O Duque e a Corista. Barbara Cartland
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Читать онлайн книгу O Duque e a Corista - Barbara Cartland страница 3
—E você foi?
—Claro que sim! Pois o Duque respondeu: “Agradeça a lady Constante e diga-lhe que a Srta. King e eu iremos assim que acabarmos de jantar.”
“Muito bem, senhor Duque”, respondeu o maitre, afastando-se, e não me passou pela cabeça que aquilo não pudesse ser outra coisa que não um amável convite.
—Está insinuando que foi este o modo pelo qual o Duque a persuadiu, a entrar em um reservado?
—Exatamente. Uns dez minutos mais tarde, subimos as escadas e o garçon nos levou por um corredor escuro. Conseguia ouvir as pessoas conversar e rir por detrás das portas. Finalmente chegamos. Entrei em uma sala onde havia pouca luz e vi que estava vazia! Inocente e um pouco tonta com a bebida, olhei à minha volta e pensei que aquilo devia ser a ante-sala do lugar onde se desenrolava a reunião. Voltei-me, e vi o Duque fechando a porta e enfiando a chave no bolso. Então certifiquei-me de que tinha sido enganada!
—E não podia tomar nenhuma atitude?
—Gritei e ele bateu em mim. Quanto mais eu lutava, mais prazer ele parecia sentir. O Duque era muito forte e, como sou covarde, não ofereci muita resistência, após os primeiros esforços desesperados, quando tentei escapar.
—Pobre Katie!
—Soube mais tarde que metade das garotas do teatro tinham a mesma história a contar. Nunca confie em um admirador e nunca beba, se quiser aproveitar-se dele! É meu conselho para toda garota do interior que entra para o teatro!
—Sempre ouvi dizer que o Duque era um devasso! O que foi que ele lhe deu?
—Cinquenta libras. Acabaram-se então as flores e os convites para jantar.
—Está falando a sério?
—Muita gente me disse mais tarde que ele apenas queria ser o primeiro com alguém que fosse jovem, inocente e intocada. Foi o que conseguiu de mim! E não teve de gastar muito dinheiro! O Duque me levou a desprezar todos os homens, até você surgir, mas então foi diferente. Oh, Harry, eu o amo!
—Temos tido momentos de felicidade e teremos muitos mais, você verá. Quando o médico lhe der a boa nova, você voltará para o palco e Hollingshead lhe dará o papel principal.
—É só o que eu quero! Meu nome em primeiro lugar no cartaz; Katie King, estrela… A Princesa de Trebizonda!
—Pois anote o que eu digo, será exatamente assim! Você tem mais um mês para se recuperar. Disseram-me que o espetáculo que ele trouxe de Paris será o melhor que já vimos. E sempre gostei da música de Offenbach.
—Tenho de tomar parte nele!
—Pois tomara!
Nesse momento, ouviram alguém bater à porta. Era o médico que chegava. Harry estava no corredor quando o Dr. Medwin saiu do quarto de Katie.
Era um homem de meia-idade. O cabelo começava a ficar grisalho e as rugas do rosto, bem como a palidez da pele, denunciavam que ele trabalhava em excesso e achava-se mal alimentado.
Não era somente um bom médico, mas também sabia julgar o caráter das pessoas. Apesar de saber muito bem, quem era Harry Carrington, era um homem que vivia do dinheiro das mulheres com quem se relacionava e ainda assim gostava dele.
Harry era um boa-vida, um homem que jamais trabalhara um dia sequer em toda a existência, mas tinha berço, educação e um encanto que as mulheres julgavam irresistível.
Tem também, pensou o Dr. Medwin, a decência de ficar ao lado de Katie King, nesse momento difícil de sua vida. Se acaso ela tivesse se encontrado a sós com seus temores, muito provavelmente teria se matado.
O rio Tâmisa, que banhava o bairro onde o Dr. Medwin tinha sua clínica, havia recebido em suas águas vários de seus pacientes, que não tinham coragem de encarar a vida, após saberem da verdade em relação à sua saúde.
Harry estava debruçado sobre o corrimão da escada quando o Dr. Medwin saiu do quarto de Katie, fechando a porta.
—Qual é o diagnóstico?— indagou Harry, tenso.
—Mau!
—É o que eu esperava.
—Eu também, mas precisava de uma confirmação. Os testes demonstram, sem sombra de dúvida, a expansão de um câncer.
—E o que o senhor pode fazer?
—Receio que muito pouca coisa. É terrível dizer isto em relação a uma mulher que não tem muito mais de vinte e três anos e é tão bela quanto Katie King.
—Mas com certeza há algo que o senhor possa fazer.
—Posso providenciar para que ela não sofra muito, mas não mentirei, dizendo que as dores não se tornarão cada vez mais agudas e que somente remédios a impedirão de sentir o quanto elas são terríveis.
—Ê tudo?
—Se você fosse rico, poderia lhe dar uma resposta diferente. Existe uma esperança para aqueles que se submetem à cirurgia. É um novo processo, que surgiu há cinco anos, graças às ideia s revolucionárias de um homem chamado Joseph Lister.
—Acho que já li algo a respeito. Ele escreveu um trabalho, defendendo sua crença de que os antissépticos podem impedir a putrefação das fendas cirúrgicas, e suas teorias são confirmadas por tudo aquilo que o cientista francês Louis Pasteur, vem pesquisando em seu país.
—E isto não se aplica ao caso de Katie?
—No que diz respeito à Srta. King, a única providência que posso tomar é mandá-la para um de nossos hospitais, onde haja um leito à sua disposição. Os médicos admitem que a chance de sobreviver após semelhante operação, é de cinquenta por cento, mas garanto-lhe, baseado em minha experiência pessoal, que esta porcentagem é ainda mais baixa.
—É o que me contaram, e eu não permitiria que nem mesmo um animal, suportasse as condições presentes em hospitais desse tipo.
—Exatamente!
Ambos permaneceram em silêncio. O Dr. Medwin pensava na frequência com que tinha de observar a pele e a carne em volta de uma ferida tornarem-se vermelhas, quentes e inchadas. Gradualmente enegreciam, devido à gangrena, emanavam fluidos malcheirosos e pus, e o paciente tremia, tinha febre, terminando por morrer.
Parecia que Harry havia seguido seus pensamentos, pois perguntou:
—O senhor disse que há uma alternativa?
—Existe um médico realizando pesquisas relativas aos métodos de Lister, em seu pequeno hospital particular.
—Qual