A Ascensão dos Dragões . Морган Райс
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Читать онлайн книгу A Ascensão dos Dragões - Морган Райс страница 8
"Parece que eles erraram," Vidar conclui, "e a menina os salvou. Quem ensinou vocês dois a arremessar lanças?"
Brandon e Braxton parecem cada vez mais nervosos, claramente pegos em uma mentira, e não dizem uma palavra.
"É uma coisa triste mentir sobre uma caça," Anvin diz sombriamente, voltando-se para seus irmãos. "Vamos logo com isso, seu pai quer que vocês digam a verdade."
Brandon e Braxton ficam ali, contorcendo-se, claramente desconfortáveis, olhando um para o outro como se estivessem decidindo o que dizer. Pela primeira vez desde que consegue se lembrar, Kyra percebe que eles não sabem como responder.
Quando eles estão prestes a abrir a boca, de repente, uma voz estrangeira atravessa a multidão.
"Não importa quem o matou," diz a voz. "Ele agora é nosso."
Kyra se vira com todos os outros, assustada com o tom áspero da voz desconhecida, e seu estômago embrulha quando ela vê um grupo dos homens do Lorde, distintos em sua armadura escarlate, darem um passo à frente no meio da multidão quando os moradores abrem caminho para eles. Eles se aproximam do javali, olhando-o com admiração, e Kyra percebe que eles o querem como um troféu – não porque precisam dele, mas como uma forma de humilhar seu povo, levando embora algo de que eles se orgulham. Ao lado dela, Leo rosna, e ela coloca uma mão reconfortante em seu pescoço, segurando-o no lugar.
"Em nome do Lorde Governador," diz um dos homens do Lorde, um soldado corpulento com uma testa baixa, sobrancelhas grossas, uma grande barriga, e um rosto nitidamente estúpido, "nós reivindicamos este javali. Ele agradece antecipadamente pelo presente neste festival."
Ele faz um gesto para seus homens e eles andam na direção ao javali, se preparando para agarrá-lo.
Assim que eles se aproximam, Anvin de repente dá um passo adiante, com Vidar ao seu lado, e bloqueia o caminho deles.
Um silêncio atônito cai sobre a multidão – ninguém jamais havia confrontado os homens do Lorde; como se houvesse uma regra não escrita. Ninguém propositalmente provocava a ira de Pandésia.
"Ninguém lhe ofereceu um presente, que eu tenha visto," ele diz, sua voz firme como o aço, "ou ao Lorde Governador."
A multidão engrossa, centenas de moradores se reúnem para assistir o tenso impasse, sentindo que um confronto está prestes a acontecer. Ao mesmo tempo, outros recuam, abrindo espaço em torno dos dois homens, à medida que a tensão no ar se intensifica.
Kyra sente seu coração batendo acelerado. Inconscientemente, ela apertou a mão em torno de seu arco, sabendo que a situação está ficando séria. Por mais que ela queria uma briga, queria sua liberdade, ela também sabe que seu povo não pode dar-se ao luxo de incitar a ira do Lorde Governador; mesmo se por algum milagre eles o derrotarem, o Império Pandesiano os defenderia. Eles poderiam convocar divisões de homens tão vastas quanto o oceano.
No entanto, ao mesmo tempo, Kyra se sente orgulhosa de Anvin por defender seu povo. Finalmente, alguém o tinha feito.
O soldado olha com raiva, encarando Anvin.
"Você se atreve a desafiar o seu Lorde Governador?" ele pergunta.
Anvin se mantém firme.
"Esse javali é nosso, ninguém está dando ele pra vocês" afirma Anvin.
"Ele era seu," o soldado o corrige, "e agora ele nos pertence." Ele se vira para os seus homens. "Peguem o javali", ele ordena.
Os homens do Governador se aproximam e uma dúzia dos homens de seu pai dá um passo adiante, oferecendo apoio para Anvin e Vidar, que bloqueiam o caminho dos homens do Governador com as mãos em suas armas.
A tensão aumenta, e Kyra aperta seu arco até que as juntas de seus dedos ficam brancas, sentindo-se mal, como se de alguma forma ela fosse responsável por tudo aquilo, já que ela havia matado o javali. Ela sente que algo muito ruim está prestes a acontecer, e ela amaldiçoa seus irmãos por trazer o animal de volta para a sua aldeia, especialmente durante a Lua de Inverno. Coisas estranhas sempre acontecem nos feriados, épocas místicas em que os mortos são capazes de passar de um mundo para o outro. Por que seus irmãos tinham de provocar os espíritos desta forma?
Enquanto os homens se enfrentam, e os homens de seu pai se preparam para sacar suas espadas, prestes a começarem o derramamento de sangue, uma voz autoritária de repente corta o ar, atravessando o silêncio.
"A caça pertence à garota!" diz a voz.
É uma voz forte, cheia de confiança, uma voz que chama a atenção, e que Kyra admira e respeita mais do que qualquer outra coisa no mundo: a voz de seu pai, o Comandante Duncan.
Todos os olhos se voltam para seu pai, que se aproxima à medida que a multidão abre caminho, dando-lhe amplo espaço para passagem em sinal de respeito. Lá está ele, grande como uma montanha, duas vezes mais alto que os outros homens, com os ombros duas vezes mais largos, uma barba castanha indomada e cabelos castanhos compridos com mechas cinza, vestindo peles sobre os ombros e com duas longas espadas em seu cinto e uma lança em suas costas. Sua armadura, na cor negra de Volis, tem um dragão esculpido em seu peitoral, o símbolo de sua casa. Suas armas apresentam riscos e arranhões de batalhas anteriores e ele sua imagem projeta toda a sua experiência. Ele é um homem a ser temido, um homem a ser admirado, um homem que todos sabiam ser justo e correto. Um homem amado e, acima de tudo, respeitado.
"O animal pertence à Kyra," ele repete, olhando com desaprovação para os irmãos dela e, em seguida, voltando-se e olhando para Kyra, ignorando os homens do Governador. "Ela deve decidir o seu destino."
Kyra fica chocada com as palavras de seu pai. Ela não esperava por isso, não esperava que ele fosse colocar a responsabilidade em suas mãos, deixando para ela uma decisão tão importante. Pois não se trata apenas da decisão sobre o javali, ambos sabem, mas do destino de seu próprio povo.
Soldados tensos se alinham em ambos os lados, todos com as mãos sobre suas espadas, e quando ela olha para seus rostos, todos olhando para ela e aguardando sua resposta, ela sabe que sua escolha, – suas próximas palavras, seriam as mais importantes ela já havia pronunciado.
CAPÍTULO QUATRO
Merk caminha lentamente pela trilha na floresta, abrindo caminho através da Floresta Branca e refletindo sobre sua vida. Seus quarenta anos tinham sido duros; ele nunca tinha tido a oportunidade de caminhar através de uma floresta, admirando a beleza ao seu redor. Ele olha para as folhas brancas sendo esmagadas sob seus pés, ouvindo o som de seu cajado batendo no chão macio da floresta; ele olha para cima enquanto caminha, admirando a beleza das árvores de Esopo, com suas resplendorosas folhas brancas e brilhantes galhos vermelhos, brilhando sob sol da manhã. As folhas caem, derramando sobre ele como neve, e pela primeira vez em sua vida, ele sente uma sensação real de paz.
De tamanho e altura medianos, com cabelos castanhos escuros, a barba perpetuamente por fazer, uma grande mandíbula, maçãs do rosto proeminentes, e grandes olhos negros com enormes olheiras, Merk sempre aparentava não ter dormido há dias. E é exatamente assim que ele se geralmente se sentia. Exceto agora. Agora, finalmente, ele se sente descansado. Ali, em Ur, no lado noroeste de Escalon, não há neve. A brisa temperada do oceano, apenas um dia de viagem a oeste, lhe oferece um clima mais quente e