A Espera . Блейк Пирс
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Durante a viagem até ali, Crivaro assegurara a Riley que o odor que encontrara no campo não era do cadáver. Tal como Riley adivinhara, era apenas do lixo deixado espalhado. O corpo de Janet Davis não estava sem vida há tempo suficiente para produzir aquele odor – nem os corpos das amigas assassinadas de Riley em Lanton.
Riley ainda não se deparara com o fedor de um cadáver em decomposição.
Crivaro dissera na viagem…
“Saberá de que se trata quando sentir o odor.”
Não era algo que Riley antecipasse com entusiasmo.
Mais uma vez interrogou-se…
O que é que eu estou aqui a fazer?
Ela e Crivaro entraram no elevador e saíram num piso ocupado por dezenas de laboratórios forenses. Ela seguiu Crivaro por um corredor até chegarem a uma sala com um sinal que dizia “SALAESCURA”. Um jovem de cabelo comprido e magro estava inclinado junto à porta.
Crivaro apresentou-os ao homem que acenou e disse, “Eu sou Charlie Barrett, técnico forense. Chegaram mesmo a tempo. Fiz uma pausa depois de processar os negativos da máquina que encontraram no Parque Lady Bird Johnson. Estava agora a voltar para fazer algumas impressões. Entrem.”
Charlie levou Riley e Crivaro até um pequeno corredor banhado numa luz difusa. Depois passaram por uma segunda porta até uma sala mergulhada na mesma luz estranha.
A primeira coisa em que Riley reparou foi no cheiro acre e intenso a químicos.
Curiosamente, ela não considerou o cheiro completamente desagradável.
E vez disso, parecia quase…
Purificante, Considerou Riley.
Pela primeira vez desde que deixara o campo onde encontraram o corpo, aquele fedor azedo a lixo desapareceu.
Até o horror se desvaneceu um pouco e a náusea de Riley desapareceu.
Era um verdadeiro alívio.
Riley observou com fascínio todo aquele equipamento elaborado por entre a luz difusa e estranha.
Charlie segurou numa folha de papel com filas de imagens e examinou-a na luz.
“Aqui estão as provas,” Disse ele. “Parece que ela era uma grande fotógrafa. Foi uma pena o que lhe aconteceu.”
Quando Charlie pousou pedaços de filme na mesa, Riley percebeu que nunca antes estivera numa sala escura. Sempre levara os seus rolos a uma loja de fotografia para serem revelados. Ryan e alguns dos seus amigos tinham comprado máquinas digitais há pouco tempo, e não precisavam de rolo.
O marido de Janet Davis dissera a McCune que a sua mulher usava os dois tipos de máquina. Tendia a usar uma máquina digital para o seu trabalho, mas considerava as fotos que tirava no parque arte e para isso preferia máquinas de rolo.
Riley pensou que Charlie também parecia ser um artista, um verdadeiro mestre no que fazia. Isso fê-la pensar…
Isto é uma arte em vias de extinção?
Será que este trabalho de precisão com rolos, papel, instrumentos, termómetros, temporizadores, válvulas e químicos, um dia seguiria o mesmo caminho da ferraria?
Se fosse esse o caso, era triste.
Charlie começou a imprimir uma a uma – primeiro aumentando o negativo para um pedaço de papel de fotografia, depois lentamente ensopando o papel numa bacia de líquido, seguido de mais mergulhos a que Charlie dava o nome de “banho de paragem” e “banho de reparação”. Depois vinha o enxaguamento num lavatório de alumínio debaixo de água corrente. Por fim, Charlie pendurou as fotos com clips numa bancada rotativa.
Era um processo lento e silencioso. O silêncio foi apenas quebrado pelos sons de líquido, pelo som de pés em movimento e algumas palavras trocadas em sussurros quase reverenciais. Não parecia certo falar alto naquele local.
Aquela quietude e lentidão era calmante para Riley, sobretudo depois da ruidosa desordem na cena do crime quando a polícia se debatia para manter os jornalistas à distância.
Riley observou arrebatadamente as imagens a revelarem-se sozinhas ao longo de vários minutos – fantasmagóricas e indistintas de início, por fim nítidas.
As fotografias a preto e branco captava uma tarde tranquila e pacífica no parque. Uma delas mostrava uma pequena ponte de madeira sobre uma estreita passagem de água. Outra parecia ser de um bando de gaivotas a levantar voo, mas quando a imagem se tornou mais nítida, Riley percebeu que os pássaros faziam parte de uma grande estátua.
Outra foto mostrava um obelisco de pedra com o Monumento Washington encimando à distância. Outras imagens eram de caminhos para andar de bicicleta e caminhar que passavam por áreas arborizadas.
As fotos tinha sido claramente tiradas quando o por do sol já se aproximava, criando leves sombras cinzentas, auréolas brilhantes e silhuetas. Riley percebeu que Charlie tinha razão ao dizer que Janet Davis fora “uma grande fotógrafa”.
Riley também teve a sensação de que Janet conhecia bem o parque e escolhera os locais com antecedência – e também o momento do dia, quando os passeantes eram em menor número. Riley não via uma única pessoa em qualquer foto. Era como se Janet tivesse o parque só por sua conta.
Finalmente, surgiram fotos de uma marina, das docas e barcos e água a brilhar enquanto o sol se punha. A calma da cena era verdadeiramente tangível. Riley quase conseguia ouvir o delicado ruído da água e o grasnar dos pássaros, quase conseguia sentir a carícia de ar fresco no seu rosto.
Então, por fim, apareceu uma imagem dissonante.
Também era da marina – ou pelo menos Riley pensou que seria graças às sombras dos barcos e docas. Mas tudo estava desfocado e caótico e emaranhado.
Riley percebeu o que deveria ter acontecido no momento em que aquela fotografia fora tirada…
A máquina foi-lhe arrancada das mãos.
O coração de Riley começou a bater descompassadamente.
Ela sabia que a imagem tinha captado o preciso instante em que o mundo de Janet Davis mudara para sempre.
Numa fração de segundo, a tranquilidade e a beleza tinham-se convertido em fealdade e terror.
CAPÍTULO NOVE
Ao olhar para a imagem desfocada, Riley interrogou-se…
O que é que aconteceu a seguir?
Depois de a máquina ter sido arrancada das mãos da mulher, o que é que lhe aconteceu?
O que é ela experimentou?
Terá lutado contra o agressor até