O Duque e a Corista. Barbara Cartland
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—E quanto é que ele cobra?
—Contando as despesas de internamento em seu hospital, não cobraria menos de duzentas libras.
—No momento não disponho nem mesmo de dez por cento desta quantia!
—Pois então, como disse, farei o possível para impedir a Srta. King de sofrer.
—E o que ela deve fazer enquanto isto.
—O que ela quiser, mas não deve se movimentar muito e certamente não poderá dançar. Sinto muito, Carrington, mas sabia que você preferiria conhecer a verdade.
—Sim, é claro.
—Não é nenhum consolo, mas estou para ter a mesma conversa com outro paciente, cujo estado examinei ao mesmo tempo que o da Srta. King. Já deve ter ouvido falar dele. Mora aqui no bairro. É o professor Braintree.
—Tenho a impressão de que já li algo a respeito dele.
—Trata-se de um homem brilhante, admirado como uma grande autoridade na literatura do Século XIII e muito apreciado pelo mundo intelectual, o que infelizmente não o leva a comprar seus livros.
O Dr. Medwin pegou sua maleta preta, que havia colocado sobre o assoalho, enquanto conversava com Harry.
—Por mais estranho que pareça, a filha dele tem os cabelos da mesma cor, dos da Srta. King. Parece-me uma extraordinária coincidência ter duas pacientes com cabelos de coloração quase excepcional.
—Pode parecer estranho, sim. A exemplo do senhor, quando conheci Katie, não sabia que uma tal cor existia, a não ser nas telas dos clássicos da pintura.
—Ê de uma beleza extraordinária! Lamento profundamente que não se possa fazer mais pela Srta. King, ou pelo pai da Srta. Braintree.
Pôs-se a caminhar em direção à escada e Harry seguiu-o.
—O que o senhor está dizendo é que, se o professor Braintree dispusesse de dinheiro, poderia ser operado pelo Dr. Curtis e poderia ser salvo, a exemplo de Katie.
—Existe uma chance de que o câncer tenha ido longe demais, mas, se quer minha opinião profissional, a Srta. King e o professor poderiam ser salvos, se fossem operados imediatamente por Sheldon Curtis.
Haviam chegado ao vestíbulo sujo e estreito e o médico fez uma pausa, antes de abrir a porta da frente.
—Já sei a resposta, mas tenho de lhe perguntar, se após tudo o que eu lhe disse, gostaria de assumir o risco de levar a Srta. King, ao hospital? O senhor sabe o que eu penso. Se achasse que ela tinha uma chance, por remota que fosse, não hesitaria, mas sei de numerosos casos de pessoas que morreram no hospital, após terem sido praticamente esquartejadas. Se ela tem de morrer, é preferível que morra com higiene.
—Achei que você iria dizer isto mesmo. Até logo, Carrington. Gostaria de ter trazido notícias mais favoráveis. Voltarei dentro de um ou dois dias. Mande me chamar, se ela padecer de muita dor.
—Sim, claro, e obrigado.
O médico saudou-o e caminhou para outro setor do bairro, onde as casas eram um pouco melhores do que aquela em que Katie King morava.
Harry subiu muito lentamente as escadas, em direção ao segundo andar. Ao chegar à porta de Katie, fez uma pausa, antes de abri-la, e exercendo um esforço considerável, forçou um sorriso.
—O que foi que ele disse? Não quis que eu tomasse conhecimento de nada…
Estava apoiada nos travesseiros e seus formosos cabelos dourados caíam até a cintura. Irradiava tamanha beleza que durante um momento Harry não conseguiu deixar de olhá-la, não conseguindo acreditar que acabara de ouvir sua Conde nação à morte.
—O médico foi muito animador. As coisas não se apresentam tão ruins como ele imaginava, e ele voltará novamente dentro de alguns dias. Disse que até lá você, com toda a certeza, estará se sentindo melhor.
—Ele disse isto de verdade?
Harry sentou-se na cama e abraçou-a.
—Você então acha que eu lhe mentiria? Tem que ficar boa, querida, e bem depressa, caso contrário os dois acabaremos passando fome!
—Oh, Harry, quando eu voltar para o palco trabalharei tanto que em breve teremos uma vida luxuosa e você poderá comprar aquele terno que tanto lhe agradou.
Katie não conseguiu prosseguir, pois Harry a beijava. Sentiu que ela se tornava tensa e percebeu té-la excitado.
—Não quero fatigá-la, querida. Sinto-me feliz em simplesmente olhar para você. O médico comentou comigo o quanto você estava bonita.
—Todos voltarão a me aplaudir, quando eu voltar para o palco, com meus cabelos soltos!
—O médico disse que era uma cor absolutamente excepcional e que só a vira em outra garota, que mora aqui no bairro.
—Não acredito! Ela deve tingir os cabelos.
—Não é o que o médico diz.
—Vou arrancar-lhe os olhos, se seus cabelos forem mais bonitos do que os meus!
—Não se preocupe, meu amor! Não há ninguém que tenha os cabelos iguais aos seus.
—É o que aquele Duque devasso dizia! Chamava-me de “feiticeira”. Costumava enviar-me cartões, juntamente com as flores, nos quais escrevia: “À feiticeira, cujos cabelos dourados me fascinam!” E sabe o que ele me disse certa ocasião?
—O que foi/?— perguntou Harry, sem demonstrar maior interesse.
— Ele me disse: “Tive três esposas e sobrevivi a todas elas. Daria metade de minha fortuna a uma mulher que me fizesse pai, além de torná-la minha Duquesa.”
—Três esposas! Do modo como ele vivia, não merecia propagar a espécie! Já lhe ocorreu que poderia ter tido um filho dele? Se você tivesse tido uma criança, poderia ser Duquesa!
—Prefiro você, seu bobo! Você merece uma recompensa, meu Harry, por tudo o que estamos passando, e garanto que a terá, mesmo que seja a última coisa que eu tenha a fazer! Hoje é nosso dia de sorte. Quem sabe? Talvez, quando aquele demónio morrer, recebamos a notícia de que ele me contemplou em seu testamento.
Harry riu, mas subitamente tornou-se tenso e Katie sentiu seus dedos enrijecerem.
—O que foi?
—Tive uma ideia ! Dir-lhe-ei mais tarde, mas penso existir algo que nos trará a sorte de que sempre necessitamos.
—Oh, diga-me de que se trata, Harry!
—Não, preciso pensar melhor no assunto.
—Morrerei de curiosidade!
Passou pela mente de Harry que ela morreria de câncer, a menos que a ideia que tivera fosse prática.