Caçador Zero. Джек Марс
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Ele entregou o envelope quando o trabalhador retirou o capacete.
Meu Deus. Ela sabia muito bem o que estava no envelope. Este homem estava sendo pago para manter suas tripulações longe, para manter a área da doca limpa.
A raiva e o desamparo aumentaram em medidas equivalentes. Ela queria gritar com ele - por favor, espere, ajude-nos - mas então seu olhar encontrou o dele, por apenas um segundo, e ela sabia que não adiantava.
Não havia remorso em seus olhos. Sem bondade. Sem simpatia. Nenhum som escapou da garganta dela.
Tão rapidamente quanto ele apareceu, o homem recuou para as sombras.
— Foi um prazer fazer negócios com vocês — ele murmurou enquanto desaparecia.
Isso não pode estar acontecendo. Ela se sentiu entorpecida. Nunca em toda a sua vida ela conheceu alguém que ficava de braços cruzados enquanto crianças estavam claramente em perigo - e aceitasse dinheiro para não fazer nada.
O homem rechonchudo latiu alguma coisa em sua língua estrangeira e fez um gesto vago para as mãos delas. Rais disse algo em resposta que soou como um argumento sucinto, mas o outro homem insistiu.
O assassino pareceu aborrecido enquanto pescava no bolso e tirou uma pequena chave prateada. Ele agarrou a corrente das algemas, forçando ambos os pulsos para cima.
— Vou tirar isso de vocês — disse ele. — Então nós vamos entrar no barco. Se você quiser voltar viva para a terra firme, ficará em silêncio. Você fará como eu disser.
Ele empurrou a chave na algema em volta do pulso de Maya e a abriu.
— E nem pense em pular na água. Nenhum de nós irá atrás de vocês. Nós vamos assistir vocês congelarem até a morte e se afogarem. Levaria apenas alguns minutos. — Ele destravou a algema de Sara, e ela instintivamente esfregou o pulso dolorido e avermelhado.
Agora. Faça agora. Você tem que fazer alguma coisa agora. O cérebro de Maya gritou, mas ela não conseguia se mexer.
O estrangeiro da jaqueta de couro preta deu um passo à frente e segurou seu braço com força. O súbito contato físico quebrou sua paralisia, fazendo-a entrar em ação. Ela nem sequer pensou nisso.
Um pé se levantou, com toda a força que conseguiu, e acertou a virilha de Rais.
Quando isso aconteceu, uma lembrança cruzou sua visão. Levou apenas um instante, embora parecesse muito mais demorado, como se tudo tivesse desacelerado ao seu redor.
Logo depois que os terroristas da Amun tentaram sequestrá-la em Nova Jersey, seu pai a puxou de lado um dia. Ele tinha que se ater à sua história para encobrir o acontecido - eles eram membros de gangues raptando garotas jovens na região, como parte de uma iniciação - mas ainda assim ele disse a ela: Eu não estarei sempre por perto. Nem sempre haverá alguém para ajudar.
Maya jogou futebol por anos; ela tinha um chute poderoso e bem colocado. Um silvo de respiração escapou de Rais quando ele se curvou, as duas mãos voando impulsivamente para sua virilha.
Se alguém te atacar, especialmente um homem, é porque ele é maior. Mais forte. Ele vai superar você. E por causa disso tudo, ele acha que pode fazer o que quiser. Que você não vai ter nenhuma chance contra ele.
Ela empurrou o braço esquerdo para baixo, rápida e violentamente, e se soltou do homem de jaqueta de couro. Então ela se lançou para frente, na direção dele e o desequilibrou.
Você não luta justo. Você faz o que precisa fazer. Virilha. Nariz. Olhos. Você morde. Você se agita. Você grita. Eles já não estão lutando justo. Você também não.
Maya torceu o corpo para trás e, ao mesmo tempo, balançou um braço fino em um arco amplo. Rais estava encurvado; o rosto dele estava na altura de seus olhos. Seu punho bateu no lado do nariz dele.
A dor imediatamente se espalhou através de sua mão, começando pelas juntas e irradiando pelo comprimento do braço, até o cotovelo. Ela gritou e agarrou a mão. Mesmo assim, Rais sentiu o golpe com força, quase caindo no cais.
Um braço serpenteou ao redor de sua cintura e a puxou para trás. Seus pés deixaram o chão, chutando o nada enquanto ela debatia os dois braços. Ela nem percebeu que estava gritando até que uma mão grossa apertou o nariz e a boca, cortando o som e a respiração.
Contudo, ela a viu - uma figura pequena ficando menor. Sara correu, seguiu de volta pelo caminho que tinham vindo, desaparecendo na escuridão das pilhas de carga.
Eu consegui. Ela fugiu. Ela está longe. Qualquer que fosse o destino que a esperava, Maya, agora, não se importava. Não pare de correr, Sara. Continue, encontre alguém, encontre ajuda.
Outra figura avançou como uma flecha - Rais. Ele correu atrás de Sara, também desaparecendo nas sombras. Ele era rápido, muito mais rápido que Sara, e parecia ter se recuperado rapidamente dos golpes de Maya.
Ele não vai a encontrar. Não no escuro.
Ela não conseguia respirar com a mão segurando seu rosto. Ela apertou aquela mão com as unhas até que os dedos deslizaram para baixo, apenas um pouco, mas o suficiente para que ela puxasse o ar pelo nariz. O homem rechonchudo a segurou rápido, um braço ao redor de sua cintura e os pés dela ainda não tocavam o chão. Mas ela não lutou contra ele; ela ficou quieta e esperou.
Por vários momentos a doca ficou quieta. O barulho das máquinas no outro lado do porto ecoou na noite, provavelmente abafando qualquer chance de os gritos de Maya terem sido ouvidos. Ela e os dois homens esperaram que Rais retornasse - ela rezando, desesperadamente, para que ele voltasse de mãos vazias.
Um grito curto quebrou o silêncio, e os membros de Maya amoleceram.
Rais emergiu da escuridão novamente. Ele tinha Sara debaixo de um braço, do jeito que alguém poderia carregar uma prancha de surfe, com a outra mão apertada sobre a boca dela para calar a garota. Seu rosto estava vermelho e ela estava soluçando, embora seus gritos fossem abafados.
Não Maya falhou. Seu ataque não tinha feito nada, muito menos colocar Sara em segurança.
Rais parou alguns metros na frente de Maya, olhando-a com pura fúria em seus brilhantes olhos verde. Um fino filete de sangue corria da narina onde ela o atingiu.
— Eu te disse — ele sibilou. — Eu te disse o que aconteceria se você tentasse fazer alguma coisa. Agora você vai assistir.
Maya agitou-se novamente, tentando gritar, mas o homem a segurou com força.
Rais disse algo duramente na língua estrangeira para o homem da jaqueta de couro. Ele correu e pegou Sara, segurando-a parada e mantendo-a em silêncio.
O assassino desembainhou uma faca grande, a que ele usara para matar o Sr. Thompson e a mulher no banheiro da parada de descanso. Ele forçou o braço de Sara para o lado e segurou-o com firmeza.
Não! Por favor, não a machuque. Não. Não… Ela tentou formar palavras, gritar aquelas palavras, porém, elas saíram apenas como gritos estridentes e abafados.