A Dama de Negro. Barbara Cartland
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Sibele sentia-se fascinada e estudava cada vez mais, sabendo que Selene, ao contrário, ficava apenas aborrecida.
—Quero conhecer as pessoas, não só aprender sobre elas!— comentou Selene certa vez, depois de uma aula—, de que adianta saber que os húngaros são excelentes cavaleiros quando os únicos cavalos que tenho oportunidade de montar não passam de pobres pangarés?
—Isso não é verdade!— protestou Sibele—, como papai e mamãe são muito queridos, os fazendeiros são gentis conosco. O cavalo que montei anteontem era tão fogoso que tive grande dificuldade para controlá-lo.
—Quero os melhores cavalos e uma roupa de montaria cara e elegante!— concluiu Selene.
Não havia nada assim na aldeia. Na verdade, Bedfordshire era um Condado pequeno, com poucas casas grandes e largas extensões de terra destinadas à agricultura, o que lhe fizera valer o apelido de “horta da Inglaterra”.
Sibele achava que a região possuía estranha beleza e adorava o movimento lento do rio Ouse que passava no limite de seu jardim.
Era lá que na primavera encontrava cogumelos e uma infinidade de flores silvestres, e, quando os campos estavam brancos de neve, como agora, as lebres selvagens saíam correndo assim que ela aparecia.
Para Selene, entretanto, tudo aquilo não tinha a menor graça e, agora, lembrando-se de tudo isso, Sibele não se surpreendia pela irmã ter ido embora. Assim que abriu a porta do escritório, Sibele sentiu-se envolvida por um calor agradável.
—O que vou fazer agora, papai?— disse, sentando-se no tapete—, o senhor acha que sou bastante inteligente para continuar do ponto em que o senhor parou?
Quase esperou ouvir a voz grave de seu pai que, apesar de ter o inglês perfeito, ainda carregava um leve sotaque húngaro.
Quando ouviu apenas o silêncio, Sibele suspirou.
—Acho que pela primeira vez na minha vida, terei de decidir tudo sozinha, o que será difícil, já que sempre confiei em suas decisões papai.
Sabia que nunca teria coragem de fazer o que Selene fizera e acreditava que, por serem gêmeas, eram realmente o complemento uma da outra.
—A outra metade— como Beth sempre dizia.
Selene era obstinada, corajosa e tinha uma força de vontade fora do comum.
Sibele, por sua vez, sabia que era indecisa, gentil, e que morria de medo de magoar as pessoas, absolutamente incapaz de teimar, se houvesse alguma oposição ao que queria.
—Sei que eu não devia ser assim, mas que posso fazer?
Teve impressão de ouvir Beth chamá-la e se levantou do tapete. Quando chegou à porta, sem querer se virou para ver se seu pai estava confortável e aquecido na poltrona.
Ao deparar-se com o escritório vazio, sentiu uma profunda dor no coração e tentou imaginar quanto tempo levaria para apagar da memória aqueles dias maravilhosos.
Saiu do escritório e, quando já atravessava o vestíbulo para ir à cozinha, ouviu uma forte batida na porta da entrada da casa.
Não tinha a menor ideia de quem poderia ser, pois qualquer pessoa da aldeia teria entrado pela porta da cozinha.
Virou a maçaneta e, por um momento, ficou imóvel como uma pedra, achando que estava tendo uma alucinação.
Era Selene! Estava tão elegante, tão bem-vestida, com um casaco de peles e com penas de avestruz no chapéu da última moda, que Sibele ficou surpresa ao reconhecê-la de imediato! O rosto da irmã, porém, continuava exatamente igual ao seu e era inconfundível.
—Selene!
—Está surpresa por me ver?— Selene entrou no vestíbulo, quase empurrando Sibele.
—Sim, claro, mas infelizmente você chegou tarde. Papai foi enterrado ontem.
—Eu sei. Vim aqui só para ver você. Tem mais alguém na casa?
Sibele fechou a porta com esforço, pois o vento soprava muito forte.
Viu que uma elegante carruagem, puxada por dois cavalos, com um cocheiro e um lacaio na boleia, estava se afastando.
—Bá está na cozinha— informou para a irmã—, onde sua carruagem está indo?
Sentiu um medo terrível de que Selene tivesse voltado para ficar e perguntou-se se conseguiriam acomodá-la confortavelmente, e pior ainda, se teriam alguma coisa para lhe oferecer para comer.
—Mandei os criados descansarem os cavalos na estalagem— respondeu Selene—, ela ainda existe, não é?
—A The Anchor? Sim, claro que ainda existe— Sibele respirou aliviada, já que não precisariam alimentar dois homens, e acrescentou—, vá para o escritório que está quentinho, enquanto vou contar para Bá que você está aqui. O almoço deve estar quase pronto.
—Estou mesmo com fome. Tinha esquecido como você mora longe de Londres. Levei horas para chegar até aqui!,
Selene falou como se a culpa fosse de Sibele, mas nem esperou resposta e se dirigiu para junto da lareira, enquanto sua irmã corria para a cozinha.
—Bá! Bá!— gritou Sibele—, Selene voltou! Ela acabou de chegar!
Beth fitou-a com expressão incrédula.
—Bem, se ela veio para o enterro, chegou muito atrasada!— comentou em seguida.
—Selene veio me ver, Bá! Ela está com fome e teremos de almoçar na sala.
Sibele percebeu nitidamente a mudança na expressão de Beth.
Como depois de ter ficado doente seu pai quase não saía do quarto e do escritório, as duas costumavam comer juntas na cozinha, mas Sibele tinha certeza de que Selene não gostaria da ideia e talvez até fizesse um escândalo.
—Bá, pode deixar que eu arrumo a mesa— disse ela, apressada—, e pode colocar tudo numa bandeja, que virei buscar.
Beth comprimiu os lábios, mas não disse nada e, sem esperar mais, Sibele correu para a sala de jantar, que ficava ao lado da cozinha.
Era uma sala pequena, mas sua mãe a tomara muito agradável.
As cortinas não eram de tecido luxuoso, mas, antes de desbotarem, tinham um tom lindo de vermelho e combinavam com os assentos das poltronas.
Quando sua mãe ainda estava viva, havia sempre um vaso de flores no centro da mesa, tomando o ambiente ainda mais alegre e acolhedor.
Sibele pegou uma toalha limpa e estendeu-a sobre a mesa. Em seguida, colocou os pratos, os talheres e os copos.
O vaso de prata que sua mãe adorava estava sobre o bufê e ela o colocou no centro da mesa. Embora não tivesse flores naquele época do