Traída . Морган Райс

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Traída  - Морган Райс Memórias de um Vampiro

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também sente outra coisa: duas pequenas protuberâncias nas costas, acima das omoplatas. Bem sutis, mas ela sabia que elas estavam lá. Asas. Caitlin sabe, ela pode sentir que se quisesse voar, elas se abririam para ela.

      E fica inebriada por sua recém-adquirida força. Ela quer desesperadamente testá-la. Ela sente-se tão presa, ela não tem a menor ideia de quanto tempo tinha ficado ali, e quer ver como será esta nova vida. Ela também sente outra coisa totalmente nova: certo sentimento de imprudência. Uma sensação de que ela não pode morrer. De que pode cometer erros estúpidos, a sensação de que tem infinitas vidas com que brincar. Ela quer ir até o limite das coisas.

      Caitlin se vira e olha para fora da janela, para a noite lá fora. A janela tinha o formato de um grande arco, sem vidro, e era exposta aos elementos. O tipo de coisa que se esperaria encontrar em um convento antigo.

      A Caitlin humana de antes teria hesitado, perderia tempo pensando sobre o que ela estava prestes a fazer, e ficaria duvidando de si mesma. Mas a nova Caitlin não sente a menor hesitação. Praticamente um segundo depois de ter pensado, ela sai em disparada, na direção da janela.

      Com apenas alguns poucos passos, Caitlin salta no parapeito da janela e mergulha no ar.

      Alguma parte dela, algum instinto, lhe dizia que uma vez que estivesse suspensa no ar, suas asas brotariam. Se estivesse errada, significaria uma grande queda, centenas de metros, até o chão. Mas a nova Caitlin não acha que jamais pudesse estar errada.

      E não estava. Enquanto Caitlin salta em direção à noite escura, suas asas brotas de suas costas, e ela sente a excitante emoção de voar, deslizando pelo ar. Ela se espanta com o comprimento e amplitude das suas asas, alegre em sentir o ar fresco da noite em seu rosto, cabelo e corpo. É noite, mas a lua está tão cheia e tão grande, que ilumina a noite quase como se fosse dia.

      Caitlin olha para baixo e tem uma visão ampla do lugar. Ela havia pressentido água, e tinha estado certa. Estava em uma ilha. Em torno dela, em todas as direções, havia um enorme e belo rio, suas águas muito calmas, iluminadas pelo luar. Era o maior rio que ela já tinha visto. E lá, no meio dele, estava a pequena ilha onde ela havia dormido. Era uma ilha pequena, com pouco mais de alguns hectares, com um lado dominado por um castelo escocês destruído, meio em ruínas. O resto da ilha era totalmente tomado por uma densa floresta.

      Caitlin voa no ar, voando para cima e para baixo nas correntes de ar, com giros, piruetas e mergulhos, e circula a ilha mais uma vez.  O castelo era enorme e magnífico. Algumas partes estavam caindo aos pedaços, mas outras partes, escondidas da vista exterior, dentro dele, estavam perfeitamente intactas. Havia pátios internos e pátios externos, muralhas, torres, escadarias sinuosas, e muitos hectares de jardins. Era grande o suficiente para esconder um pequeno exército.

      Enquanto mergulha, ela vê que o interior do castelo está iluminado com tochas. E aquelas não eram pessoas dando mole por ali. Vampiros? Seus sentidos lhe dizem que sim. A sua própria espécie. Eles estavam andando pra lá e pra cá, interagindo uns com os outros. Alguns deles estavam treinando, lutando com espadas, jogando. A ilha estava borbulhando de atividades. Quem eram aquelas pessoas? Por que estavam ali? Eles a tinham acolhido?

      Quando Caitlin termina sua volta, ela vê o quarto de onde havia saltado. Ela estava ficando no topo da torre mais alta, que se abria para um enorme terraço, um grande espaço aberto. Nele, está um único, solitário vampiro. Caitlin não precisa voar mais perto para saber quem é aquele vampiro. Ela já sabe, bem dentro do seu coração e da sua alma. O sangue dele agora corre em suas veias, e ela o ama do fundo de seu coração. E agora que ele a havia transformado, ela o amava com algo ainda maior que amor. Ela sabia, mesmo à distância, que a figura solitária andando em frente ao seu quarto era Caleb.

      O coração dela dispara ao vê-lo. Ele está aqui. Ele está bem aqui. Parado ali, esperando, do lado de fora do quarto dela. Ele devia estar esperando ela se recuperar. Durante todo este tempo.

      Quem poderia dizer quanto tempo havia passado? Ele nunca tinha saído do seu lado. Mesmo com tudo que tinha acontecido, tudo o que estava acontecendo agora. Ela o amava ainda mais do que era possível. E agora, eles ficariam juntos por toda a eternidade.

      Lá está ele, encostado ao longo das muralhas, olhando para o rio, com um olhar preocupado e triste.

      Caitlin mergulha na direção dele, na esperança de surpreendê-lo, de impressioná-lo com sua recém-descoberta habilidade.

      Caleb olha para cima, chocado, e seu rosto se ilumina de alegria.

      Mas quando Caitlin se aproxima para a aterrissagem, de repente algo dá errado. Ele se sente perdendo o equilíbrio, perdendo a coordenação. Ela sente como se tivesse se aproximado rápido demais, e não conseguisse corrigir a tempo. Passando por cima da muralha, ela raspa o joelho e cai no chão de mau jeito, rolando na pedra.

      "Caitlin?" Caleb grita, correndo em direção a ela.

      Caitlin está deitada na pedra dura, sentindo uma nova dor, que lhe sobe pela perna. Ela está bem. Se tivesse sido a antiga Caitlin, uma simples humana, ela teria quebrado vários ossos. Mas como a nova Caitlin, ela sabe que logo estará de pé, recuperada rapidamente, em poucos minutos, provavelmente. Mas agora ela está constrangida.

      Ela pretendia surpreender e impressionar Caleb.

      E agora ela parecia mais uma idiota.

      "Caitlin?" ele pergunta novamente, ajoelhando-se ao lado dela, colocando a mão em seu ombro, "Você está bem?”.

      Ela olha para ele, sorrindo sem graça.

      "Belo jeito de te impressionar," ela diz, se sentindo uma boba.

      Ele passa a mão ao longo do lado da perna dela, verificando o seu prejuízo.

      "Eu não sou mais humana," ela fala, "você não tem que se preocupar comigo.".

      Ela imediatamente se arrepende de ter falado, e do seu tom. Tinha soado como uma acusação, quase como se ela lamentasse ter sido transformada. E ela não tinha tido a intenção de parecer tão dura. Pelo contrário, ela adorava o toque dele, adorava o fato de que ele ainda era tão protetor. Ela queria agradecer-lhe, dizer tudo isto para ele e muito mais, mas como sempre, ela tinha estragado tudo, e dito exatamente a coisa errada na hora errada.

      Que terrível primeira impressão como a nova Caitlin. Ela ainda não sabia manter a boca fechada. Obviamente algumas coisas nunca mudam, mesmo com a imortalidade.

      Ela se senta, e está prestes a colocar a mão no ombro dele e pedir desculpas, quando, subitamente, ouve um barulho choroso e sente uma nuvem fofa em seu rosto. Ela se inclina para trás, e percebe o que é.

      Rose. Seu filhote de lobo Rose salta em seus braços. Rose geme de felicidade, lambendo todo o rosto de Caitlin. Ela não consegue se segurar e cai na gargalhada. Ela dá um abraço em Rose, e puxando-a para trás, observa ela.

      Ainda um filhote, Rose parecia ter crescido, e estava maior do que Caitlin se lembrava. Caitlin reflete, e se lembra da última vez que tinha visto Rose, na King's Chapel, deitada no chão, sangrando, baleada por Samantha. Ela tinha certeza que Rose estava morta.

      "Ela conseguiu se recuperar", diz Caleb lendo sua mente, como sempre, "Ela é forte. Como a mãe," ele acrescenta com um sorriso.

      Caleb deve ter cuidado dos dois durante todo este tempo.

      "Quanto tempo eu fiquei inconsciente?", Caitlin pergunta.

      "Uma semana", responde Caleb.

      Uma

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