Canções De Natal Na Velha América. Patrizia Barrera
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Os romanos, que derrotaram e colonizaram os celtas em várias ocasiões, assimilaram seus costumes e tradições, e foi assim que a celebração do solstício de inverno se tornou uma tradição do Império. Na verdade, a celebração do solstício de inverno está um pouco presente em todas as culturas: nos tempos antigos os ciclos naturais eram bem observados e o fato do dia mais curto (e, portanto, o aparente “abandono do sol”) cair por volta do dia 21 de dezembro representava um fato conhecido, mas não considerado "determinado". O sol era um Deus vívido; e como todos os deuses, sujeito a excessos, rancores e atos violentos. Era, portanto, necessário agradá-lo para que ele continuasse a dar calor ao homem. Os dias imediatamente seguintes à 21 de dezembro eram, portanto, vividos pelos primitivos com terror e medo, especialmente quando a luz inevitavelmente se tornava mais fraca e as noites mais longas. A certeza de que o sol retornaria e que um novo ano se abriria para a humanidade acontecia apenas em 25 de dezembro, o dia em que, devido a várias leis astronômicas que não estou aqui para explicar, o sol parecia "renascer" poderoso e vitorioso.
Simplificando, o sol vivia um novo "Natal". Esta interpretação simples talvez explique o sucesso das celebrações relacionadas ao solstício de inverno que encontramos em muitas culturas espalhadas pelo mundo.
Quando os romanos "reciclaram" as danças pagãs, estavam na verdade propondo algo óbvio e esperado pelo povo. Depois dos romanos, vieram os cristãos que, ao combinar as danças pagãs cheia de símbolos representativos com a divindade de Cristo e a virgindade de Maria, estavam na prática conectando sua religião a mitos e costumes muito mais antigos. A virgem com o menino, na verdade, não é uma herança cristã.
No Egito, por exemplo, 2000 anos antes do nascimento de Jesus, o deus Hórus (o Sol) foi retratado como uma criança nos braços da deusa Ísis (a Lua), que era mãe e irmã. Mesmo antes, na Pérsia, o mito de Deus Mitra nos deveria fazer refletir: parece que nasceu de uma virgem, teve doze discípulos e, acima de tudo, que foi chamado de "O SALVADOR"! O Deus Sol babilônico TAMMUZ não é menos surpreendente: também foi representado nos braços da Deusa mãe ISHTAR, tinha um halo formado por doze estrelas, o que representava os 12 signos do zodíaco. (12 como os discípulos de Cristo, percebem?) Parece que ele também morreu e ressuscitou depois de três dias... e isso em 3000 A.C.
Me abstenho de comentar sobre os rituais cruéis de Dionísio, em que o Deus criança foi literalmente despedaçado por mulheres loucas, apenas para renascer mais bonito e forte do que antes; e faço referência a apenas um Deus Sol da península de Yucatan, também nascido das virgens CHRIBIRIAS. Porém, quero enfatizar que os rituais que acompanharam o solstício de inverno não diziam respeito apenas a esse hemisfério, mas também ao outro, já que até os Incas celebravam o Deus Sol VIRACOCHA no inverno do hemisfério sul, ou seja, 24 de junho!
FOTO 1) Aqui está a extraordinária semelhança entre a Deusa Ísis e a Virgem Cristã. São diversas as semelhanças: o que chama a atenção é a centralidade de suas figuras na religião pagã e cristã. Ambas foram consideradas mortais, virgens e ligadas à figura do "Salvador", Hórus para Ísis e Cristo para Maria, que a iconografia clássica resume como a criança que seguram nos braços e que ambas amamentam.
No fundo, somos todos iguais. E todo mundo celebrava alegremente um Natal cheio de danças e canções, entre um abraço e uma bebida, até que o cristianismo chega para estragar tudo. Obviamente foram proibidos o sexto e outras partes agradáveis da festa, pois não correspondiam à imagem da pureza de Maria; mais tarde, as proibições foram estendidas à dança, considerado o "dom do diabo". E, finalmente, decidiram substituir as canções pagãs que ainda louvavam estranhas divindades do passado, pois confundiam as pessoas com as divindades cristãs.
O primeiro a fornecer um texto original foi o bispo romano, em 129 D.C., que forçava fiéis a cantar um HINO DO ANJO no Natal; a Igreja Ortodoxa, para não ficar para trás, produziu um HINO DA DIVINDADE em 720 D.C. por meio de um certo Comas de Jerusalém. Com isso, a escrita de textos religiosos para serem cantados no Natal tornou-se de fato uma profissão, que era reservada aos monges. Foi no século IV que tomaram a iniciativa de estabelecer a data do nascimento de Jesus em 25 de dezembro, de maneira a combater as ainda numerosas celebrações do solstício de inverno. Na realidade, nenhum dos Evangelhos se refere a um momento preciso quando se trata do Nascimento. Jesus nasce e ponto. Os teólogos tomaram como exemplo o censo, não ignorando o fato de que os romanos tinham uma verdadeira paixão pela "contagem" de seus súditos, que adoravam realizar censos também por razões de planejamento e controle. Substituir as celebrações pagãs com o nascimento de Nosso Senhor foi, portanto, um e brilhante golpe de mestre.
No entanto, as pessoas não apreciaram imediatamente a mudança: a vida era curta e difícil demais para acabar com um dos poucos momentos do ano para extravasar. Condenados ao jejum e à moderação dos costumes, os novos cristãos refugiaram-se em canções populares que, tendo o mérito de serem cantadas em sua língua nativa, eram facilmente compreensíveis e memorizadas por todos. A Igreja, na verdade, obrigou a plebe a decorar cânticos em latim, e as celebrações eram conduzidas entre um povo triste e sério que tentava murmurar palavras que não compreendiam o significado.
Muitos Bispos paleocristãos se opuseram a essa situação, como por exemplo Santo Ambrósio. Ele inclusive adaptou o texto VENI, REDEMPTOR GENTIUM à música popular de origem pagã para que o povo, mesmo não conhecendo o texto, pudesse ao menos cantarolar a música. Mas foram casos isolados. Entre anátemas e ameaças de excomunhão, a Igreja Católica conseguiu compor uma verdadeira antologia musical que foi imposta ao povo, e que conseguiu sobreviver até a Idade Média. Certamente, o povo não ficou feliz. No início dos anos 1200, as pessoas perderam o desejo de celebrar o Natal, e o nascimento de Nosso Senhor passou apático entre famílias carrancudas, cuja única transgressão consistia em finalmente poder comer um pedaço de carne após o longo jejum do Advento. Um dos santos mais atentos e reformadores do catolicismo, São Francisco de Assis, percebe esse problema e decide ressuscitar a alegria extinta para reaproximar o povo do céu.
Entendendo as dificuldades dos pobres, ele cria uma espécie de celebração viva do nascimento de Jesus, com uma manjedoura e protagonistas que, diferentemente do que se acredita, não estavam ali para serem admirados, mas para cantar as estrofes tradicionais nunca esquecidas, acompanhadas de assobios e gaitas de fole, narrando brevemente a história do Nascimento. Era uma semana inteira de preparação para o Natal, com jogos e competições, assim como sorteio de prêmios pela melhor preparação do presépio. Tudo culminava em 25 de dezembro, quando começavam danças ao ar livre, que tinham como objetivo dissipar a crença de que as danças em honra de nosso Senhor eram pecaminosas. Deve ser dito que, à primeira vista, a Igreja não aprecia a mudança, mas a reputação de santidade de Francisco era tão pura e intocável que o Papa não se importa; além disso, o alegre costume já havia cruzado fronteiras, e desembarcado na França, Espanha e Alemanha, fazendo tanta propagando do cristianismo que proibi-lo teria sido certamente um tiro no pé.
FOTO 2. Frequentemente Francisco participava das apresentações teatrais do Natal, colocando no meio da noite um bebê recém-nascido na manjedoura, e ao mesmo tempo celebrando a Santa Missa. Deste modo, a população ignorante era educada sobre os mistérios do nascimento de Jesus e da virgindade de Maria de maneira simples e eficaz.
Assim, na Europa, ao lado dos cânticos estritamente em latim da Igreja,