A Dama de Negro. Barbara Cartland

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A Dama de Negro - Barbara Cartland A Eterna Colecao de Barbara Cartland

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uma olhada na cozinha e, vendo que a ama já estava colocando na travessa o coelho que exalava um aroma delicioso, correu para o escritório.

      —O almoço será servido daqui a dois minutos. Quer lavar as mãos, Selene, tirar o chapéu?

      —Não precisa me tratar com tanta cerimônia, Sibele. Sinto-me totalmente à vontade.

      Selene estava sentada na poltrona de seu pai, com as mãos estendidas para o fogo. Em seguida tirou o chapéu e Sibele pensou que ainda era muito bonita, mas não tão parecida com ela.

      De repente percebeu que não era o rosto de Selene que tinha mudado, e sim o jeito como arrumava os cabelos. Seus cílios também pareciam mais escuros e os lábios mais vermelhos.

      —As duas irmãs ficaram se observando por um longo momento. Ainda somos idênticas— disse Selene e, para surpresa de Sibele, ela parecia satisfeita.

      —Por um instante pensei que você tivesse mudado, mas foi só o penteado. Você está muito bonita, Selene.

      —Tinha certeza de que você me admiraria, mas, na minha posição, é natural que eu esteja sempre elegante e com roupas luxuosas.

      —Na sua posição?— perguntou Sibele, espantada.

      —Eu me casei. Você não sabia?

      —Não, claro que não! Como poderia saber?

      —Esqueci que papai nunca se interessou por jornais— Selene riu—, se o mundo acabasse, acho que você nem ficaria sabendo, enfiada aqui nesse lugar deprimente!

      —Eu gostaria de ter ficado sabendo do seu casamento— protestou Sibele—, você podia ter escrito contando!

      Selene não respondeu. Estava ocupada, colocando o cabelo no lugar. Quando levantou, mostrou o lindo vestido de seda azul, escondido pelo casaco de peles que usava ao chegar.

      A cintura era bem justa e o corpete moldava os seios, deixando Selene extremamente sensual e insinuante.

      —Tem alguma coisa para beber— perguntou Selene, caminhando para a porta.

      —Deve haver uma garrafa de vinho tinto que papai costumava tomar.

      —Bem, é melhor abri-la. Preciso de algo que me anime depois de uma viagem tão longa.

      —Você podia ter mandado avisar que viria— disse Sibele—, eu teria deixado tudo pronto à sua espera. Bem, mas Bá fez um coelho para o almoço e você deve lembrar que seus ensopados de coelho são sempre deliciosos!

      —Eu não esqueceria jamais!— Selene riu—, só comíamos coelho, coelho, coelho, porque era barato!

      Sibele não respondeu. Preferiu ir até a sala de jantar, procurar o vinho tinto.

      O médico achava que vinho tinto faria bem ao seu. pai e por isso receitara um copo no almoço e outro no jantar.

      Havia um restinho numa garrafa e, felizmente, uma outra fechada. Serviu o que restava da garrafa aberta e observou Selene experimentá-lo, com expressão de quem estava prestes a tomar veneno.

      —Não é tão ruim quanto eu temia— comentou Selene—, papai sempre teve bom gosto para vinhos.

      —Como você sabe?— perguntou Sibele, lembrando que Selene tinha apenas dezesseis anos quando saíra de casa.

      —Oh, eu costumava tomar uns goles nas garrafas guardadas no bufê, só para experimentar como era o vinho. Como estrangeiro, papai prefereria um bom vinho ao conhaque que quase todos os ingleses bebiam.

      —É estranho ouvir você falar “estrangeiro” desse jeito— observou Sibele—, na verdade, nunca pensei em papai assim.

      —Claro que papai era estrangeiro: era um professor húngaro! E ainda não consegui entender como mamãe foi tão louca a ponto de fugir com ele.

      Sibele conhecia muito bem aquela ladainha e não ficou surpresa quando Selene continuou:

      —Se você visse a mansão do nosso avô! É enorme e simplesmente magnífica! A minha é de estilo totalmente diferente, mas é ainda maior!

      —Você não quer me dizer seu sobrenome e com quem se casou?

      —Meu marido é o Conde de Linboume— a satisfação na voz de Selene era clara como um dia de sol intenso, e não conseguindo deixar de ser snob, continuou—, sou uma Condessa e adoro cada momento de minha vida! Veja só, Sibele, tenho a posição que sempre quis ter, os vestidos com que sempre sonhei, carruagens luxuosas, cavalos puros sangues e frequento tantos bailes, que já estou até ficando cansada deles!

      Selene falâva como uma criança invejosa querendo superar outra.

      —Fico muito feliz por você, Selene…— replicou Sibele com tranquilidade—, papai sempre dizia que se desejamos muito que alguma coisa aconteça, ela acaba acontecendo!

      —Se papai pensava assim, devia ter desejado que tivéssemos mais dinheiro! E mamãe poderia não ter morrido, se não tivesse passado tanto frio nesta casa horrorosa e ficado fraca porque não podíamos nos dar ao luxo de ter uma boa alimentação.

      Sibele deu um grito.

      —Selene, isso não é verdade! Está certo que não podíamos ter tudo o que queríamos, mas sempre tivemos o suficiente para comer bem.

      —Você acha mesmo?

      —Claro que precisávamos de ter certos cuidados com o dinheiro, mas tivemos praticamente tudo o que queríamos.

      —Pode ser que você tenha tido, mas eu odiava ter que ficar contando cada centavo e ter de me satisfazer com coisas de terceira categoria!

      —Mas agora você tem tudo o que quer— disse Sibele, não suportando mais ouvir a irmã falar daquele jeito da casa e do passado.

      —Tudo!— concordou Selene.

      —Está casada há quanto tempo?

      —Há mais de um ano. Casei quando estava com dezessete anos e oito meses. O Conde se apaixonou por mim no instante em que me viu.

      —E como ele é? Alto e bonito?

      Houve um breve silêncio antes de Selene responder:

      —Ele é mais velho do que eu… e eu o admiro e respeito muito. É viúvo, mas não tem herdeiro para o título.

      —E você vai ter um filho?

      —Ainda não, graças à Deus— disse Selene, meneando a cabeça—, quero aproveitar bem minha vida primeiro. É o que mereço, depois de ter vivido neste lugar durante tantos anos.

      Sibele prendeu a respiração, mas resolveu deixar passar aquele comentário maldoso.

      —Como nossos avós a receberam quando chegou?— preferiu perguntar—, faz três anos que morro de curiosidade!

      —Foram muito gentis. Contei

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