O Duque e a Corista. Barbara Cartland
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Barbara Cartland
Barbara Cartland Ebooks Ltd
Esta Edição © 2015
Título Original: “The Goddess and the Gaiety Girl”
Direitos Reservados - Cartland Promotions 2015
Capa & Design Gráfico M-Y Books
CAPÍTULO I ~1870
O quarto Duque de Tregaron, Murdoch Proteus Edmond Garon, agonizava.
O imponente Castelo estava mergulhado em um pesado silêncio, os empregados andavam nas pontas dos pés, e por todos os lados, ouviam-se sussurros abafados, prelúdio à morte.
—Ainda vai demorar um bocado— disse um criado a outro, ambos de serviço no enorme vestíbulo, à disposição dos ocupantes das carruagens que não cessavam de chegar.
—A culpa é dos médicos. Quando a gente é pobre, eles nos despacham bem depressa, mas quando se trata de ricos, eles os mantêm respirando enquanto puderem, para conseguirem faturar um bom dinheiro…
O primeiro lacaio abafou uma risada e manteve-se em silêncio ao ver o mordomo, grisalho e com ar pontifical, avançando em direção à porta da entrada.
Devia ter visto uma carruagem a percorrer a alameda de velhos carvalhos.
Dois criados desceram rapidamente os degraus de pedra em direção à porta da carruagem e seu lugar foi imediatamente ocupado por dois outros. Todos usavam o uniforme púrpura e dourado dos Garons, bem como perucas empoadas.
Parado diante da porta, o mordomo contemplava a Marquesa de Humber descer da carruagem.
Pensava não ser nada surpreendente o fato de que o Duque, após levar uma vida de dissolução e deboche, morresse contando apenas cinquenta e oito anos.
A Marquesa avançou lentamente e com dignidade, pois era uma criatura muito consciente de sua posição.
—Boa tarde, Dawson!
—Boa tarde, milady— disse o mordomo, inclinando-se—, um dia muito triste para todos nós, como Vossa Senhoria bem sabe.
—Irei imediatamente ter com o senhor Duque. Não há necessidade de acompanhar-me, Dawson. Presumo que já tenham prevenido o Sr. Justin.
—Sim, milady. Um mensageiro partiu para a França na manhã de ontem.
—França!?
Não era uma pergunta, mas uma exclamação, e a Marquesa contraiu os lábios, evidenciando sua desaprovação, enquanto subia lentamente a majestosa escada, com seu corrimão de pedra ricamente esculpido, onde se viam quadros de animais, cada um deles empunhando um escudo.
No enorme aposento que tinha sido outrora o quarto dos reis, o Duque jazia de olhos cerrados, sem prestar atenção aos murmúrios de seu capelão, que orava ao seu lado.
Do outro lado da cama, encontrava-se sentada em uma cadeira a irmã do Duque, lady Alice Garon.
Não conseguia ajoelhar devido à artrite e, de qualquer modo, pensava, com uma ponta de cinismo, que nem seu irmão e nem Deus pareciam dispostos a apreciar aquele gesto.
Três médicos encontravam-se no extremo do aposento, um tanto contrafeitos, conversando em voz muito baixa.
Haviam feito o impossível a fim de prolongar a vida de seu paciente, mas estavam cientes de que, depois que a pneumonia se agravara, nada, e muito menos sua capacidade um tanto limitada, poderia salvar a vida do Duque. A porta abriu-se e a Marquesa entrou, movimentando-se como um barco com as velas enfunadas.
Encaminhou-se para a cama de seu irmão e o capelão levantou-se, afastando-se e confundindo-se com a penumbra do quarto.
A Marquesa curvou-se e pousou a mão sobre a de seu irmão.
—Está me ouvindo, Murdoch?
O Duque, abriu muito lentamente os olhos.
—Estou aqui e alegra-me saber que você ainda está vivo!
Um sorriso ligeiramente irónico aflorou aos lábios do Duque.
—Você sempre… quis estar presente… quando a minha morte… chegasse, Muriel!
A Marquesa ficou tensa, como se aquela acusação a magoasse. Antes que pudesse responder, o Duque perguntou, com dificuldade:
—Onde… está… Justin?
—Pelo que me informaram, alguém foi à procura dele ontem. Acho uma negligência muito grande o fato de não terem tomado uma providência antes.
Olhava diretamente para sua irmã, do outro lado da cama, enquanto falava, e lady Alice teria retrucado, se o Duque não tivesse prosseguido, exprimindo-se com acentuado esforço:
—Ele será… um Duque… melhor do que eu…
A última palavra confundiu-se com um estertor rouco que parecia vir das profundezas de sua garganta.
Os médicos aproximaram-se, mas quando chegaram à cama sabiam que o Duque não voltaria a falar nunca mais. . .
O sol tentava penetrar as cortinas de renda, que cobriam uma janela muito necessitada de limpeza.
Seu calor parecia perturbar o homem sentado em uma poltrona, com as pernas estendidas. Olhou para a mulher deitada em um divã e disse:
—O dia está quente. Quer respirar um pouco de ar puro?
—Não faço questão. Se quiser sair, vá.
—Estou bem aqui.
—Deve ser um transtorno para você estar confinado aqui. Sei disto, Harry, mas fico-lhe tão grata…
Estendeu a mão, enquanto falava. O homem levantou-se e ficou ao lado do divã, tomando sua mão.
—Você sabe muito bem que quero estar a seu lado, Katie, e queria tanto poder fazer alguma coisa…
A mulher, que era pouco mais do que uma garota, suspirou.
—Eu também, e é um tormento para mim não ir ao teatro. Não consigo deixar de pensar nas pessoas que agora devem estar nos novos camarins, usando as roupas novas. Oh, Harry, quem será que estará usando a minha?
Aquele lamento parecia vir do fundo do seu coração, e Harry comprimiu seus dedos com mais força, enquanto dizia:
—Ninguém. Hollingshead está guardando seu lugar, conforme já lhe disse.
Estava mentindo, mas falava com ar de absoluta convicção, e a luz voltou aos olhos da jovem.
—Hoje ficaremos sabendo, não é mesmo? O Dr. Medwin disse que hoje poderia dar uma opinião…
—Sim,