emanam dele, e se sente em paz ao lado do padre.
“Tantas perguntas,” ele fala finalmente, com um sorriso. “Eu compreendo, é muito para você. Bem, para começar você está na Úmbria, na pequena cidade de Assis.”
Ela se esforça, tentando lembrar onde fica esse lugar.
“Na Itália?” ela pergunta.
“No futuro, sim, esta região será parte de um país chamado Itália,” diz ele, “mas não agora. Nós ainda somos independentes. Lembre-se,” ele sorri, “você não está mais no Século XXI, como deve ter percebido pelo comportamento daqueles aldeões.”.
“Em que ano estamos?” Caitlin pergunta baixinho, quase com medo de ouvir a resposta. Seu coração bate acelerado.
“Você está no século XVIII,” ele responde. “Para ser mais preciso: no ano de 1790.”
1790. Assis. Úmbria. Itália.